Em 2 de junho de 1953, o extinto jornal “Última Hora” noticiava um passo importante na consolidação do futebol de salão no Rio de Janeiro. Naquela data, os salonistas cariocas se reuniram para fundar a Federação Metropolitana da categoria. De acordo com o periódico, a cidade já contava com diversas equipes interessadas na criação da entidade esportiva e elas foram prontamente convocadas pelos organizadores para comparecer à Av. Augusto Severo, nº 60, na Glória, local escolhido para a reunião. O mesmo jornal foi o responsável por patrocinar o primeiro torneio oficial da Federação Metropolitana, vencido pelo Braz de Pina Country Club, em janeiro de 1956. Das 43 equipes filiadas, 38 estiveram na disputa.
Atualmente, o cenário do salão carioca é bem diferente. Os tempos áureos ficaram para trás. A série "O Salão do Rio" vai fazer um mapa da modalidade, "reviver" os momentos gloriosos, mostrar os problemas e apontar soluções para driblar os dias nebulosos.
Na primeira matéria da série, o Esporte Online do O Dia fez um Raio-X de alguns clubes que ainda mantêm a modalidade viva na cidade. Entre as equipes, histórias de superação e, em alguns casos, até heroísmo. Por meio dessas agremiações, conseguimos concluir que o futsal carioca vive um "marasmo existencial", que só será quebrado com investimentos e trabalho duro.
Grandes ou pequenos, os desafios do futsal são para todos
Clubes de camisa do Rio, Botafogo, Flamengo, Fluminense e Vasco estão trabalhando apenas com as categorias de base no futsal. O Alvinegro, desde 2010, mantém uma parceria com a Casa de España , uma tradicional agremiação do bairro do Humaitá, Zona Sul da cidade. Ao todo foram mais de 20 títulos neste “casamento”, sendo três Taças Brasil (sub-15, 17 e 20) - um dos principais torneios do Brasil - , além de inúmeros campeonatos estaduais.
"A ideia é que as categorias de base do futsal fiquem sob a coordenação da Casa de España e sejam integradas com nosso Departamento de Futebol da base. Todo atleta que for para o campo vindo da Casa de España terá um tratamento especial quando for ser avaliado. A ideia é estar sempre bem próximo e trocando informações", disse Manoel Renha, diretor da base do Botafogo, ao site do clube alvinegro.
Felipe, Pedrinho, Bismarck e, mais recentemente, Philippe Coutinho, Alex Teixeira, Souza e Allan são só alguns exemplos do que o Vasco é capaz de fabricar no salão para o mundo do futebol. Próximo dos dirigentes cruzmaltinos, devido ao Futebol 7, o craque Falcão, afastado temporariamente da seleção brasileira, revelou que houve um projeto para reativar o futsal do Vasco no ano passado.
O jogador também fez elogios ao papel desempenhado pela torcida do Gigante da Colina no financiamento coletivo para reforma do ginásio de São Januário, um dos templos do futsal carioca. Em menos de três dias, a meta de R$ 185 mil foi batida e o rateio foi finalizado em R$ 241.592 mil, 30% a mais do que o necessário.
"Essa volta do futsal do Vasco quase aconteceu no ano passado. Não sei o que houve, se foi falta de tempo ou de espaço no orçamento do clube. Mas eu sei que é um ideia deles voltar com o futsal. Eu tenho certeza de que se voltar a torcida abraça o projeto. Mas tem de ser bem-feito, para ser atrativo aos torcedores e patrocinadores. Hoje o ginásio de São Januário não serve para jogos por conta das dimensões da quadra e da carga mínima de público, é uma pena. O Vasco teria de fazer uma grande obra e não só uma reforma para ele ter condições. Porém, por esse lado de resgate da história do clube, é muito importante essa mobilização dos torcedores e dos dirigentes", disse Falcão, jogador do Sorocaba/Brasil Kirin, time da Liga Nacional de Futsal.
A Federação de Futsal do Rio de Janeiro lamenta o enfraquecimento dos clubes de camisa na categoria adulto e espera por patrocinadores para dar suportes aos times do estado que queriam entrar em torneios nacionais.
"O futsal é um esporte que está desacreditado. Se você for ver na Liga Futsal, os únicos clubes são o Corinthians e o São Paulo. O resto é empresa ou prefeitura, clube de verdade apenas os dois. Nós tínhamos o Cabo Frio, mas ele saiu porque a prefeitura não quer mais bancar. É difícil arrumar patrocínio. Eu mesmo já tentei levar os times de camisa para o interior do estado para ver se as prefeituras querem bancar e levar para estes torneios nacionais, mas elas não querem", disse José Sebastião Ferreira, diretor-técnico da Federação.
