A campanha da Federação de Remo do Estado do Rio de Janeiro (Frerj) pela construção de um CT nacional para a modalidade na área em que funcionava uma extinta academia de ginástica, atrás do Estádio de Remo da Lagoa, ganhou uma madrinha de peso. A remadora Fabiana Beltrame, do Vasco e da seleção brasileira deste esporte nas últimas três Olimpíadas, se disse disposta a conversar pessoalmente com o prefeito Eduardo Paes, para entregar a ele o projeto do centro de treinamento e explicar o quanto estas instalações seriam importantes para o futuro desta modalidade no país, após os Jogos de 2016.
Na semana passada, em visita ao GLOBO, o prefeito não escondeu sua contrariedade em relação ao projeto.
— Vou colocar a questão em debate. Se devo abrir aquela área para um parque para a população usar ou para os escritórios do remo — declarou.
Ao saber das declarações de Paes, Fabiana se disse disposta a solicitar uma audiência ao prefeito.
— Com certeza, estou disposta a conversar com o prefeito. Poderia explicar a ele o que é um CT, já que ele acha que serão vários escritórios. Não é nada disso — enfatizou. — O pessoal do remo merece o CT. O remo é um esporte tão tradicional no Rio (deu origem ao Botafogo, Flamengo e Vasco), mas ao invés de ganhar está perdendo cada vez mais espaço na Lagoa.
A campanha pela construção do CT, como legado pós-Olimpíadas havia sido lançada no dia 22 de março, na Lagoa, durante a regata de abertura do Estadual. Na ocasião, o presidente da Frerj, Paulo Carvalho, havia discursado no sistema de som do estádio, solicitando à prefeitura a concessão do terreno para um CT, para a seleção brasileira ter onde se reunir e treinar visando às grandes competições internacionais. Alguns dias antes, o governo do Estado anunciou que irá investir R$ 14 milhões para adequar o estádio às exigências dos Jogos. A ideia de Carvalho seria denominar o CT com o nome da própria Fabiana, que se sentiu surpresa com a homenagem. Já o presidente do Flamengo, Eduardo Bandeira de Mello, disse apoiar a iniciativa, embora queira que o CT tenha o nome de Buck (Guilherme do Eirado), treinador que fez história no Flamengo. O Brasil ainda não tem um CT para o remo. Na Alemanha, por exemplo, há sete CTs nacionais de remo.
Segundo Fabiana, um CT é fundamental para o futuro do remo no país, já que atualmente a seleção brasileira não tem onde se reunir, para treinar, para ficar alojada.
— O presidente da Federação do Rio está muito engajado e motivado em relação a este projeto — afirmou a atleta.
De olho nas Olimpíadas do Rio, em agosto de 2016, federações de remo de Holanda, Italia e Nova Zelândia estão interessadas em usar a sede nautica do Vasco na Lagoa, durante os Jogos, como base para seus remadores e comissões técnicas. Os contatos foram feitos por meio de amigos do técnico da equipe, Marcelo Neves.
— Ainda não fechamos com nenhuma dessas delegações. Estamos negociando. No fim do ano passado, durante o congresso da Federação Internacional de Remo aqui no Rio, várias treinadores de Estados Unidos, Canadá, Nova Zelândia, Austrália e Inglaterra visitaram nossa sede. A Holanda, por exemplo, poderá vir em outubro para treinar por duas semanas. A Nova Zelândia demonstrou interesse em fazer uma área VIP no salão ou no terraço da nossa sede — contou Neves. — A princípio, não seria pagamento em dinheiro, mas essas delegações poderiam fazer benfeitorias na nossa sede ou deixar no nosso clube barcos e remos que eles trouxessem para competir. Na nossa sede temos condições de hospedar cerca de 30 pessoas, em seis quartos. Outra possibilidade que estamos colocando para estas delegações é a de intercâmbio no futuro, para que nossos atletas futuramente possam treinar nesses países.
Independentemente dessas possíveis visitas, o Vasco já está tratando da importação de 13 barcos de uma fabrica alemã, para o restante do Campeonato Estadual. Como a próxima regata será em setembro, a diretoria espera que os barcos cheguem antes de 21 de agosto, quando o clube fará 117 anos.
Fonte: O Globo Online
