A agressão ao zagueiro Rodrigo não ficará barata. Além de o Vasco, através de nota oficial, garantir que o departamento jurídico do clube trabalha na identificação dos torcedores para registrar ocorrência policial, o juiz Marcelo Rubioli, coordenador do Juizado Especial do Torcedor do Tribunal de Justiça do Estado do Rio (TJRJ), mandou informações sobre o episódio de violência ao Ministério Público Estadual para que os vândalos sejam identificados e que seja imputado a eles os crimes de associação criminosa e violência no esporte.
Os dois crimes preveem prisão. O primeiro, de um a três anos. Caso seja comprovada a participação de menores de idade no ato, a pena cresce em mais um terço. Já o de violência no esporte é passível de retenção de um a dois anos. O material com as imagens da agressão na porta do hotel onde a delegação se concentra, na Lapa, bairro do centro do Rio; já foi enviado para o promotor Marcos Kac, do Juizado do Torcedor, que entrará com a denúncia.
— As pessoas vão no clube e tentam invadir. Não têm êxito e aí agridem os rapazes que estão trabalhando. Isso não pode acontecer no esporte — afirmou Rubioli.
A sensação de impunidade pairou na última sexta-feira. Os torcedores foram a São Januário negociar com funcionários do clube a entrada na sede. Ao sentir que não seriam atendidos, tentaram invadir o clube. A confusão aumentou quando, segundo eles, um segurança disparou um tiro para o alto. Os vândalos, então, deixaram o clube e se dirigiram à concentração, onde agrediram Rodrigo com um tapa na nuca.
Após o repúdio do Vasco, uma das facções da principal organizada do clube assumiu, também em forma de nota, a autoria da agressão. O comunicado critica o presidente Eurico Miranda e justifica a violência. Segundo o grupo, o zagueiro debochou dos torcedores nos últimos encontros.
Confira a íntegra da nota oficial do Vasco:
"O Club de Regatas Vasco da Gama repudia de forma enérgica os atos de violência da última sexta-feira (04/09) patrocinados pelas duas facções que lutam pelo controle da torcida Força Jovem, banida dos estádios por ordem da Justiça.
A tentativa de invasão de São Januário, onde se encontravam atletas profissionais e amadores de diversas categorias, crianças das escolinhas e sócios foi contida para que não se colocasse em risco a integridade física de todos. Os agressores, quase todos já identificados, pertenciam a uma das facções da Força Jovem.
Já no cerco ao ônibus do clube, na chegada à concentração, no centro do Rio, estavam presentes os membros de outra facção da banida torcida, que agiu com igual violência culminando com a agressão ao jogador Rodrigo. Também neste caso estão identificados os agressores.
É preciso que fique esclarecido que ali não estava a torcida do Vasco. Os verdadeiros torcedores estão envergonhados e chateados com a campanha no futebol e isso é reconhecido pela própria Diretoria. Ali, no entanto, estavam membros de uma organização banida dos estádios e que utilizam quaisquer meios para o controle da facção.
O Club de Regatas Vasco da Gama está tomando todas as providências legais sobre os dois casos para que as condições de civilidade prevaleçam sobre a barbárie e o crime. O Vasco reafirma que defenderá seus atletas, suas crianças e seu patrimônio"
Confira também a nota de uma das facções da organizada do Vasco:
"O Movimento de Oposição do G. R. T. O. Força Jovem, intitulado "TUDO MUDOU", vem através de sua liderança, expor formalmente nesta nota, repudio à nota oficial lançada pelo C. R. Vasco da Gama. Tal nota oficial do Clube intitula o G. R. T. O. Força Jovem como uma facção criminosa, alegando que não somos verdadeiros torcedores.
Gostaríamos de lembrar a diretoria administrativa do Clube que nós, desde 1987, somos a maior voz de apoio e incentivo ao C. R. Vasco da Gama nas arquibancadas do Brasil, nós somos a instituição que mais doou sangue e suor pelo C. R. Vasco da Gama desde 1970. Desta forma não aceitaremos calados a situação caótica que o Departamento de Futebol do Clube se encontra, muito menos notas oficiais denegrindo o maior patrimônio do C. R. Vasco da Gama, sua torcida, em específico a maior e principal organizada.
Alegamos que a leve agressão ao jogador Rodrigo foi um ato isolado de um integrante, cujo teve completa razão em sua atitude, devido as risadas e "deboche" do zagueiro com os integrantes da organizada em frente ao Hotel Vila Galé, no bairro da Lapa, Rio de Janeiro. Não é a primeira vez que Rodrigo tira torcedores como palhaços. Após a derrota contra o Grêmio de Porto Alegre, o jogador saiu da sala de desembarque do Aeroporto Internacional do Galeão, na Ilha do Governador, debochando e rindo dos torcedores que se manifestavam pacificamente.
Enquanto o Presidente Eurico Miranda continuar relevando indisciplinas e deboches de seus jogadores e funcionários contra sócios e torcedores, repressões continuarão a serem tomadas pela instituição que sempre teve como ideologia a defesa, respeito e proteção, não somente ao Clube, mas também com todos seus torcedores espalhados pelo mundo.
Não tememos nenhuma ação judicial movida pelo Presidente e acreditamos que o mesmo que deve nos temer, não pela violência, mas sim caso nos queira colocar a disposição da justiça para esclarecermos todas os seus acordos, promessas e atitudes com sócios e integrantes organizados desde o período eleitoral do C. R. Vasco da Gama.
O G. R. T. O. Força Jovem se encontra suspensa das arquibancadas por um período de mais alguns meses, mas não se encontra extinta. Não somos um empresa, não somos um CNPJ. Somos ideologia, somos torcida!"
Fonte: Extra Online