O desafio é ainda maior para os clubes menores. O fechamento da sede social e do complexo esportivo do América Football Club para reformas, em junho de 2014, fez com que o clube formalizasse uma parceria com o Helênico Atlético Clube para seguir no futsal. A tradicional camisa do América é usada nas categorias sub-15 e 17. Nas inferiores é a do Helênico que entra em quadra. São mais de cem atletas nesta mescla entre os dois clubes. As duas comissões técnicas também foram unidas. Pelo futsal do Mecão já passaram jogadores como Athirson e Marco Brito.
"A parceira está sendo positiva. Nós tivemos de refazer toda essa questão de logística. Os garotos e os pais deles eram acostumados a vir ao nosso ginásio e tiveram de criar o hábito de ir ao Rio Comprido. Essa foi a única barreira que enfrentamos", disse José Vicente Nóvoa Cavalcante, vice-presidente de Esportes Olímpicos do América.
O Madureira Esporte Clube continua a pleno vapor, disputando os torneios da Federação e da Rio Futsal (Liga esportiva que possui uma grande adesão dos clubes que não conseguem pagar as taxas da Federação Carioca), o Tricolor Suburbano mantém sete categorias de base. Para cuidar de tantas crianças, o clube possui 12 profissionais contratados. A estratégia é movimentar os atletas e deixar todos em ritmo de competição.
"A cobrança em cima dessas crianças é muito grande, tanto dos pais quanto da própria competição. Então nossos treinadores têm de ser os mais didáticos e cuidadosos possível", disse José Luiz Ganança, Vice de Futsal do Madureira.
Luiz Antonio (volante do Flamengo), Lenny e André Lima são só alguns exemplos de atletas dos gramados que passaram pelo futsal do Madureira. Sem cumprir as dimensões oficiais para os jogos de um time adulto, o clube está com um projeto para, daqui a no máximo dois anos, aumentar sua quadra. O Tricolor é mais uma das equipes que sofrem com o abandono do esporte no Rio.
"Nosso problema é o mesmo do restante do Rio. Lido com futsal há mais de 30 anos e o Rio está morto. A Federação teve uma mudança. O presidente é novo e ele está buscando resgatar essa tradição que o Rio tinha. Nós estamos confiando no trabalho deles, tanto que apoiamos essa chapa nas últimas eleições. Mas o futsal, por não ser um esporte olímpico, tem muitas dificuldades. Batemos na porta de empresas grandes e a burocracia deixa tudo mais difícil", comentou o dirigente, que também reclamou da postura dos clubes de camisa no assédio aos jogadores do Madureira.
"Existe o assédio sem ética e moral. O nosso presidente tem visto se ele consegue diminuir esse assédio, mas acho complicado isso mudar. Eles abordam os pais nos jogos e levam os atletas. Tive um jogo com o Vasco, recentemente, e eles foram tiram um jogador meu, mesmo com o campeonato em andamento e eles não podendo inscrever esse atleta. Eles teriam de falar comigo antes: 'Posso convidar aquele atleta para jogar no Vasco?'. Claro que não vou atrasar a vida de ninguém. Já trabalhei no Fluminense, no Botafogo e no próprio Vasco. Infelizmente, há dirigentes que pensam mais em enfraquecer os adversários do que no bem-estar das crianças."
A Associação dos Servidores Civís da Aeronáutica (ASCAER) é uma das equipes mais tradicionais do futsal carioca. O clube da Ilha do Governador foi um dos formadores do jogador Diego Souza, meia ex-Fla, Flu e Vasco. O último talento gerado foi Wesley David de Oliveira Andrade, o "Gasolina", atualmente atleta do Flamengo e com passagem pela seleção brasileira sub-15. Jogando a Rio Futsal, o ASCAER já faz planos para retornar aos campeonato promovidos pela Federação. Para cumprir esta meta, o clube tenta fechar com alguns apoiadores.
"A parte financeira é a minha maior dificuldade. Meu grupo de trabalho tem nove profissionais formados e remunerados. Dentro do clube nós temos pais que são empresários e acabam virando parceiros neste sentido. Se conseguirmos voltar à Federação, nossa ideia é manter os nossos garotos do primeiro ano na Rio Futsal para dar ritmo de competição para eles", disse Alexandre Duarte, Coordenador do ASCAER.
