Um requerimento de instalação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar possíveis irregularidades na Ferj (Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro) foi protocolada na tarde desta terça-feira na Alerj (Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro). A CPI ainda passará pela avaliação da mesa diretora da casa, mas pode ser instalada em breve, já que já foram colhidas 30 assinaturas, seis a mais que um terço total de deputados da casa, o mínimo requerido para a instalação da Comissão. A reportagem mostrada na última terça pela ESPN foi um dos motivos que levaram o deputado Jorge Felippe Neto (PSD-RJ) a requerer a investigação, assim como o momento de polêmicas dentro da Fifa e CBF.
Segundo o deputado, o que motivou o pedido pela CPI foram "indícios contundentes de irregularidades, e isso não falta: a planilha orçamentária da entidade é um mistério, as fraudes dos borderôs durante o Campeonato Carioca de 2015, o nepotismo. A lista se estende. Protocolamos hoje o requerimento da CPI constando todos os indícios de falhas. Inclusive a própria ESPN veiculou matérias que corroboram os motivos da investigação. Precisávamos do apoio de, no mínimo, 24 parlamentares. Conseguimos mais, foram 30 assinaturas", declarou. A proposta ainda passará pela apreciação da diretoria da casa (o presidente da Alerj, o deputado Jorge Picciani, é um dos signatários), mas não precisa mais passar pelo crivo do plenário já que conta com o apoio de mais de um terço da casa.
O documento que propõe a abertura da CPI cita a reportagem da ESPN veiculada nesta terça, que mostrou, segundo o texto, "uma mapa de relações obscuras no quadro de funcionários da entidade". E ainda chama a atenção para a falta de transparência em relação às finanças da entidade, e cita o fato de que a federação lucrou, no Carioca de 2015, mais do que Botafogo, Flamengo, Fluminense e Vasco juntos.
"Após o escândalo internacional de corrupção envolvendo membros da CBF, com investigação ainda em andamento pelo FBI, já foram abertas a CPI do Futebol no Senado e na Câmara Federal. A CBF apareceu incluída na investigação internacional que calcula uma soma de 100 milhões de dólares em subornos e desvios, incluindo operações fraudulentas ocorridas na Copa do Mundo do Brasil. No Rio de Janeiro, a nossa atenção não pode ser diferente nesse momento. O processo de corrupção internacional deve ser investigado desde as base e, por isso, precisamos de uma investigação séria e pública da Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (Ferj)", diz o documento.
Se a CPI for instalada, Rubens Lopes e outros dirigentes da federação devem ser chamados para depor na Assembleia.
"Convocaremos todos os dirigentes da Ferj, e reuniremos órgãos de controle como a Polícia Federal, a Receita, o Ministério Público para trabalharmos juntos. E chamaremos quem mais for preciso para dar luz ao desenvolvimento porvir da Comissão", declarou Jorge Felippe Neto com exclusividade à reportagem da ESPN.
Um detalhe que pode atrapalhar a instalação da Comissão é que, pelas normas da Alerj, no máximo sete CPIs podem estar em andamento, e já há esse número, mas algumas estão com o prazo se esgotando. Outra estratégia que o deputado pretende utilizar é tentar a instauração diretamente com o presidente da casa, que pode abrir a proposta em votação, sendo a decisão do plenário soberana, independente da norma supracitada da casa.
"No Brasil, o futebol movimenta R$ 36 bilhões de por ano, o que equivale ao PIB todo do Paraguai. Não podemos ignorar todo esse contexto. Senti a responsabilidade e a obrigação, ainda mais com as recentes denúncias e escândalos internacionais, de lutar por transparência, modernização e o profissionalismo no futebol.", declarou o Jorge Felippe Neto, que tem apenas 23 anos e é o deputado mais novo entre os 70 da Assembleia Legislativa do Rio.
Fonte: ESPN.com.br