O Vasco, oficialmente, veste Umbro desde outubro do ano passado. Anteriormente, a parceira foi a Penalty, que ficou no clube por cinco anos. Na semana passada, porém, o time sub-20 teve seus pés cobertos com meiões da Reebok, fornecedora de material esportivo do Cruzmaltino em já longínquos sete anos atrás.
A aparição das peças reacendeu uma polêmica de 2008, ano que marcou a transição de poder em São Januário. Na época, correligionários de Roberto Dinamite acusaram o grupo de Eurico Miranda de desviar materiais de treino e jogo às vésperas da posse do ex-jogador. A suspeita voltou à tona pelo fato do modelo de meião utilizado pelos jovens, na foto publicada semana passada no Instagram oficial vascaíno, ser o mesmo daquela temporada.
Na ocasião, porém, Eurico Brandão, filho de Eurico Miranda e hoje assessor da presidência, fez questão de refutar as denúncias, levando a reportagem do site Globoesporte.com a um depósito onde, segundo relata a publicação, se encontravam guardadas mais de cinco mil peças do profissional e da base. Euriquinho, ainda de acordo com o artigo, teria filmado o local com a data e hora onde tudo foi gravado.
Funcionários do período, todavia, admitem que houve falta de uniformes na ocasião.
"Não tinha material para treinar. O almoxarifado ficou praticamente vazio. O Roberto (Dinamite) teve que ligar para a Reebok às pressas para solicitar uma nova remessa", diz Marcelo, que trabalhou no almoxarifado e deixou o clube em janeiro de 2015, pouco depois de Eurico reassumir a presidência.
Ex-vice de esportes olímpicos, José Pinto Monteiro também lembra da história, mas não se sente seguro em afirmar que houve o desvio.
"Eu cheguei na administração do Roberto Dinamite um mês após a posse. As histórias que eu escutei, e que eu não comprovei, foi que no sábado anterior à posse, pararam uns carros entre Kombis, Vans, na porta do departamento infanto-juvenil e carregaram as peças todas de uniforme. Cheguei um mês depois e não presenciei isso, mas as pessoas que presenciaram, são confiáveis. Pessoas até da gestão do Eurico e que continuaram. Porém, não seria leviano em dizer que vi. Soube que aconteceu e várias pessoas vieram a público dizer que ocorreu", declarou.
Chefe do almoxarifado na época e hoje trabalhando no Flamengo, Geraldo Gouvêa se esquivou sobre o assunto quando questionado pela reportagem do UOL Esporte.
"Que papo é esse? Está de brincadeira? Não tenho nada a dizer, não", disse, desligando o telefone em seguida.
Gerente geral de marketing do Vasco, Bernardo Pontes frisou que a utilização de meiões da Reebok pela equipe sub-20 foi um acontecimento pontual e que o problema já foi solucionado.
"Foi uma situação pontual. O futebol profissional está consumindo três vezes mais o número de meiões que o futebol do ano passado (ano em que a Umbro ingressou). Os atletas costumam cortar as meias e, por conta disso, há um descarte muito grande de peças. Em função desta situação, teve que se pegar uma grande parcela da base e botar para o profissional. A base, então, ficou desabastecida até que a nova remessa da Umbro chegasse, algo que já aconteceu", disse Pontes, lembrando que antes do abastecimento, o elenco profissional estava usando a mesma primeira remessa enviada no segundo semestre de 2014.
O gerente geral ainda fez questão de destacar que os meiões da Reebok já estavam no estoque quando a nova diretoria assumiu, algo que, se proceder, derruba a tese de desvio.
"Tem meião da Reebok, da Penalty... O material que a gente mais tem aqui é meia", justificou.
Fonte: UOL