São mais de 100 crianças, entre os que jogam torneios e os que apenas treinam, em quatro categorias do sub-7 ao 13. Mesmo sendo um clube de servidores da Aeronáutica, filhos de não-militares também podem participar do processo seletivo para atletas. O ginásio é um dos orgulhos do ASCAER, que pede mais apoio dos empresários e comerciantes da Ilha do Governador.
"Nosso ginásio está sempre cheio e é um dos melhores do Rio. Eu até brinco, às vezes, dizendo que o ginásio é um dos únicos que não tem problema com goteiras em dias de chuva. A reforma que fizemos foi de qualidade, não foi só uma mãozinha de tinta. O ASCAER é um dos clubes pequenos que mais cede jogadores aos clubes de camisa. Hoje nós somos o maior representante da Ilha. Mesmo com vários clubes por aqui, só o ASCAER disputa competições. Sinto falta dos empresários do bairro em ajudar mais. Nós oferecemos até cesta básica para algumas crianças. Se 1% dos empresários ou comerciantes da Ilha me ajudasse, eu teria um estrutura ainda melhor para dar suporte para as minhas crianças", comentou Alexandre.
O Grajaú Country Club é um oásis no meio do deserto. O clube tem time no adulto, um dos poucos na cidade, e mantém outras quatro divisões de base, com vinte atletas em cada. Na Federação, o Country disputa as séries Ouro e Prata, uma é destinada aos atletas de segundo ano e a outra para os de primeiro. Atual campeão estadual sub-20 da FFSERJ, o time será o representante carioca na Taça Brasil, em Minas Gerais, deste ano.
Enquanto não começa o Campeonato Carioca, o clube manterá o seu time adulto em atividade na liga UFSERJ (União de Futsal do Estado do Rio de Janeiro). A equipe foi montada sem patrocinadores e, segundo o vice-presidente de esportes Mário Leão, são os próprios atletas que procuram o clube por conta da sua tradição nas quadras. O dirigente busca apoio para melhorar as condições oferecidas aos atletas. Na campanha que rendeu o título do Estadual Sub-20, o Grajaú contou com um patrocinador. Para este ano, as partes já estão conversando para renovar o apoio e estendê-la ao adulto.
Julio Cesar (goleiro), Juan (zagueiro), Luisinho e Bismarck (ex-Vasco) passaram pelo Country. O clube conta com três quadras, duas secundárias e uma principal. Na maior delas, o sistema de iluminação foi todo renovado e o piso é de tábua corrida. As outras menores são de taco e de concreto liso.
"Vitória com força de vontade". Essa frase define o momento vivido pela Associação Atlética Vila Isabel . O clube acerta os últimos detalhes para recolocar sua garotada em cinco categorias dos campeonatos promovidos pela Federação Estadual de Futebol de Salão do Rio. A estreia deve acontecer no segundo semestre deste ano. Para o retorno, o clube fez uma reforma na quadra e a pintura foi refeita. Os reparos na parte elétrica e iluminação do ginásio tiveram a ajuda do pai de um dos atletas, que fez o serviço. A agremiação não tem patrocínio, mas os parceiros informais estão dando uma forcinha para as crianças. A Ícone forneceu o material esportivo, a Coral disponibilizou o material para reforma da quadra e o Burger King dá os lanches para os atletas. O comércio do bairro também foi mobilizado na missão em prol do Vila. Dezenove lojas pagam cem reais mensalmente.
“Eu mostrei para eles que o clube mexeria com as crianças. A nossa escolinha é grátis. Eu ofereço adesivos na quadra e agradecimentos aos apoiadores. Vila Isabel é um bairro fantástico e somos um clube tradicional e é só com isso que eu fui atrás dos caras. Se pedir R$ 200 ou R$ 300 eles correm de você. Eu, como comerciante, tenho uma credibilidade na região que acabou me abrindo portas”, disse Jorge Mendes, vice de esporte da Associação Atlética Vila Isabel.
Sem jogar campeonatos de futsal desde 2008, o clube montará suas equipes com os meninos da escolinha. São 80 alunos e os professores serão aproveitados também na comissão técnica das equipes do Vila. As reformas tiveram reflexos no quadro social, que aumentou após a repaginada na sede. Sem previsão para montar um time adulto, a agremiação está focada nas categorias de base. Aluguel da quadra e mensalidades são as principais fontes de renda.
