Principal alvo da diretoria do Grêmio, Doriva ainda é tratado como técnico do Vasco pelo clube carioca. Em São Januário, a diretoria afirmou no início da tarde desta sexta-feira desconhecer a proposta do time gaúcho pelo treinador e, oficialmente, a trata como uma especulação, como já acontecera antes quando o técnico teve seu nome ligado a uma possível transferência para o São Paulo e Benfica, de Portugal.
Às 17h desta sexta-feira está marcada uma entrevista coletiva do técnico em São Januário, o que acontece regularmente na véspera de partidas. Neste sábado, às 18h30m, o Vasco recebe o Internacional, pela quarta rodada do Brasileiro.
Se concretizada, a transferência teria uma impacto negativo na administração de Eurico Miranda. Contratado após a desistência de Marquinhos Santos, no fim do ano passado, Doriva aproveitou a base que estava no clube, Martín Silva, Luan, Rodrigo e Guiñazú, e trabalhou com os muitos reforços trazidos pela diretoria. Com este time, que começou o ano desacreditado, o Vasco sagrou-se campeão carioca. Para o técnico, campeão paulista com o Ituano em 2014, foi o segundo título estadual consecutivo.
Para Doriva, treinador valorizado no mercado, seria o segundo caso seguido de mudança de clube durante o contrato. Pouco mais de uma semana antes de acertar com o Vasco, em dezembro, ele havia sido anunciado pelo Botafogo-SP. A multa pelo término do contrato, de R$ 200 mil, teve que ser ressarcido pelo Vasco. Há duas semanas, em entrevista ao GLOBO, o treinador afirmou que em princípio não queria aceitar a proposta vascaína para não manchar sua reputação no mercado de treinadores.
AUTORITARISMO
Na mesma entrevista, Doriva afirmou que, no Vasco, ele encontrou um clube em que não há interferência. Ele comparou a experiência que teve no Atlético-PR em 2014, quando comandou o time por apenas oito jogos no Brasileiro, e saiu por problemas de ingerência. Na última terça-feira, dia em que Eurico Miranda afirmou que nenhum funcionário pode ter opinião diferente da sua, o treinador disse em entrevista que não há censura em São Januário.
No dia seguinte, após o quarto empate consecutivo da equipe, três sem marcar gols, o sempre educado Doriva reagiu como uma rara irritação com jornalistas quando foi perguntado sobre a cultura de demissões de treinadores no país.
- Sei que a cultura no futebol brasileiro é essa, mas, se eu sair daqui um dia, há de abrir outra porta - afirmou, pouco depois de defender a atuação do time no 0 a 0 com o Cuiabá.
Como técnico do Vasco, Doriva comandou o time em 25 jogos oficiais, com 15 vitórias, oito empates e quatros derrotas. Ele está invicto há dez partidas e, no início deste mês, foi campeão carioca, troféu que o clube não levantava desde 2003.
Fonte: O Globo Online
