O sorriso é o mesmo do menino que fazia do Rio São Francisco sua piscina particular. Antes dos quase 30 minutos de bate-papo, o alagoano Gilberto, risonho, filosofou: “Se você não sorrir para a vida, ela nunca vai sorrir para você de volta”. Com esse jeito de pensar, o atacante de 25 anos conquistou o vestiário do Vasco - é um dos mais animados do elenco. Com gols, ganhou a admiração quase que imediata da torcida. Que acredita neles como arma para o time finalmente acabar com o jejum de dez partidas sem vitória sobre o Flamengo e, assim, chegar à final do Estadual. Já Gilberto sonha que seus gols possam levá-lo ainda mais longe: à seleção brasileira.
Você parece feliz no Vasco. É isso mesmo?
O Vasco me trouxe uma coisa que poucos times já me proporcionaram na carreira, que é a felicidade de estar nele, de ter ótimos companheiros. Aqui trabalho feliz todos os dias. Isso é importante demais para mim.
E por que não era feliz no Canadá, no Toronto FC?
A estrutura era boa, a cidade é fantástica, mas penso que Toronto é para quem não quer ter mais preocupação com nada. Quando entrei no futebol, coloquei metas para mim. Mas, no Toronto, acabei me afastando desses objetivos. Queria mesmo era estar num time grande no Brasil, feliz, jogando, para que eu pudesse chegar à seleção brasileira.
Acredita que isso será possível no Vasco?
Nunca é fácil chegar à seleção. Vai do trabalho, é questão de vontade, de abdicar do que você gosta. No meu caso, para chegar à seleção, faço tudo e mais um pouco. Conheci o Dunga no Internacional, ele é uma pessoa fantástica, adoro ele, aprendi muitas coisas com ele.
E como explica a boa fase no Vasco?
Quando você está motivado, centrado no que quer, consegue alcançar os objetivos. Entendo como meu futebol tem de ser jogado. Aprendi que preciso ter força para jogar, então só me resta trabalhar e trabalhar.
Você tem sete gols em nove jogos pelo Vasco. Dá para fazer quantos este ano?
Não trabalho com metas de gols, o futebol é imprevisível. Em uma hora o nível de concentração está muito alto, em outra você cai de rendimento. Trabalho a cada jogo. É assim que vivo o futebol. Quero ajudar o Vasco a conquistar os títulos.
Você virou amigo do Romarinho. O que diz do pai?
Meu amigo, se eu fosse parecido com o Romário, estaria demais. É o Baixinho quem manda. É só olhar que você aprende, era um toque na bola e “injeção” (gol), preciso. Moramos perto, outro dia parei para vê-lo jogar futevôlei na praia, pegar uma experiência. Ele era brabo demais.
Há muita pressão sobre Romarinho?
Ele é um amigão, uma pessoa fantástica. As pessoas confundem as coisas. Romarinho e Romário são pessoas diferentes. Falo com ele, na hora que fizer o primeiro gol, vai tirar um peso dos ombros.
Quem é você no grupo?
Gosto de levar alegria, não gosto de ficar apenas no papo sério. Quando o papo é sério demais, não fica legal. Quando chego ao Vasco, sempre tem alguém animando o grupo. É bom trabalhar assim. Você entra feliz para treinar.
Esse seu jeito é desde criança? Como foi sua infância?
Sou do interior, de Piranhas, em Alagoas, e minha infância foi maravilhosa, como deveria ser a de todas as crianças no Nordeste. Nunca passei fome, sempre tive tudo. Nasci na beira do Rio São Francisco, tomando banho de rio, pescando, jogando futebol. Sorri muito.
Fonte: Extra Online