Jefferson, Júlio Cesar, Rogério Ceni, Marcos... Goleiros talentosos, mas que não conseguiram a proeza de conquistar, por dois anos seguidos, o prêmio Bola de Ouro, concedido anualmente pela revista Placar para o melhor jogador do Brasileiro. Feito que Roberto Costa pode se gabar até hoje. Morando em Foz do Iguaçu, o ex-camisa 1 de Vasco, Atlético-PR e Internacional, entre outros, brilhou na década de 80, e até hoje não desgrudou do futebol. Pela manhã é coordenador de esportes de Foz do Iguaçu, e, à tarde, faz o que mais gosta: entra em campo para ensinar os segredos da bola.
“Sou preparador físico e auxiliar técnico do Alcindo Sartori (ex-atacante do Flamengo) no time de futebol feminino do Foz Cataratas. Pela manhã trabalho na coordenação da secretaria municipal de esporte. Temos projetos esportivos gratuitos que atingem mais de seis mil crianças. Tenho uma vida corrida. Mas gosto disso e fico muito feliz quando lembram da minha marca”, revela.
O início da carreira de Roberto Costa foi inusitado, mas demonstrou sua determinação para ser jogador de futebol quando ele trocou o time dos bancários pelo do Santos do Rei Pelé, nos 1970.
“Tinha 15 anos e já trabalhava no banco. Nos campeonatos, jogava na linha e no gol. Fiz um teste no Santos como volante e não passei. Com 18 anos tentei de novo, como goleiro. Fiz um só treino com o técnico Chico Formiga e ele pediu minha contratação”, relembra Roberto Costa, orgulhoso. No time santista, ele ficou até 1976 e não se firmou.
MÃO DE ANJO
Após uma passagem pelo Criciúma, se transferiu para o Atlético-PR, onde, ao lado de Assis e Washington, entrou para a história. “Fiz parte de um dos melhores times do Atlético e tenho muito orgulho disso. Em 1983, chegamos à semifinal do Brasileiro contra o Flamengo. Perdemos o primeiro jogo por 3 a 0 e, no segundo, vencemos por 2 a O. Após essa campanha, fui para o Vasco. Washington e Assis para o Flu”, relembra.
Também foi neste ano que o ‘Mão de Anjo’, apelido que ganhou pelas defesas milagrosas, ofuscou estrelas do naipe de Zico, Careca, Sócrates e Roberto Dinamite, entre outros, e ganhou a sua primeira Bola de Ouro. Mas não parou aí. Em 1984, em alta no Vasco, manteve a boa fase e assumiu o sobrenome Costa para não ser confundido com outro Roberto famoso, o Dinamite.
Na Colina foi campeão da Taça Rio e vice-campeão nacional em 1984. “Não ter sido campeão brasileiro é uma das maiores tristezas que guardo. Se tivesse ganhado, minha carreira teria sido completa, mesmo não tendo disputado uma Copa doMundo. Em 1983,ficamos em terceiro e em 1984 escapou. Se não tivéssemos perdido o primeiro jogo da decisão para o Flu por 1 a 0, a história poderia ter sido outra”, analisa.
A tristeza só não foi maior porque o goleiro ganhou sua segunda Bola de Ouro da Placar e foi convocado para a seleção brasileira. “Fui chamado pelo Edu. Joguei contra a Inglaterra e perdemos por 2 a 0, no Maracanã. Eu fui bem e tinha a expectativa de ser chamado de novo, mas não aconteceu”, lamenta.
Um frustração que se dissipou após duas grandes temporadas em São Januário. Além de fechar o gol, Roberto Costa testemunhou o nascimento e o fim da carreira de dois craques do futebol brasileiro: “Peguei a despedida do Roberto Dinamite e o surgimento do Romário. Lembro até hoje do primeiro jogo dele. Foi em Nova Venécia. Tenho uma foto do Baixinho com a equipe. Na época, o futebol carioca era o top, tinha glamour. Mesmo não tendo sido uma passagem longa sou muito grato ao Vasco, por tudo que me deu e pela chance de jogar na Seleção.”
Antes de encerrar a carreira, em 1990, na Caldense, Roberto Costa atuou em 1985 no Internacional, onde viu surgir outro fenômeno. “O Taffarel estava começando. Ele foi o melhor goleiro que vi jogar. Tinha uma impulsão muito grande e um senso de colocação enorme. Era tranquilo e não se jogava à toa”, compara o ex-camisa 1, que tinha estilo semelhante.
“Não fazia firula, sempre estava bem colocado e era tranquilo. Eu sei que tenho o meu lugarzinho entre os grandes goleiros do Brasil, tanto que ganhei esses prêmios e ninguém me sucedeu. Fico feliz por isso”, revela.
Fonte: O Dia