Entre as edições da Taça Brasil e da Liga Futsal, os clubes do Rio chegaram à final em sete oportunidades. Por seis vezes, o topo do futsal nacional foi conquistado: cinco na Taça Brasil e uma vez na Liga Futsal. A terceira matéria da série 'O Salão do Rio' vai relembrar todos os grandes feitos das equipes cariocas em torneios brasileiros. Épocas de ouro da modalidade na cidade. Tempos que ficaram para trás. Um contraste com a realidade de hoje.
Em 1968, o Carioca Esporte Clube se sagrou campeão da primeira edição da Taça Brasil. O adversário na final foi o tradicional Palmeiras. O Carioca garantiu sua participação ao conquistar o Campeonato da Guanabara daquele mesmo ano. Dario Alves Dias foi o técnico que comandou a equipe na campanha vitoriosa. No elenco, Abdon Saiti Neto Bidoni (goleiro), Hugo China (fixo), Homero Guimarães (ala direita), Antônio Fernandes (ala esquerda) e Alfredo Gonçalves Siqueira (pivô) eram os titulares. O time sofreu um desmanche depois do título estadual, vendo seus principais atletas seguirem para o Vila Isabel. Indo para o torneio nacional, com os jogadores remanescentes.
A final da Taça Brasil contra o Palmeiras foi realizada em Lages, Santa Catarina, no Ginásio Ivo Silveira, em um domingo, 20 de outubro. Os paulistas venceram o jogo por 2 a 0, mas o clube paulista escalou Aécio de forma irregular, perdendo o título posteriormente na Justiça Esportiva.
"O troféu da Taça Brasil nunca foi entregue pelo Palmeiras. Eles venceram na quadra, mas ganhamos o título no tapetão. Eles escalaram um jogador que não estava inscrito e que era do Vila Isabel", revelou Manoel Henrique Martins , presidente do Carioca Esporte Clube. Outro título importante, o torneio Rio-São Paulo de 61 é lembrando com carinho pelo presidente do Carioca.
"Quando a gente chegou a São Paulo, a torcida do Carioca estava toda no aeroporto. Parecia que estava recebendo o Flamengo. Eles foram de madrugada, em uns cinco ônibus, e o time foi de avião pela manhã. Quando entramos em quadra, parecia que era jogo no Rio. Foram duas partidas. Na última a torcida lá em São Paulo já tinha até um faixa pronta: ‘Carioca, Campeão do Rio-SP’. Infelizmente tudo isso foi um sonho que não volta mais. Acabou. Eu lamento muito. É difícil para quem viveu o que eu vi", lamentou o presidente. O clube deve ser transformado em uma academia de musculação por conta de dívidas.
Treze anos separaram o título nacional do Carioca E.C. para a conquista do Monte Sinai . Neste período, o Rio bateu na trave quatro vezes: Astória F.C. (1972), Grajaú C.C. (1974), Casino Bangu (1978) e o próprio Monte Sinai (1980), todos vice-campeões da Taça Brasil nestes anos. Em 1981, o clube fundado pela comunidade judaica da Tijuca conseguiu superar o Corinthians e, enfim, quebrar o jejum carioca.
A década de 80 foi proveitosa para o Rio de Janeiro, o Vasco, em 1983, e a Atlântica-Boavista , no ano seguinte, confirmaram a boa fase dos salonistas cariocas, conquistando o título da Taça Brasil. Campeão em 1984 e vice em 85, a Atlântica-Boavista foi formado por meio de um projeto de uma empresa seguradora especializada em acidentes de trabalho.
Em 1983, como maior acionista da Atlântica-Boavista, a Família Almeida Braga transferiu sua participação na seguradora para o Bradesco, dando origem ao Bradesco Seguros. Pouco tempo depois, o clube foi absorvido pelo banco e assumiu o nome da multinacional brasileira e seguiu tendo boas atuações no Rio de Janeiro. Hoje, essa tradição esportiva da empresa segue sendo representada pela Associação Recreativa dos Funcionários da Atlântica-Bradesco (ARFAB), que possui equipes de categorias de base de futsal.
O último título nacional de um carioca foi em 2000, vencido pelo Vasco , do supertime de Schumacher, Lavoisier, Índio, Manoel Tobias & Cia comandado pelo gênio das táticas Ricardo Lucena . O Cruzmaltino também conquistou a Liga Futsal daquele ano.
"Eram 14 atletas de Seleção (jogando no Vasco). Nós tínhamos três ou quatro atletas de alto nível para cada posição. Então em termos de qualidade e de nome foi a maior equipe em que joguei, com grandes jogadores", disse Manoel Tobias .
O ex-craque acertou com o Vasco em outubro de 1999. O convite foi feito pelo gerente do futsal na época, Marco Bruno, e foi um pedido especial de Eurico Miranda , um dos integrantes da gestão do presidente Antônio Soares Calçada . Em oito torneios disputados no Cruzmaltino, o camisa 5 conquistou seis e foi vice nos outros dois. O futsal de São Januário vivia sua era de ouro.
Mesmo tendo uma passagem vitoriosa pelo time da Colina, Manoel Tobias ficou por pouco tempo no Rio de Janeiro. Fato que o jogador lamenta até hoje.
"Eu fiquei triste, eu gostaria de ter ficado. Meu plano era ficar mais uns dois ou três anos. O carioca gosta muito de esporte. Ganhando ou perdendo, todos comentavam. Na padaria, no botequim, era muito bacana a atmosfera. Infelizmente por falta de dinheiro acabou e teve de se desfazer de todas modalidades", revela o jogador.
Outro atleta dos tempos áureos do futsal do Vasco, Alexandre Feller se lembra bem do período vencedor da equipe.
"Eu vivi os dois momentos do Vasco (os bons e os difíceis). 2000 foi um ano de glória. O Vasco montou um supertime. 2001 era uma desconfiança grande, começando pelo lado dos problemas financeiros. Mas eu optei por ficar no Rio. Acreditei no treinador Ricardo Lucena. Nós apostamos na diretoria, mesmo com menos investimentos. Foi uma outra realidade. Mas conseguimos ir bem, fizemos um grande Rio-SP-Minas e depois um Estadual e Metropolitano. Claro, o time tinha Andrey, Cazuza, eu, todos ali foram importantes, mesmo com um time de menos expressão em relação ao de 2000. Honramos a camisa do Vasco", disse o ex-goleiro Alexandre Feller.
Outros vice-campeões do Rio de Janeiro na Taça Brasil foram: Bradesco (1986 e 1989), Tio Sam (1998), Vasco (1999) e Petrópolis (2007). Na Liga Futsal, o Iate/Kaiser conseguiu um quarto lugar em 1998. O RJ/Miécimo , que teve o craque Falcão, foi vice no ano seguinte. A última boa campanha carioca na competição foi do Flamengo, em 2001, com um terceiro lugar.
“Foram só quatro meses no Rio, mas tive a felicidade de ser campeão carioca. Eu joguei uma final contra o Miécimo, em 99, e logo depois fui contratado por eles. Foi bacana, apesar do tempo curto. O Rio era um mercado bacana, pena que perdeu o espaço”, concluiu o craque Falcão .
Fonte: O Dia