“No basquete nós não começamos do zero, foi do menos 30. Não tinha bola, nem tabela, absolutamente nada. O aluguel da hora no basquete é mais caro e somos a única quadra com tabela para alugar por aqui. Só essa semana eu tive cinco ligações telefônicas procurando nossa quadra para jogar basquete e assim vai, vamos sobrevivendo”, revelou o dirigente, que pediu mais apoio aos clubes de bairro.
“Eu preciso de movimentos. Recebo ligações elogiando e falando que vão me ajudar, mas essa ajuda é só ir até lá e desfrutar do clube. Pôr a mão no bolso ninguém põe. Tirando os grandes que têm recursos e o Tijuca Tênis, eu quero que me falem um que não esteja falido. São impostos, dívidas, tudo contra. Incentivo não existe por parte do Governo”, completou Jorge.
No bairro do Méier, o Sport Club Mackenzie "vai bem, obrigado". Presente nas séries Prata e Ouro da Federação Carioca em seis categorias, o clube ainda conta com um time feminino e masculino adulto. No verão, a sede social fica lotada. Segundo o vice de esportes, são quase 60 mil frequentadores, em média, nesta estação. Quando os meses mais quentes do ano passam, este número cai para 20 mil.
Atual vice-campeão carioca adulto masculino, para este ano, a agremiação deve apostar nos atletas já conhecidos pela comissão técnica, contando com alguns reforços do futebol de campo e completando com jogadores do sub-20, pratas da casa, para montar sua equipe na categoria principal. Caso ainda haja alguma carência no elenco, o clube não descarta fazer contratações de peso.
A quadra está em boas condições de uso, mas não atende ao tamanho mínimo estabelecido pela Federação. Por conta disso o clube está estudando onde poderá mandar seus jogos. As Vilas Olímpicas da Mangueira (favorita na lista) e de Caxias, além da quadra do Grajaú Country, surgem como as opções. Índio, Andrey, Evander e Mosquito (Vasco), César e Muralha (Flamengo) e Allan (Udinese) são alguns dos jogadores do futebol de campo que já passaram pelo futsal do Mackenzie.
Com o dinheiro captado nas mensalidades, sobra pouco para investimentos. A arrecadação é basicamente para pagar funcionários, impostos e a manutenção estrutural da sede. Nos aluguéis para eventos e shows terceirizados, o clube assume o funcionamento do bar e seus lucros, deixando o resto para os contratantes.
"Nesse sistema nós ganhamos pouco, mas não nos colocamos em risco. Acho que a maioria dos clube trabalha desta forma hoje em dia", disse José Marcos Braziellas, vice de esportes do clube.
Depois de Ronaldo e Vander Carioca, o Social Ramos Clube continua com bons olhos para encontrar talentos. No ano passado um "furacão" chamado Caio Silvestre passou pela quadra do clube. O jovem marcou nada menos do que 105 gols em dois torneios na Liga Rio Futsal, tornando-se o recordista da entidade e ajudando o clube no título do Campeonato Carioca do 1º semestre de forma invicta. Hoje, o atleta está no sub-14 do futebol de campo do Flamengo, mesmo destino do seu companheiro de equipe Braian Salles. O Social mantém quatro categorias até o sub-15. São quase 50 crianças vestindo as cores do clube de Ramos.
"Diferentemente de tantos outros clubes de bairros, o nosso está numa crescente. Eu peço que as pessoas que gostam dos clubes de bairros que elas retornem para eles, senão eles vão acabar", revelou Cesar Augusto Barros, gerente do Social Ramos Clube.
O Marã Tênis Clube revelou jogadores como Edmundo, Djair, Léo Lima, Lennon (Cabofriense) e Deivid (ex-Flamengo). O clube está, aos poucos, retornando aos torneios organizados pela Federação do Rio de Janeiro. Antes, apenas participava da Liga Rio Futsal. O supervisor José Cezarino de Almeida, frequentador do Marã há 53 anos, diz que foi graças ao apoio do pai de um dos atletas que o clube começou o caminho de volta à Federação. São quase 100 jovens entre escolinha e atletas federados do sub-7 ao sub-17. O ginásio passou por uma pintura e o placar eletrônico está novinho em folha.
"Nosso grande problema é que a gente faz atleta para os outros. Tínhamos um garoto bom aqui e veio o Fluminense e levou. Precisamos de alguém que segure esses jogadores nos clubes de bairro", disse José Cezarino, supervisor do Marã.
Na Zona Oeste, o Jacarepaguá Tênis Clube colhe os frutos de um trabalho árduo. Presente em cinco categorias dos campeonatos promovidos pela Federação de Futsal do Rio de Janeiro, a agremiação já estuda o ingresso na sexta. A quadra passou por uma reforma no teto e o clube já se prepara para pintar o ginásio.
