No futebol, sempre que um time tem pela frente um recente ex-jogador, ele vira uma espécie de informante para o seu novo clube. Com ex-técnico, a diferença pode ser ainda maior com toda gama de informações, desde as características a pontos fracos e fortes da ex-equipe, que o antigo treinador tem a seu favor. O reencontro entre Vasco e Doriva não segue exatamente este script. A escalação de Jorginho - terceiro treinador carioca no ano - para a partida desta quarta-feira, às 19h30 (de Brasília), contra a Ponte Preta no Moisés Lucarelli, tem só metade da base do time que foi campeão estadual com Doriva.
Também pudera. Com a chegada de Bruno Teles, são 32 contratações na temporada. O setor de ataque, por exemplo, chegou a São Januário depois da saída do treinador - Herrera e Leandrão, que vai fazer apenas seu segundo jogo pelo Vasco. Permanece praticamente intacta apenas a defesa, que terminou o estadual como a terceira melhor, com 14 gols sofridos em 19 jogos, mas agora é a pior do Campeonato Brasileiro, tendo sido vazada 43 vezes em 23 compromissos. O único desfalque é Martín Silva, que volta da seleção uruguaia para o próximo jogo do Vasco no Brasileiro. Jordi é o titular nesta quarta. Veja abaixo as diferentes escalações.
A base do time de Doriva no Carioca era composta por Martín Silva, Madson, Luan, Rodrigo e Christiano; Guiñazu, Serginho, Julio dos Santos e Marcinho; Dagoberto e Gilberto, tendo ainda Rafael Silva como uma espécie de 12º jogador. Mas no Brasileiro a formação não engrenou, e o técnico, depois Celso Roth, em 11 jogos, testou variações de peças e esquema, como por exemplo promovendo Rafael Silva e jogando com três atacantes. Nas últimas das oito partidas em que dirigiu a equipe na competição, os recém-contratados na época Riascos e Emanuel Biancucchi chegaram a ser titulares.
Jorginho, por sua vez, está há apenas seis jogos no comando do Vasco, sendo dois pela Copa do Brasil, e vinha utilizando a mesma escalação de Doriva dos volantes para trás. No Brasileiro, Jorginho soma quatro derrotas - Doriva empatou três e perdeu também quatro. Nas últimas rodadas o novo treinador sacou Guiñazu por opção e colocou Diguinho, no meio. Com um estiramento na coxa esquerda, Serginho também não deve jogar, abrindo espaço para Seymour ou Bruno Gallo - este que ainda sequer estreou pelo clube. Já o setor ofensivo será formado por jogadores que chegaram depois da saída do ex-treinador: Nenê, Herrera e Leandrão.
Apesar das muitas variações em relação ao time que foi comandado por Doriva, Jorginho - que passou pela Ponte Preta na reta final de 2013 - acredita que será um duelo bastante estudado pela quantidade de informações que os dois têm de seus adversários.
- É um treinador que eles (jogadores) conhecem a forma de jogar. Mas ele também conhece os jogadores que eram seus há pouco tempo. Um jogo em que as duas equipes vão se conhecer muito bem. Houve algumas trocas, mas ele participou de grande parte deles - alegou.
Doriva ainda tem uma relação próxima com pessoas do Vasco, principalmente porque seu filho Diego seguiu em São Januário mesmo após a saída do treinador - o jovem de 18 anos está integrado ao time sub-20 cruz-maltino e tem contrato até março de 2017. Em entrevista coletiva na última terça, o comandante da Macaca admitiu o sentimento especial ao rever o ex-clube, mas negou qualquer influência em campo e espera tirar proveito do desespero do rival.
- Tenho muitos amigos no Vasco. Foi um período curto, mas proveitoso. É bacana entrar na história do clube com título. Mas sou totalmente profissional e hoje defendo as cores da Ponte com todo o empenho. A situação do Vasco é mais desesperadora que a nossa. Vamos buscar a vitória, mas com os cuidados que temos de ter. O adversário tem jogadores importantes. Respeitamos, mas, jogando em casa, precisamos do resultado. É uma partida fundamental.
Sem vencer há nove partidas no Brasileirão, o Vasco segue em último lugar com apenas 13 pontos em 23 jogos. A distância para o Coritiba, primeiro clube fora do Z-4, é de 13 pontos.
Fonte: GloboEsporte.com