Entre uma rodada e outra do Brasileiro e da Copa do Brasil, o Maracanã virou campo de pelada. Mesmo com o gramado castigado, e em semana com jogos importantes e consecutivos do Fluminense, inclusive o de hoje, contra o Goiás — além do clássico de amanhã entre Vasco e Flamengo —, o estádio abriu as portas, na última segunda-feira, para um evento do Rock in Rio, mas não era um show de bola nem de música. Nos últimos trinta dias, a empresa responsável pela manutenção do gramado contou 22 eventos, entre jogos oficiais ou não, que ajudaram a degradar a grama.
O ponto mais castigado é o da área do gol localizado no setor norte, onde bate pouco sol. Em fotos divulgadas nas redes sociais pelos participantes da pelada, é possível constatar até uma disputa de pênaltis ali. Um “jogador” escreveu comentários nos quais agradecia ao Maracanã pela oportunidade de castigar o goleiro em cada cobrança. E, de tabela, o já combalido gramado.
— O gramado piorou após o aumento de jogos, inclusive os que não são oficiais. Foram 22 partidas em 30 dias. No Camp Nou, do Barcelona, foram 26 jogos durante todo o ano de 2014 — disse Flávio Piquet, sócio da Greenleaf, responsável pela manutenção do gramado.
A assessoria de imprensa do Consórcio Maracanã contesta a informação da Greenleaf e diz que o gramado recebeu 13 eventos nos últimos trinta dias.
Apesar de lamentar o estado do seu ganha-pão, Piquet entende que a Concessionária Maracanã precisa criar alternativas para captar recursos que não sejam os jogos oficiais dos clubes do Rio. Mas, desde o momento em que o Vasco passou a mandar seus jogos no Maracanã, e como Flamengo e Fluminense jogam sempre lá, a não ser quando vendem seus mandos de campo, ficou difícil garantir a qualidade, mais prejudicada com as peladas.
— Fazemos a manutenção de mais de 20 arenas. E entendemos a necessidade de aluguel dos campos. Mas são muitos jogos — disse Piquet.
Cinco partidas até trocar
O gramado já tinha uma troca programada para a próxima segunda-feira que acabou adiada para o início de outubro, a partir do dia 5, quando o estádio ficará sem jogos por nove dias. Até lá, mais cinco partidas dos grandes do Rio estão programadas. Ao invés de poupar para os times parceiros, com os quais divide lucros e prejuízos, a concessionária concede o espaço nobre.
Em nota, a Concessionária Maracanã confirmou a realização do evento do Rock in Rio e garantiu que a grama “sofreu com as altas temperatura do inverno”. Assegurou que, “pelo contrato de concessão, não há restrições para este uso”. A nota lista eventos no campo, como Jogo das Estrelas, Fundação Gol de Letra, final do Brasileiro sub-20, Copa Acerj, e preliminares. E adiantou que estão programados mais partidas extraoficiais, como o #Maracatricolor e outro para donos de camarotes. E que está disponível para “eventos corporativos que envolvam uso do gramado”.
Responsável pela tutela do estado sobre os regulamentos e sanções passíveis à concessionária, a Superintendência de Desportos do Estado do Rio, a Suderj, informou que não há nada ilegal no aluguel do campo para eventos paralelos.
Fonte: O Globo Online