Sem gols na última rodada do Brasileiro, os clubes cariocas têm tido dificuldade em balançar a rede. Entre os oito estados representados na Série A, os times do Rio, com 0,86 gols por jogo, só não têm média pior do que os catarinenses (0,85) e o Goiás (0,76). Em campo, montagem do elenco e formação tática ajudam a explicar o motivo de Fluminense, Flamengo e Vasco, cada um em sua realidade, estarem devendo.
— Todos têm como prioridade contratar volantes. É Guiñazú, Serginho, Jonas, Márcio Araújo, Canteros, Pierre, Edson... — critica Paulo Cezar Caju. — É assim que pensa quem monta os times no Brasil. E acabou, o Rio não é mais referência.
Com 20 gols e na quarta posição, o Fluminense é quem menos marcou entre os oito primeiros colocados. São 12 a menos do que o líder, Atlético-MG. No escalão intermediário, chama a atenção o saldo negativo de seis gols do Flamengo. O rubro-negro marcou apenas 16 vezes em 17 partidas. Só não é pior do que o Vasco, que tem o ataque menos inspirado de toda a Série A, e faz menos de um gol a cada duas partidas.
— Um clube grande como o Vasco só trouxe contratações de impacto que vieram a custo zero, dispensados de outros times. Dagoberto e Riascos, emprestados pelo Cruzeiro, Herrera e Andrezinho... São jogadores que, se estivessem bem, não sairiam de seus clubes — avalia o ex-jogador Roger, comentarista do Sportv.
KAYKE CHEGA E TREINA NO FLA
O jornalista Leonardo Miranda, do blog Painel Tático, no site Globoesporte.com, também critica a montagem do elenco. Ele lembra que, no Carioca, o time fazia muitos gols de bola parada e já mostrava carências no setor ofensivo.
— Roth não tem um atacante finalizador desde a saída do Gilberto. Com Dagoberto na frente, o Vasco tem um 4-1-4-1. Mas Herrera e Riascos sempre foram jogadores que perdem muito gols — lembra.
Vice-lanterna, o clube contratou. Jorge Henrique depende da rescisão com o Internacional para assinar com o Vasco. Nenê chegou e deve estrear no sábado. A expectativa de Roth, que pode ser demitido em caso de derrota amanhã, contra o Santos, é de melhora no aproveitamento.
— Não vejo o Nenê como solução para homem-gol — desconfia Roger. — Mas pode ser peça fundamental neste caminho. Ele pode dar bons passes e até finaliza bem.
Já Miranda é mais otimista. Ele acha que, com maior movimentação no setor, mais espaços serão criados para finalizações:
— Acho possível (sucesso de Nenê). O Vasco não precisa necessariamente de um centroavante.
Fluminense e Flamengo têm centroavantes. O problema é que, por problema físicos, Fred nem sempre está disponível, e Guerrero desfalcará o time quando for servir a seleção peruana. Amanhã, contra o Atlético-PR, no Maracanã, o camisa 9 rubro-negro cumprirá suspensão.
— Temos dois grandes centroavantes no Rio, Fred e Guerrero. O Fluminense não tem substituto à altura para o Fred. A contratação do Magno Alves ainda não funcionou, ele não conseguiu fazer um grande jogo. Agora, o time trouxe o Wellington Paulista — cita Roger. — No Flamengo, o ataque sem Guerrero tem poucas opções de finalização. Há mais jogadores de lado de campo.
Para ser reserva de Guerrero, o atacante Kayke, de 27 anos, ex-ABC e promovido pela base rubro-negra, fez seu primeiro treino ontem. Ele não estará apto a entrar em campo amanhã, mas Ederson poderá fazer sua primeira partida.
— O Ederson não é exatamente camisa 10, mas é muito móvel, finaliza bem e tem bom passe. Quando estiver em forma, o Flamengo pode ter um 4-2-3-1 com três jogadores se movimentando atrás do Guerrero — prevê Miranda.
FRED E OSVALDO EM PORTO ALEGRE
Ele fica mais animado mesmo ao falar do Fluminense, que, quarta-feira, contra o Internacional, em Porto Alegre, pode ter a volta de Fred e Osvaldo, que treinaram na segunda-feira.
— A solução é o sistema usado desde o início do ano. O Ronaldinho entra como meia centralizado na linha de três (em um 4-2-3-1), mesma função que fazia no Atlético-MG — acredita. — É um time que promete ter bons lances e fazer mais gols.
Fonte: O Globo Online
