Eurico Miranda, presidente do Vasco, e Doriva, ex-técnico do clube, concederam entrevista coletiva na manhã desta segunda-feira, em São Januário. O assunto era a saída do treinador. O mandatário revelou que era contra a demissão, mas atendeu ao pedido de seu ex-funcionário, que entendia ser a melhor decisão para que o time pudesse reagir o quanto antes no Campeonato Brasileiro – o Cruz-Maltino está na lanterna, com apenas três pontos em oito jogos, sem nenhuma vitória e com cinco derrotas consecutivas.
Com olhos marejados em boa parte da coletiva, Doriva se emocionou em sua última resposta ao falar da convivência com jogadores, com dirigentes e do reconhecimento de torcedores, mesmo na fase final de sua passagem pelo Vasco. O técnico explicou que mudou de ideia depois do jogo contra o Sport, pois na véspera da partida pela oitava rodada do Brasileiro disse que não pensava em demissão mesmo em caso de insucesso.
– Achei que era o momento (de sair). É preciso refletir. Especialmente pela conduta das pessoas daqui, sempre se quer o melhor do clube. Chegou ao limite. Estava insustentável, pois os resultados não estavam vindo. Tomei a decisão de forma consciente. Tenho certeza de que vai melhorar. Não vou estar aqui, mas estarei torcendo. O Vasco vai continuar no meu coração – disse um emocionado Doriva.
Doriva sentou-se ao lado de Eurico Miranda, que tinha dois vice-presidentes ao seu lado, o de futebol, José Luis Moreira, e o segundo vice-geral, Silvio Godói. Ao fim da coletiva com o treinador, os dirigentes apertaram a mão de Doriva e agradeceram ao treinador. Aos 42 anos, o técnico sai do Vasco e diz que vai em frente do seu futuro como treinador, depois de duas conquistas estaduais – no Paulista, com Ituano (2014), e no Carioca, com o Vasco, em 2015.
– A minha saída é porque acredito que era preciso algo desse tipo para que haja imediatamente uma reação. Saio feliz. Aprendi muito, amadureci muito. Vou levar muitas coisas do Vasco. Especialmente as amizades que fiz aqui. A vida segue. Com certeza, o trabalho me deu projeção e confiança. Sou jovem, ambicioso e vou continuar trabalhando.
Eurico se pronunciou antes de Doriva. Ele fez muitos elogios ao técnico e agradeceu pela passagem que deu o título do Campeonato Carioca ao Vasco depois de 14 anos.
– Fiz questão de fazer essa coletiva com a presença do Doriva pois quero deixar registrado que ele teve uma passagem, que se encerra hoje no Vasco, absolutamente vitoriosa. Em termos de trabalho, de resultado, de comportamento com a instituição. Eu trabalhei com muitos treinadores e posso dizer que, em relação ao Doriva, foi uma experiência muito interessante, proveitosa, gostosa de relacionamento. E mais uma vez deixar claro que está saindo do Vasco por causa de um pedido dele. Se dependesse de mim, exclusivamente, e no fim acabou dependendo, não seriam os resultados negativos que me levariam a dispensá-lo – afirmou Eurico.
Confira a íntegra da entrevista coletiva do técnico Doriva
Saída do Vasco
Antes de mais nada, queria agradecer as palavras do presidente. Pelo apoio que sempre tive no Vasco. Lamento muito ter de sair dessa forma. O que nós construímos juntos foi muito bonito. O ambiente de trabalho é de harmonia. Realmente, é difícil de sair de um lugar que se é bem aceito. Está sendo difícil. O Vasco vai ficar sempre no meu coração. Achei que era o momento. A minha saída é porque acredito que era preciso algo desse tipo para que haja imediatamente uma reação. Saio feliz. Aprendi muito, amadureci muito. Vou levar muitas coisas do Vasco. Especialmente as amizades que fiz aqui. A vida segue. Com certeza, o trabalho me deu projeção e confiança. Sou jovem, ambicioso e vou continuar trabalhando.
Tristeza
Lógico que gostaria de sair em outro momento. Fico triste por não poder ter contribuído mais. As pessoas que nos acompanham sabem do esforço. Infelizmente, não deu certo.
Por que não conseguiu mais?
É difícil encontrar as respostas. Fomos campeões cariocas, mas as coisas não aconteceram no Brasileiro. Nunca me senti pressionado, nunca pensava nessa decisão. Pensei no Vasco. Entendi que era o momento. De repente uma outra pessoa, com outra forma de trabalho, pode voltar a tirar o melhor do elenco. Em nenhum momento senti os jogadores fazendo corpo mole. Nunca. Mas as coisas não aconteceram.
Frustração
Não fica nenhum tipo de frustração. Tentei extrair dos atletas o máximo deles. Como disse antes, consegui em determinado momento. Agora, não conseguia mais. Tem de analisar internamente. Acredito que era o momento. E resolvi tomar essa decisão. Logo depois da partida. Falei pelo presidente pelo telefone e ontem fizemos a reunião. Achei que era melhor assim.
Derrota decisiva
Achei que era o momento. É preciso refletir. Sempre se quer o melhor. Especialmente pela conduta das pessoas daqui, se quer o melhor ao clube. Chegou ao limite. Estava insustentável, pois os resultados não estavam vindo. Tomei a decisão de forma consciente. Tenho certeza de que vai melhor. Não vou estar aqui, mas estarei torcendo
Convite do Grêmio
Quando rejeitei, foi por convicção. Não lamento, em hipótese alguma. Mas não tenho bola de cristal. As coisas aconteceram desta maneira. Lamentavelmente, não houve reação na competição. Apesar de ela ser longa, eu não via a resposta. Achei por bem tomar essa decisão.
Conversa com jogadores
Falei com eles hoje. Vim aqui me despedir. Dos jogadores e das pessoas. Não é fácil. A harmonia de trabalho tem de ter resultado. Fica o meu agradecimento ao presidente, aos dirigentes, aos torcedores, todos me receberam muito bem. Fica uma história bonita. O clube ficará no coração. Aprendi a gostar.
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Fonte: GloboEsporte.com