Pouco antes de descerem do ônibus que os trazia de volta do treino na escola do Exército na Urca, os jogadores quase esbarraram com uma imagem caricata da Lapa, bairro onde fica o elegante hotel da rede portuguesa que serve de concentração para o Vasco desde o início do ano. Um caminhão com engradados de cerveja queria usar a área de manobra do local para abastecer botecos ao lado do refúgio vascaíno. Encravado na área boêmia do Rio de Janeiro - vizinhos do Clube dos Democráticos, prédio símbolo do carnaval carioca construído em 1931 -, os vascaínos passaram incólumes pela Lapa e tiveram toda a paz para descansarem nas últimas 48 horas antes da grande final.
O GloboEsporte.com acompanhou os últimos momentos da delegação vascaína antes da decisão deste domingo, às 16h, contra o Botafogo. No hotel, com decoração clássica lusitana, cruzes de malta, brasões e murais com feitos e personalidades portuguesas, a concentração faz os atletas respirarem a união Brasil-Portugal cantada no hino vascaíno. Recolhidos antecipadamente desde a primeira partida da semifinal contra o Flamengo, o grupo do Vasco contou com apoio da psicóloga Maíra Ruas nos momentos que antecedem a decisão. No sábado à tarde, horas depois do treino da manhã, houve rodízio para conversas de cerca de 20 minutos num dos salões do prédio anexo do hotel. Jordi, Serginho, Christiano e Madson foram alguns dos atletas que conversaram com a profissional do departamento de futebol do Vasco.
O clima leve, com direito, é claro, a muitos fones de ouvido e olhos vidrados nos celulares e papos animados nas refeições, marcou os últimos momentos de uma trajetória que começou no início de janeiro com um grupo totalmente reformulado em Pinheiral. Destaque do Vasco no início do ano, depois de altos e baixos naturais de sua breve carreira, Bernardo parecia ainda mais concentrado para a decisão. Sozinho, enquanto outros jogadores conversavam na beira da piscina à espera do almoço, ele ficou por quase 30 minutos isolado. Apenas seu aparelho de som portátil e o celular. Pensativo e com o semblante sério, abriu um sorriso apenas para atender a uma família de potiguares que veio de Apodi, cidade a 340 km da capital Natal.
O farmacêutico bioquímico Leandro Maia, de 36 anos, trouxe a mulher Elis e a filha Mariana, de oito anos, para assistir à decisão no Maracanã. Pela internet, depois de 2h30 de tentativas, ele garantiu as entradas da Leste inferior - R$ 100 cada ingresso - e gastou cerca de R$ 2.000 entre passagens de avião, hospedagem no hotel do Vasco e as entradas para o jogo.
- Sou vascaíno por influência do meu avô. Na minha cidade só dá time do Rio. Trouxe minha filha que estava um pouco desanimada com o time, mas expliquei para ela que essa fase ruim do Vasco vai passar - disse o torcedor, que tirou foto com todos jogadores e elegeu o volante argentino Guiñazu o mais simpático de todos.
Sem presença de dirigentes no hotel Vila Galé - apenas o gerente de futebol Paulo Angioni, que chegou para o almoço, ficou na concentração até depois do jantar -, os jogadores do Vasco foram para os quartos por volta das 20h30 depois de assistirem rapidamente a um vídeo preparado pelo treinador Doriva e pelo auxiliar Eduardo Souza antes de se recolherem para jogar videogame, dormir e sonhar com um título aguardado há 12 anos.
Vasco e Botafogo se enfrentam neste domingo, às 16h, no Maracanã. O Globoesporte.com acompanha o pré-jogo e todos os lances em tempo real.
Fonte: GloboEsporte.com