Meses depois de um título estadual que não vinha desde 2003, o Vasco vive dias complicados na luta para espantar mais um rebaixamento em sua história. O clima no clube, nos bastidores, esquenta mais com a sequência de resultados ruins no início do Campeonato Brasileiro. Nessa sexta-feira, no último treino antes da viagem a Porto Alegre, o grupo de jogadores e o departamento de futebol tiveram duas reuniões para conversar com a direção do clube.
Primeiro, antes do treino, Eurico Brandão, o filho do presidente, se reuniu exclusivamente com os jogadores no vestiário. A conversa de uma hora não teve a presença de nenhum membro da comissão técnica a pedido de Euriquinho. Marcada para as 9h, as atividades no campo começaram com atraso. A reunião improvisada causou desconforto em membros da comissão técnica vascaína e na direção do departamento de futebol. O tom da reunião foi de cobrança. Euriquinho lembrou que os salários estão em dia e disse que gostaria de ver mais cobrança entre os jogadores para o time sair desta situação.
Mais tarde, foi a vez de o presidente Eurico Miranda se encontrar com os jogadores - desta vez, com todo o departamento de futebol na conversa, esta de duração curta. É costume de Eurico fazer reuniões com o elenco quando a fase não anda boa. Foi assim no início do ano, após as duas derrotas nos amistosos em Manaus e depois em sequência ruim no Campeonato Carioca.
Há nove rodadas na zona de rebaixamento, o Vasco vê as rusgas dentro do seu departamento de futebol crescerem nos últimos tempos. Outra reunião, esta com o gerente de futebol Paulo Angioni, foi realizada na semana passada. O dirigente, que dividiu a montagem do time campeão carioca com Euriquinho, com quem tem relacionamento frio, questionou vazamento de informações internas do futebol do clube e cobrou funcionários e jogadores, promovendo uma "caça às bruxas" nos bastidores de São Januário.
A visibilidade do Centro Avançado de Prevenção, Reabilitação e Rendimento Esportivo (Caprres), o centro de saúde idealizado pelo vice-presidente Egas Manoel Fonseca e comandado pelo fisioterapeuta Alex Evangelista, provocou reações distintas no clube. Elogiado publicamente pelo volante Guiñazu no início da temporada, o departamento gerou comentários irônicos do auxiliar de Doriva Eduardo Souza, de alguns jogadores e também não contou com a simpatia do técnico Celso Roth, recém-chegado ao Vasco. O treinador, com cobrança - e xingamentos - com os jogadores mais jovens também não contribui com a leveza do ambiente.
Em coletiva de imprensa de última hora, pouco depois da reunião com os atletas e comissão técnica, Eurico Miranda voltou a garantir que o clube não cai para a Série B com ele no comando. Depois de desautorizar Dagoberto publicamente - que disse na terceira rodada que a realidade do Vasco não era título -, o presidente, hoje, fala em escapar do rebaixamento.
- Venho afirmar, mais uma vez, e garantir: não tem hipótese de rebaixamento do Vasco. Todos os comentários nesse sentido... Eu afirmo e garanto, em especial ao torcedor: não tem hipótese de rebaixamento. Eu tenho crédito. Se eu digo que não vai cair, não vai cair. Se alguém não acredita, tem os seus motivos. A única diferença é que eu estou aqui. Sou o grande reforço. Não sou leviano de dar uma afirmação dessas - disse o presidente do Vasco.
Fonte: GloboEsporte.com