Apesar da rivalidade quase centenária, foram raras as decisão alvinegras no Rio de Janeiro. Botafogo e Vasco começam, a partir do próximo domingo, às 16h, no Maracanã, a decidir o Campeonato Carioca apenas pela quinta vez. Nas outras quatro ocasiões, o Glorioso levou a melhor, com os títulos estaduais de 1948, 1968, 1990 e 1997. Embora tenha amplo domínio no retrospecto geral (138 vitórias e 88 derrotas), o time de São Januário jamais venceu o Botafogo em uma final, nos 92 anos de história do confronto.
Além das finais estaduais, Botafogo e Vasco já decidiram um Torneio Rio-São Paulo, em 1966. O Glorioso também levou a melhor na ocasião, com uma vitória por 3 a 0 no Maracanã.
No próximo domingo, os clubes começam a escrever um novo capítulo dessa rivalidade. Antes, porém, relembre abaixo os quatro títulos estaduais do Botafogo contra o Vasco.
1948: o ano de Biriba
A primeira decisão alvinegra no Rio de Janeiro ocorreu em 1948. Na época, o time do Vasco – que servia como base da seleção brasileira – era o atual campeão sul-americano. Carregava o rótulo de “Expresso da Vitória”. No time, com nomes como Friaça, Barbosa, Ademir Menezes, Danilo, Ely e Chico, o Cruz-maltino sucumbiu para o Botafogo do então jovem lateral Nilton Santos. Em General Severiano, diante de 20 mil pessoas, o Alvinegro venceu por 3 a 1, com gols de Braguinha, Paraguaio e Otávio.
O Campeonato Carioca de 1948, no entanto, teve uma curiosidade para os botafoguenses. Na ocasião, surgiu a identificação com o cachorro Biriba, eternizado como mascote do clube. Em jogo contra o Madureira, o cão, que pertencia ao ex-zagueiro Macaé, invadiu o gramado no momento da comemoração de um gol alvinegro. Conhecido por ser supersticioso convicto, o então presidente do Botafogo Carlito Rocha passou a levar o vira-lata a todas as partidas. E foi assim até o fim do campeonato, apesar de o Vasco ter tentado impedir a entrada de Biriba em um jogo em São Januário.
1968: esquadrão alvinegro
Vinte anos depois, Botafogo e Vasco voltaram a se encontrar em uma final estadual. Desta vez, no entanto, o favoritismo era todo da equipe de General Severiano, que contava com um time com Manga (não jogou a final), Gerson, Rogério, Roberto, Paulo Cézar Caju e Jairzinho.
Comandado pelo, à época, novato técnico Zagallo, o Botafogo se impôs diante de um Vasco sem estrelas, que tinha no zagueiro Brito, no meia Bougleux e no atacante Silvinho seus principais jogadores. Em um Maracanã abarrotado por quase 150 mil torcedores, o Alvinegro goleou por
4 a 0, gols de Roberto, Rogério, Jairzinho e Gerson, e sagrou-se bicampeão carioca na ocasião.
No mesmo ano, esse histórico time do Botafogo conquistou a Taça do Brasil.
1990: duas voltas olímpicas no Maracanã
Apesar de os dois times terem bons jogadores, os dirigentes foram os protagonistas do Campeonato Carioca de 1990. Em 29 de julho, o Maracanã viu as duas equipes darem voltas olímpicas e se autoproclamarem campeãs cariocas.
O regulamento do Carioca de 1990 previa que os campeões da Taça Guanabara (Vasco) e Taça Rio (Fluminense) se enfrentassem. O vencedor decidiria o estadual contra o time de melhor campanha nos dois turnos (Botafogo). Com o término da Taça Rio, no entanto, o torneio foi paralisado por quase três meses por conta da Copa do Mundo.
Nesse período, o Vasco do então vice-presidente (e atual presidente) Eurico Miranda tentou uma manobra nos bastidores para alterar o regulamento. A proposta, que precisava ser aceita por unanimidade, era que, caso o Botafogo vencesse, seria necessária uma prorrogação. Apesar de ter o apoio da Ferj e da maioria dos clubes, a mudança não foi aceita pelo Botafogo. Vasco e Ferj, no entanto, entenderam que, como contava com a aprovação da maioria, o regulamento estava alterado.
Em campo, o Botafogo de Paulo Roberto, Gottardo, Gonçalves, Djair, Valdeir e Donizete venceu o Vasco por 1 a 0, com gol de Carlos Alberto Dias, mas não recebeu a taça. O time, no entanto, comemorou e deu a volta olímpica com o troféu da Taça Cidade de Friburgo. O Vasco, que tinha no time nomes como Luis Carlos Winck, Bismarck, Sorato, Tita, Mazinho, Marco Antônio Boiadeiro e Roberto Dinamite permaneceu em campo aguardando a prorrogação. Como o Botafogo se negou a disputar, o clube de São Januário autoproclamou-se campeão carioca de 1990 e deu a volta olímpica com uma caravela de um torcedor que estava na geral do Maracanã. Meses depois, a Justiça declarou o Botafogo como campeão.
1997: polêmica dentro e fora de campo
Uma vez mais, o Campeonato Carioca foi recheado de polêmicas. Dentro e fora de campo. E novamente Eurico Miranda e a Ferj estavam no centro das atenções. O Vasco liderava o 3º turno, quando conseguiu paralisar a competição. A alegação era que quatro vascaínos convocados pela CBF desfalcariam a equipe: Edmundo e Carlos Germano (seleção brasileira) e Pedrinho e Hélton (seleção sub-20). Com o pedido do Vasco acatado, o Estadual ficou parado por mais de um mês. O Flamengo abandonou a competição, e o time de São Januário conquistou o 3º turno com uma vitória por W.O sobre o rival.
Na decisão contra o Botafogo, o Vasco venceu a primeira partida por 1 a 0, em jogo que ficou marcado pela provocação de Edmundo, que rebolou em frente do zagueiro Gonçalves. No duelo final, o Alvinegro deu o trocou , ganhou por 1 a 0, com gol de Dimba, que comeu a grama do Maracanã na comemoração. Por ter conquistado os dois primeiros turnos, o Botafogo ficou com o título. Durante a festa, os jogadores alvinegros deram o troco em Edmundo e rebolaram em frente à torcida rival.
Fonte: GloboEsporte.com