A arbitragem de Elmo Alves Resende Cunha foi um dos assuntos da entrevista coletiva de Jorginho após a derrota do Vasco por 2 a 1 para o Atlético-MG, na noite deste sábado, no Maracanã. O técnico reclamou de falta em Jorge Henrique no início da jogada do gol de Dátolo, o segundo do adversário. Mas nem tudo foram lamentos. O comandante elogiou a atuação da equipe, observou evolução em relação à goleada sofrida para o Internacional na rodada passada e comemorou o fim do jejum de gols da equipe - foram 725 minutos, não contando os acréscimos dos jogos, sem balançar as redes pelo Campeonato Brasileiro.
- Fazer gol é sempre bom, ainda mais nessas circunstâncias do jogo. Trouxe a esperança do jogo. Acredito que a equipe melhorou bastante do jogo contra o Inter. Tivemos algumas chances, a equipe enfrentou um grande adversário. Tivemos a infelicidade de sofrer o segundo gol, determinante para o resultado. Na hora você fica nervoso, me pareceu falta no Jorge Henrique. Árbitros são passíveis de erros. Tem sido contra a gente... E como temos precisado que errem também a favor. Mas temos que esquecer a arbitragem. Sei que não é fácil, o erro hoje foi determinante. Mas aconteceu, são seres humanos. Só espero que não aconteça tantos erros assim - afirmou.
O Vasco amargou sua 16ª derrota no campeonato, a sexta seguida, e segue com alto risco de rebaixamento. Antes de a rodada começar, o time já tinha 99% de chances de cair para a Série B em 2016, segundo cálculos do matemático Tristão Garcia. Jorginho, porém, nega-se a jogar a toalha e prometeu brigar enquanto houver possibilidade.
- Só penso no Vasco. Ainda bem que sou muito determinado. Mas tenho tempo para minha esposa também. É um dos maiores desafios da minha vida. E não vamos nos entregar. Sei que a cada jogo as chances diminuem. Mas ainda estamos vivos e respirando. Mesmo diante de uma derrota vi coisas boas. O retorno do Diguinho, o Lucas foi bem. Infelizmente perdemos o Rafael (Silva). É momento, eu como comandante, de ter a tranquilidade necessária. Às vezes ficamos nervosos, mas logo em seguida procuro ter a calma e o equilíbrio.
Sem vencer há nove partidas no Brasileirão, o Vasco segue em último lugar com apenas 13 pontos em 23 jogos. A distância para o Goiás, primeiro clube fora do Z-4, é de 12 pontos, mas ainda pode aumentar no complemento da rodada. O Cruz-Maltino volta a campo na quarta-feira, quando visita a Ponte Preta, às 19h30 (de Brasília), no Moisés Lucarelli, em Campinas (SP).
Confira a entrevista de Jorginho:
Leandrão
Aproveitamos pouco o potencial do Leandrão. Ele fez o que estava dentro de seus limites, tentou de bicicleta e por pouco não conseguimos um ponto que seria um alento para o dia de hoje.
Apito final
Em princípio é um desânimo, tristeza muito grande. Dói muito uma situação como essa. A gente não sai de casa, não tem uma vida social, não se sente nem bem. É ter o abraço da família quando chego em casa. Revigora. Tenho fé, busco na Bíblia a palavra de Deus. Homens que superaram limites, ressuscitaram. Jamais vou desistir.
Lesionados
Bem provável que o Madson volte, pelo que vi do treino dele. Deve estar à disposição na segunda. Em princípio o Serginho também volta. Serginho não tinha condições de jogar. Já o Guiñazu foi uma opção minha. Ele tinha o risco de agravar o problema na mão, mas antes disso foi uma opção minha. Lucas e Diguinho me agradaram muito pelo toque de bola.
Organização
A parte tática sempre precisa estar organizada. Se erra isso, o psicológico é afetado. Você cansa mais, corre errado. Temos que manter sempre a mesma postura. Acho que isso foi um ponto positivo. Todo tempo que tenho é para mostrar posicionamento, com vídeos e no treino bem pausado. Estamos sempre trazendo à mente deles que são capazes, que é possível ficar na Série A. Matematicamente temos condições.
Suspensos
São jogadores importantes, não gostaria de forma alguma de perder esses jogadores. Conto sempre com eles, é uma perda muito grande. É um momento de superação. A gente vê o jogador diferenciado nesse momento. É o desafio que vamos enfrentar. O torcedor se comportou muito bem em todos os momentos. Uma vaia ou outra, mais do que o normal. Quem veio foi parceiro. É por essas pessoas que queremos jogar e trazer alegria. A tristeza que eles sentem como torcedor, nós sentimos como treinador e jogador. Os atletas não saem de casa, não tem prazer de ir na rua. Se sentem envergonhados com as derrotas. É a nossa vida. A gente tem dado o melhor dentro das nossas limitações. Tentamos fazer algo com paixão.
Diguinho esteve no Flu 2009
Com certeza isso ajuda. Por sua qualidade como atleta, um volante que sabe joga. Tem pegada forte, precisa ser macho como ele é. A experiência dele pode agregar muito nos momentos decisivos.
Agressão a Rodrigo
Não é algo normal. Imagine se todos os profissionais em suas áreas, quando tiver um dia infeliz ou algumas derrotas, for agredido? É anormal em qualquer lugar. A gente lamenta muito. Sei que a diretoria está tomando as providências necessárias e o sindicato dos atletas do Rio também. Os que lá estavam prometeram não agredir e não jogar os ovos. Um dos mais exaltados cumpriu a promessa. Mas infelizmente aquele rapaz agrediu o Rodrigo. Isso não pode se repetir de forma alguma. A gente vive em uma cidade tão violenta. As pessoas se esqueceram de Deus, do amor ao próximo. Por isso vivemos essa violência. Temos que tentar ajudar as pessoas. Essa violência não vai contribuir para nada. Imagina se o Rodrigo revida? Seria uma violência generalizada. É o momento de darmos um basta nisso. Estão tirando o ensino religioso das escolas, aluno agredindo professor.
Doriva / Ponte Preta
A equipe mudou muito da minha época. Entre os titulares acho que só tem o Fernando Bob. Doriva é amigo, fez um trabalho maravilhoso aqui. Mas a gente vê que nem todas as mudanças dão certo. Estou passando pela mesma dificuldade. É uma equipe que tem feito bom trabalho. Temos que ter cuidado.
Jogo em São Januário
Não tenha dúvida de que a diretoria está atenta. Não sei se dá tempo para uma mudança. No Maracanã seria mais seguro. É um pedido que fica. Tem muita gente exaltada, com ódio no coração. A violência gera violência. Tem que ter um planejamento bem feito pelos policiais.
Fonte: GloboEsporte.com