Ivan, zagueiro campeão pelo Vasco nos anos 80, hoje é pastor em Olinda (PE)

Domingo, 07/06/2015 - 08:37
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Religião católica e rubro-negra. É assim que vive irmã Socorro, uma das freiras que fazem parte e vivem no Colégio Damas da Instrução Cristã. Ela é conhecida e admirada entre alunos, pais e professores por sua devoção ao Cristo, mas também pela sua paixão pelo Sport. “Eu sou religiosa e torcedora do Sport também. Quando eu morrer, eu quero que coloquem uma bandeira do Sport no meu caixão, não quero outra coisa. O Sport não interfere na minha religião, nós freiras somos iguais a todo mundo, temos gostos também. Graças a Deus sou rubro-negra”.

“Um jogo que me marcou foi um que eu estava em uma Crisma, dentro do próprio colégio. O Sport só dependia daquele jogo contra o Vila Nova para subir para a Série A e chovia muito no estádio. Eu sabia que o Sport estava jogando, mas eu não podia ver nem escutar. Fora da quadra, onde estava sendo realizada a missa, tinha uma televisão e muitos pais saíram da cerimônia para acompanhar. Uma vez ou outra eu dava uma saidinha para saber o placar”, relembra irmã Socorro.

Ela também tem um causo em outra missa de Crisma. “Teve outro jogo que foi durante uma missa. O governador Eduardo Campos estava presente, pois um de seus filhos estava se crismando. Estava ele, que é alvirrubro, e Renata, que é rubro-negra, aí eu fiz uma aposta e disse para Eduardo: ‘Se o Sport ganhar, eu vou colocar minha camisa do Sport e vou tirar uma foto com você’, ele riu e disse que eu ia perder a aposta. O Sport venceu e quando eu já estava com minha camisa nas mãos fui procurá-lo para a foto. E quem disse que eu achei? Ele sumiu (risos). Acho que ele foi embora para não tirar foto comigo”.

A freira também não esconde que reza para que o Leão vença as partidas. “É claro que eu rezo. Vou perto de Jesus na Eucaristia e digo ‘Jesus, o Sport está jogando hoje, fique na barra!’. Também rezo para que seja um jogo limpo e que ninguém se machuque”.

Pai Carlos ficou mais conhecido pela história que viveu com o Sport, em 2011, o famoso “caso do boi”. Mas os outros times da capital já procuraram o candomblé para alcançar um desejo e pedindo orações para a equipe. Pai Edu foi muito reconhecido na sua época e ficou conhecido também por “abraçar” um time da capital, o Náutico. Ele foi o responsável pelo hexacampeonato pernambucano do alvirrubro, segundo Pai Carlos, que foi um grande amigo de Edu e dividiu muitas experiências daquela época.

“Pai Edu foi era meu amigo particular e meu orientador espiritual. Ele foi o rei do candomblé em Pernambuco. Eu sou testemunha: ele levantou o Náutico”, diz. “Ele era o guru exclusivo na época do hexa e o pagamento foi um boi. Todos os jogadores daquele time foram ao Palácio de Iemanjá, no Alto da Sé, em Olinda, e tomaram banho de ervas para entrar em campo”, completa Pai Carlos.

Sendo um dos sucessores de Pai Edu quando o assunto é futebol, Pai Carlos diz que também recebeu torcedores do Náutico. ”A última oferenda que eu fiz para o Náutico foi há 6 anos, o torcedor trouxe uma bandeira do time e, na véspera do jogo, à meia-noite em ponto, eu acendi velas vermelhas e brancas para Zé Pelintra, fiz o ritual e levei a bandeira até uma encruzilhada pedindo proteção para os jogadores”, conta. Segundo ele, o time ainda chegou a ganhar por 1 a 0 no dia seguinte. Ainda na época da oferenda do Sport, Pai Carlos diz que recebeu uma alvirrubra que oferecia uma grande quantia em dinheiro para que o Náutico vencesse um Clássico dos Clássicos, mas ele disse que já havia previsto o resultado e o Sport sairia vitorioso.

“Eu tenho um carinho muito grande por futebol e pelos times da capital. Desejo que todos saiam bem sucedidos, principalmente, porque os times do Sudeste formam seu eixo e tem mais privilégios. Gostaria que houvesse menos intolerância religiosa e os clubes me procurassem abertamente para que eu pudesse ajudar nas situações dos times locais”, admite Pai Carlos.

A jornada entre jogador de futebol e pastor não foi um processo rápido para Ivan César Lima. Ex-jogador do Náutico, Vasco, XV de Piracicaba e encerrando sua carreira no Santa Cruz, Ivan foi um dos líderes do Atletas de Cristo por 19 anos em Pernambuco. “Nunca fui envolvido com religião, ou qualquer coisa espiritual. Eu era ligado no futebol e tinha planos para jogar pela Seleção Brasileira, mas Deus tinha um plano diferente para mim”, diz Ivan. A vida dele mudou ao conhecer sua atual esposa, Daisy Machado, que era evangélica e começou a levá-lo aos cultos.

“Em 1986 fui contratado pelo Santa e fiquei até 88, quando já era líder do Atletas de Cristo em Pernambuco. Tive a oportunidade de ir para Portugal, mas voltei ao Recife e em 91 encerrei minha carreira de jogador no Tricolor”, explica o pastor. “Vivi um momento muito estruturante no Santa Cruz, tanto profissionalmente quanto espiritualmente. Toda segunda-feira, que geralmente era o dia de folga, nos reuníamos no Atletas de Cristo, em minha casa. Tudo o que a gente faz dentro da igreja fazíamos com os jogadores, como cantar louvores, dar orientações e transformar aquele espaço em um ‘braço’ do culto”, revela o ex-jogador, que hoje é o pastor à frente da Igreja do Nazareno, no bairro de Jardim Atlântico.

“Muitos jogadores contribuíram para o Atletas de Cristo. Jorginho, que foi tetra com o Brasil, é um grande exemplo de atleta. Ele não era cristão quando chamamos para as reuniões, mas ele viu o que Deus tinha feito na vida dele e na do irmão e passou a acompanhar. Ele apoiou muito e ajudou bastante a difundir os ideais do Atletas de Cristo.”



Fonte: Blog Social 1 - NE10