Do "Grilo" já saíram Wellington Silva (jogador do Arsenal que estava emprestado ao Almería, da Espanha), Rafael (goleiro do Bonsucesso), Diego Maurício, Negueba e Wescley (Paraná Clube). Hoje são quase 100 atletas. O clube ainda mantém um projeto paralelo para captar novo talentos. Atualmente, cerca de 60 crianças estão no programa, que não cobra mensalidades para jovens carentes. Formador assumido, o Jacarepaguá não se incomoda com o assédio dos “clubes de camisa” em seus jogadores. Pelo contrário, trata isso como um “movimento natural”.
“É a realidade da vida. Os grandes formadores são os times pequenos. Não é culpa do grandes. Eles têm maior facilidade de pegar jogadores bons. Quem não quer jogar pelo Flamengo, Vasco? Hoje eu tenho dois atletas meus no Fluminense. Tenho dois garotos do sub-17 que nós fizemos das tripas coração para eles ficarem aqui e não irem para o Fluminense. São craques”, disse Antonio Alves, gestor do Jacarepaguá.
A Vila da Penha é o bairro onde vive o Mello Tênis Clube . De lá já saíram jogadores como Fellipe Bastos, Vitinho (ex-Botafogo) e Rafinha (Fluminense). Hoje são aproximadamente 130 jovens em seis categorias. O clube está nas séries Ouro e Prata da Federação de Futsal do Rio, onde acredita que seus jogadores terão uma melhor visibilidade do que em ligas paralelas. A ida de crianças para fazer testes no time ainda é feita na base do boca a boca.
Para jogar na Federação, o clube teve de consertar o seu placar eletrônico, uma exigência da entidade. Já está nos planos uma troca de telhas, que foram danificadas após uma chuva de granizo na região. O diretor afirmou que o assédio em seus jogadores é tanto de clubes grandes quanto de pequenos.
“Nós tínhamos um pré-mirim aqui que o treinador trocou de time e levou todos os atletas com ele para o novo clube. Meu time da categoria chupetinha do ano passado foi diluído, cada um foi para um canto: Vasco, Fluminense”, disse André Luiz da Silva Machado, Diretor de futebol do Mello.
O clube depende do quadro de associados para entrar nos campeonatos. O presidente Dedeco é um dos responsáveis por manter a tradição do clube nos torneios de futsal. O apoio dos pais também é fundamental. Quase todos se tornam sócios do Mello e, com isso, contribuem financeiramente nas mensalidades. Mesmo sem um patrocinador, o clube já montou um projeto para ser apresentado aos empresários interessados em ajudar.
Localizado às margens da Marina da Glória, o Clube de Regatas Boqueirão Passeio é um dos fundadores da Federação de Remo do Estado do Rio de Janeiro e possui diversos títulos na modalidade. Em quadra, também não faz feio. Depois de perceber que o nível técnico da sua escolinha estava alto, o presidente Mário Emerenciano resolveu apostar na molecada e se lançou em uma competição. Com o apoio dos pais dos atletas, o time está atuando na Liga Rio Futsal. São mais de 60 crianças, do sub-9 ao sub-17. Com menos de cem sócios pagantes, o clube não consegue nem pagar a folha salarial dos funcionários com a arrecadação de mensalidades.
“Quando não há treinos, nós alugamos a quadra. Dentro do clube nós também temos um espaço que é para locação comercial e outro para eventos, bailes, já fizemos até shows da FM O Dia. Meu desabafo é essa abandono do poder público. Principalmente para os clubes de bairros. Se não fossem essas locações nós não existiríamos. A gente está sufocado e respirando por aparelhos. Nosso time não é tão tradicional no futsal porque nós nunca precisamos jogar campeonatos. Só aqui dentro a gente fazia torneios com mais de cem pessoas em todas faixas etárias, de crianças aos veteranos”, disse o presidente Mário Emerenciano.
A quadra do Boqueirão possui um placar eletrônico, que foi comprado recentemente, mas está sem uso por conta de uma bolada. O conserto já foi feito e o aparelho só aguarda sua instalação. O piso é de concreto liso e está com a pintura recente.
“O Douglas Barbosa é nossa maior joia. Ele esteve no Flamengo e hoje treina no Vasco, tem 19 anos. Todos clubes assediam nossos jogadores. Até mesmo os clubes pequenos, mas com mais visibilidade do que nós”, encerrou o presidente do Boqueirão.
Fonte: O Dia