Um ano e meio depois de suas torcidas proporcionarem cenas de barbárie que chocaram o mundo, Atlético-PR e Vasco se reencontram neste sábado, às 22h, na Arena da Baixada (PR), em jogo que, pelas circunstâncias, deixa as autoridades em alerta.
Um esquema especial de segurança será feito e a Polícia Civil do Paraná já notificou a organizada cruzmaltina "Força Jovem" a não comparecer à partida. Suspensa dos estádios pelo Ministério Público até julho, a torcida será impedida de ingressar em Curitiba caso descumpra a ordem. Um policiamento reforçado também será feito para o setor dos visitantes, que terão que desembolsar R$ 150 se quiserem assistir ao duelo.
A organizada atleticana "Os Fanáticos", que também se envolveu na pancadaria na Arena Joinville, já está liberada após cumprir suspensão de seis meses. Já a "FJV" havia pego um gancho de um ano em função de outros incidentes e, após novos atos de vandalismo, recebeu mais seis meses de punição.
No dia 24 de fevereiro deste ano, a Anatorg (Associação Nacional das Torcidas Organizadas) promoveu um encontro entre ambas as organizadas para promover a paz nos estádios. Três representantes de cada torcida se fizeram presentes na Câmara Municipal de São Paulo e o clima foi pacífico, com os torcedores, inclusive, posando juntos para fotos. Alguns dos que estavam na reunião participaram da briga generalizada e foram presos.
Vândalos estão na rua
Mesmo com imagens claras de agressão e até mesmo de tentativa de assassinato, não há mais nenhum vândalo que tenha participado da barbárie que esteja preso. Alguns ficaram detidos por no máximo quatro meses em um presídio de Joinville, mas logo em seguida deixaram o local e responderão ao processo em liberdade.
Pelo lado vascaíno, Bruno Pereira Ribeiro, o Bruno Fet, Robson Moreira da Cruz, o Robinho, Jonathan Santos e Arthur Barcelos Lima Ferreira, estão sendo obrigados, por determinação da Justiça, a comparecer em delegacias nos horários das partidas do Cruzmaltino e estão impedidos de entrar em estádios. Ano passado, no jogo Vasco x Icasa, pela Série B, Robinho descumpriu a pena e foi visto no Maracanã, fato que motivou uma nova prisão.
A situação mais delicada é a de Leone Mendes da Silva, que aparece em imagens de TV agredindo um atleticano com barras de ferro na cabeça. Ele passará em breve por um Júri Popular e poderá sofrer uma punição mais pesada.
Os envolvidos do lado do Atlético-PR vivem situação relativamente mais tranquila. Nenhum dos identificados na briga deverá sofrer maiores punições. E apenas um se apresenta regularmente em delegacia nos dias de jogos do time. Entre os brigões estava o ex-vereador de Curitiba Juliano Borghetti, que chegou a ser detido, mas por pouco tempo.
No total, foram 31 acusados em três processos na 1ª Vara Criminal de Santa Catarina.
Entenda o caso
No dia 8 de dezembro de 2013, Atlético-PR e Vasco se enfrentavam pela última rodada do Campeonato Brasileiro. O Furacão lutava por uma vaga na Libertadores, já o Cruzmaltino buscava se livrar do rebaixamento. Mandante, os paranaenses levaram o jogo para Joinville (SC) por estarem proibidos de atuar na Arena da Baixada. As autoridades catarinenses sugeriram que a partida fosse realizada sem a presença de policiais militares dentro do estádio, somente com seguranças particulares, algo que foi acatado pelos rubro-negros.
Aos 17 minutos do primeiro tempo, os atleticanos pularam a corda que servia de isolamento entre as torcidas e invadiu o lado vascaíno. Na ocasião, uma pancadaria generalizada passou a ocorrer na arquibancada. Barras de ferro, pedaços de pau e bombas foram utilizados, deixando um incontável número de feridos.
O duelo ficou paralisado por cerca de uma hora e, após o controle de todo o caos, ele foi reiniciado com o Atlético-PR goleando o Vasco por 5 a 1, garantindo sua vaga no torneio sul-americano e colocando o adversário na Série B.
Fonte: UOL