O passado à margem da Avenida Brasil não aproximou no asfalto os treinadores Oswaldo de Oliveira, de 64 anos, nascido em Realengo, e Jorginho, de 51, cria de Guadalupe. Foi mesmo no gramado que os dois tiveram seus destinos cruzados e entrelaçados numa amizade que nem mesmo a rivalidade de um Flamengo e Vasco poderá destruir.
Hoje no Rubro-negro, Oswaldo foi treinador do ex-lateral-direito entre 2000 e 2002, no Vasco e no Fluminense. Foi também espelho para o futuro quando Jorginho tomou a difícil decisão de pendurar as chuteiras.
- O Oswaldo, além de grande mestre naquilo em que estou trabalhando há dez anos, é um dos caras de quem eu trouxe muita coisa para minha vida: sua liderança, profissionalismo e busca incessante pelo conhecimento - diz o tetracampeão, atual comandante do Vasco.
O mestre devolve os elogios ao adversário de hoje:
- Jorginho foi um jogador que sempre me ajudou muito. E era um atleta exemplar - lembra Oswaldo.
A química rendeu momentos inesquecíveis. O principal, em 2000, na campanha do título brasileiro do Vasco, sob a batuta de Oswaldo:
- Foi um dos melhores momentos da minha vida profissional - destaca Jorginho. - Inclusive, sem contusão nenhuma. Estava com 35 anos, num momento muito bom. Com a liderança do Oswaldo, nossa equipe foi subindo de produção no Brasileiro. Esse período foi de muito aprendizado.
Em 2002, ao indicar Jorginho para o Fluminense, Oswaldo recebeu o troco na sua saída das Laranjeiras, com uma das maiores demonstrações de amizade de toda a vida profissional. O então presidente David Fischel demitiu-o, mas, para escapar da multa, quis enquadrá-lo covardemente num abandono de emprego. Jorginho saiu pela mesma porta.
- Oswaldo foi para o Fluminense e me levou. Quando ele foi mandado embora, terminei minha carreira ali, no Fluminense. Pedi que cancelassem meu contrato e comecei a pensar em ser treinador - narra o ex-lateral.
Jogador do Kashima Antlers, do Japão, nos anos 90, Jorginho deu força, em 2007, à contratação de Oswaldo pelo clube asiático, que tinha na sua lista também os nomes de Muricy Ramalho e Abel Braga. Muitos títulos depois, a retribuição: ao decidir deixar o Kashima, em 2011, Oswaldo indicou Jorginho para substituí-lo.
Neste domingo, a viagem da dupla que em tempos distintos atravessou a Avenida Brasil e o mundo será no Maracanã. O Flamengo tenta acelerar rumo ao G-4. O Vasco briga para sair do atoleiro. Alguém vai derrapar.
- A amizade volta na segunda-feira - diz Oswaldo. - Nossa relação sempre foi muito cordial. E Jorginho tem feito um grande trabalho. Desejo muita sorte a ele, mas não nesse jogo de domingo (risos).
Fonte: Extra Online