Críticas a fórmula de disputa e arbitragem, guerra política envolvendo a dupla Fla-Flu e a Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (Ferj) e até broncas pedindo o fim do campeonato. O Carioca 2015 vive fora dos campos um ano conturbado. Mas, polêmicas à parte, as torcidas de Botafogo, Flamengo, Fluminense e Vasco compraram a ideia do estadual. Ao menos nos clássicos, seja dos Milhões, Vovô, Fla-Flu... A competição chega às finais com a melhor média de público dos últimos anos em jogos entre os quatro grandes nas fases classificatórias. Foram 187.173 pagantes nos seis confrontos, cerca de 31.195 por partida. É o maior número desde 2008, último ano em que a federação do Rio disponibiliza o borderô em seu site – consultada, a entidade informou que não possui esses registros das gestões anteriores.
De todos os clássicos esse ano, os maiores públicos são dos jogos envolvendo o Flamengo, um dos críticos do campeonato e da administração de Rubens Lopes na Ferj. Foram 51.085 pagantes em Flamengo x Vasco; 44.329 em Botafogo x Flamengo e 40.971 em Flamengo x Fluminense. Para a semifinal Vasco x Flamengo deste domingo, a parcial de ingressos vendidos até a noite de sexta-feira foi de aproximadamente 10 mil, contra 3.500 de Fluminense x Botafogo deste sábado. Para o presidente rubro-negro, Eduardo Bandeira de Mello, o grande apelo dos flamenguistas não vai de encontro aos protestos do clube contra a federação.
– A alta de público é totalmente explicada pelo Flamengo. Quem está indo mais é a nossa torcida, que está acreditando no time, no projeto. Não tem nada a ver com a atratividade do campeonato. Quanto mais reduzir datas nesse formato, melhor. Considero o Carioca ainda pouco atrativo e rentável em comparação a outros campeonatos – afirmou o presidente rubro-negro, que se mostrou confiante também em ter uma média alta de público no Campeonato Brasileiro.
A Ferj também não usa o bom público para defender o campeonato das críticas e atribui o apelo dos clássicos à rivalidade, campanha das equipes, envolvimento – já que nenhum time do Rio está na Libertadores – horários favoráveis e ingressos mais baratos. Porém, o blog "Dinheiro em Jogo" pesquisou que o preço dos bilhetes caiu R$ 2,76 em média de 2014 para 2015, e o tíquete médio – receita bruta dividida por número de pagantes – diminuiu de R$ 21,43 para R$ 18,67. A redução, percentualmente, foi de apenas 13%.
– As críticas maiores foram na esfera política. Os torcedores entendem que os clubes se reforçaram dentro das suas possibilidades e que estão encarando a competição com a seriedade que ela merece. O fator rivalidade também é fundamental, e torcedor quer ver é futebol. O Rio de Janeiro é provavelmente a única cidade do mundo com quatro grandes clubes de futebol. O público carioca sempre prestigiou os grandes confrontos, e são eles que perpetuam e aumentam as rivalidades esportivas. Os clássicos são as oportunidades de vermos o que temos de melhor. O público entendeu que houve uma tentativa de manter o acesso ao espetáculo o mais democrático possível, mesmo indo contra as forças que apontam para um futebol elitista. A presença de ídolos, horários compatíveis e preços acessíveis são fundamentais (para aumentar a média de público) – argumentou Rubens Lopes, via assessoria de imprensa.
Já a média de público geral do Carioca é de 4.442 pagantes, atrás da Copa do Nordeste (5.547) e do Campeonato Paulista (6.865) entre as competições nacionais. Uma das tentativas da Ferj para elevar a presença de torcidas nos jogos é a redução de participantes. Atualmente o estadual conta com 16 participantes, mas em 2016 esse número vai cair para 14, e em 2017, para 12. Além disso, a partir do ano que vem o formato de disputa voltará a ser dividido em dois turnos – Taça Guanabara e Taça Rio –, com dois jogos finais entre os campeões de cada fase. Modelo considerado ideal pelo presidente da federação.
Fluminense e Vasco podem tirar final do Maracanã
Apesar de o Maracanã ser o estádio que mais atrai público no Carioca, a decisão do campeonato corre o risco de ser disputada em outro lugar se Fluminense e Vasco forem os finalistas. Os dois clubes brigam por conta do lado direito das cabines de rádio para suas torcidas e já se mostraram irredutíveis à mudança. Sem o Maior do Mundo, o Engenhão aparece como melhor opção para uma eventual final entre as duas equipes. Porém, no único clássico este ano disputado por lá, somente 7.338 pagantes foram ao Fluminense x Vasco da sexta rodada – o local está funcionando com capacidade reduzida por causa das obras na cobertura e para as Olimpíadas de 2016.
Questionado se valeria a pena correr o risco de ter um público significantemente menor em outro estádio em caso de final entre Fluminense e Vasco, Rubens Lopes evitou comentar o assunto e disse que segue esperançoso por um consenso entre as partes. Do contrário, o eventual clássico realmente sairia do Maracanã.
– O ideal é que os clubes se acertem. Somos totalmente favoráveis ao entendimento.
O Vasco se apoia na conquista do Campeonato Carioca de 1950, o primeiro da era Maracanã, troféu que lhe deu o direito de escolher o lado de sua torcida. Já o Fluminense assinou em 2013 um contrato de 35 anos com o consórcio que administra o estádio, assim alega que o documento lhe garante um lado fixo para sua torcida. Desde então, os tricolores se posicionam do lado direito, e o clube chegou enfrentar o Vasco no Maracanã quatro vezes nessa disposição – todas com Roberto Dinamite da presidência do rival.
Fonte: GloboEsporte.com