Diego recebeu a reportagem do GloboEsporte.com na tarde do dia 28 de maio. A entrevista havia sido remarcada uma vez, pois o jogador dos juniores do Vasco foi poupado para o Brasileiro sub-20 depois de sequência de jogos como titular no Carioca da categoria. Filho de Doriva, Diego é jogador bem mais ofensivo do que era o pai, um determinado e vitorioso carregador de piano - foi campeão do mundo pelo São Paulo. Para conseguir seu espaço no Vasco, ele mudou um pouco suas características e teve sequência como titular. A mudança serviu de aprendizado.
- Meu pai chegava junto. Era 'na lenha'... Tenho que ter esse espírito também, não importa a posição. Jogo mais na frente, mas tem horas em que é preciso botar a bunda no chão, dar carrinho, chegar firme - disse Diego.
A ascensão e a momentânea queda nas oportunidades no time sub-20 do Vasco coincidem com o baixo aproveitamento do time vascaíno dirigido pelo pai no Brasileiro. Curiosamente ainda, ação indireta de Doriva contribuiu para o filho perder a vaga. O meia Matheus Índio desceu de categoria e virou titular no Brasileiro sub-20 - na partida desta noite, 19h30, em São Januário, joga Matheus Vital, o "Pet".
Incômodo com comparações
Persistente como o pai, Diego não se intimida com comparações. O início no futebol foi com nove anos, brincando com os amigos de colégio na Inglaterra, onde Doriva foi ídolo no Middlesbrough. De volta ao Brasil, atuou em um time de bairro em São José do Rio Preto até ser aprovado no São Paulo - justamente o clube onde o pai fez história. Depois de dois anos, foi para o Ituano. Diego chegou ao Vasco pouco depois de Doriva. Lesionado, recuperou a forma e ganhou oportunidade no time titular.
- No São Paulo, sempre olhavam e falavam (está treinando porque) é filho do Doriva. Uns achavam que eu estava lá por ser filho dele, por ter alguma facilidade, mas nunca foi desse jeito. É inevitável qualquer associação. Ele é meu pai, sempre vão falar, me comparar, usar ele para tentar explicar como cheguei aos meus objetivos. Tenho que me acostumar com isso. Estou fazendo meu trabalho e sei que as coisas que alcancei foram por méritos meus. Tento sempre separar as coisas para não dar brechas. Em casa, ele é meu pai. No clube, ele é o treinador do time profissional - diz Diego.
Baixinho, "sossegado" igual ao pai, como se define, Diego Sinhorini Guidoni tem 18 anos e expressa a cada resposta o sonho de seguir os passos do pai como profissional. Seja com Doriva no comando ou qualquer outro treinador. As lembranças do pai jogando em Portugal, na Inglaterra quase inexistem. Menos ainda no auge do pai, tão novo, sendo campeão mundial pelo São Paulo, em 1993. Mas a fama ele conhece bem.
- São características diferentes. Ele era um volante, um cara mais de contenção que ajudava na defesa. Também tinha qualidade para ajudar no setor ofensivo. Já eu jogo mais adiantado, procuro fazer gols, sou jogador mais cadenciado. Mas também tenho drible e "arraste". É diferente, mas temos alguns trejeitos parecidos, como o jeito de bater na bola. Quando estou correndo, sempre falam: ''Nossa, igual ao seu pai" - avalia.
O moço e o "idosinho"
Como qualquer pai coruja, Doriva passa ensinamentos e incentiva o filho a ser jogador. Diego brinca com a adaptação para jogar mais recuado e diz que está aprendendo a "botar a bunda no chão e dar carrinho firme". Religioso, o garoto citou a importância de ser um "servo de Deus" como o pai para superar a aposentadoria por problemas cardíacos de Doriva. Outra característica que o diferem é que Diego deixa escapar alguns palavrões, ao contrário do pai.
- É coisa da idade - releva Doriva, que revela o incômodo do filho com as comparações.
- Sei que existe uma maior ainda por ele ser meu filho. Mas ele tem muito clara a cobrança que lhe será imposta por causa disso. Até nem gosta de muita comparação. São muitas diferenças entre os atletas. Eu era mais marcador, ele gosta mais de jogar, de driblar. É diferente. Ele até fica meio bravo quando o chamam de Diego Doriva, quer separar mesmo. É sonhar e transformar em realidade. A experiência que eu tive como atleta é importante para ele porque eu passo informações. Mas cada um tem sua história e ele quer construir a d
Com um topetinho aposentado, Diego, que é fã do alemão Götze, do argentino Messi e do brasileiro Neymar, chama o pai de "galo" e brinca com a diferença de idade e de estilos de jogo. Nas peladas de fim de ano da família, o duelo do volante Doriva e do meia Diego são animados.
- Olha, ele chega junto, viu? Não dá moleza, não. Tento me livrar, mas consigo vez ou outra um drible desconcertante. Ele foi um grande jogador e ainda tem as qualidades. Mas falta força né, porque já tá mais idosinho (risos) - brinca Diego, com certa concordância do pai.
- Pior que é verdade. Eu já não estou aguentando mais acompanhar ele. Até um tempo atrás eu dava uns tombos nele. Não sei brincar. Quando jogo pelada com meus amigos eles falam isso. Quando vou jogar, sempre fui tão sério, que não consigo fazer relaxadamente. Mas agora ele está muito forte, eu não treino muito, estou fora de forma... Tenho outro filho de 16 anos que também joga. Quando temos a oportunidade, vira guerra - rebate, bem-humorado, o técnico Doriva.
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Diego joga no time sub-20 do Vasco |
Diego, filho do técnico Doriva, não gosta das comparações feitas com seu pai |
Fonte: GloboEsporte.com