Vasco e Botafogo têm semelhanças na classificação e na captação de recursos financeiros

Domingo, 29/03/2015 - 08:19
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Com os mesmos 29 pontos, Vasco e Botafogo jogam neste domingo, às 16h, no Maracanã, de olho na primeira posição da Taça Guanabara. Embora lutem na parte alta da tabela, os dois times chegam ao clássico cercados de desconfiança. Na última quinta-feira, o Vasco precisou de um pênalti aos 45 minutos do segundo tempo para vencer o Boavista. Na véspera, o Botafogo não passara de um empate com o Barra Mansa.

O time de Doriva teve um problema de última hora. Bernardo, que jogaria no lugar de Dagoberto, chegou atrasado ao treino e foi cortado do jogo. Yago entrará em seu lugar. Já a equipe de Renê Simões não terá Marcelo Mattos e seu substituto, Fernandes, ambos suspensos por cartões amarelos. Gilberto e Carletto, que não jogaram na quarta-feira, voltam ao time.

EMPATE NA CAPTAÇÃO DE RECURSOS FINANCEIROS

Botafogo e Vasco não estão juntos apenas no G-4 do Carioca. Quando os times entrarem lado a lado no gramado do Maracanã Neste domingo, os torcedores verão a ponta de um universo semelhante quando o campo é o financeiro.

Com base em um estudo recém-concluído pelo consultor Amir Somoggi sobre as finanças dos clubes brasileiros, referentes ao ano de 2013, é possível constatar que, além do mesmo número de pontos na tabela do Estadual, Botafogo e Vasco "empataram" na captação de recursos. Enquanto o Vasco é o 10º no ranking, com receita total de R$ 159,7 milhões, o Botafogo está logo abaixo, em 11º, com R$ 154,4 milhões.

- Botafogo e Vasco sempre foram clubes que caminharam juntos, mas com mais potencial para Vasco em matéria de arrecadação - explicou Somoggi.

O Gigante da Colina, segundo Somoggi, ainda não encontrou uma maneira eficaz de viabilizar financeiramente a sua grandeza. Mesmo com títulos, torcida fanática e estádio próprio (com potencial para investimento pouco explorado), o clube de São Januário ainda está abaixo dos demais grandes do país.

- E isso só acontece porque o Vasco não encontrou uma estratégia de marketing adequada, com venda de produtos eficiente para explorar seu crescente fanatismo junto ao torcedor. O Vasco tem o perfil para alcançar a ponta do faturamento entre os times da Série A - garantiu o consultor.

O Botafogo precisa administrar a campanha da volta à Série A e um rombo no orçamento. Amir ressalta que o alvinegro teve o maior prejuízo da história do futebol brasileiro, com R$ 80 milhões no período. A segunda passagem pela Série B poderá reduzir ganhos e expectativa de crescimento de torcida.

- Antes, a Série B até ajudava, com toda a comoção pelo retorno, mas, agora, o papel se inverteu. No Rio, existem quatro forças e cada uma delas precisa buscar o seu espaço, mas isso fica mais difícil de acontecer quando há problema de gestão de recursos - disse Somoggi, que aponta o desequilíbrio financeiro como um dos fatores que levaram o time à queda:

- O Botafogo gastou mais do que poderia com o projeto Seedorf. O custo do seu departamento de futebol (R$ 167,7 milhões) foi o quinto do país, quase a mesma coisa que o Flamengo, que foi o segundo em bilheteria (R$ 48 milhões, contra R$ 14 milhões do Botafogo - mesmo valor do Vasco) e o primeiro em cotas de TV (R$ 111 milhões contra R$ 44 milhões do Botafogo).

O ranking se inverte e os clubes aparecem nas primeiras posições em matéria de dívidas. Neste quesito, Botafogo e Vasco ganham a companhia de Flamengo e Fluminense no top 5. O rubro-negro liderou a lista das dívidas totais dos clubes em 2013, com R$ 757, 4 milhões. A diretoria alega que já reduziu o valor para R$ 570 milhões. Em seguida, vem o Botafogo, com R$ 699,3 milhões. O Vasco é terceiro, com R$ 518,4 milhões, enquanto o Fluminense aparece na quinta posição, com R$ 422,7 milhões.

- Não era para estar assim, porque nenhuma força do país, salvo as de São Paulo, tem alcance nacional como as do Rio. Em outros estados, há mais torcedores de Flamengo, Vasco, Botafogo e Fluminense. O mercado é nacional - declarou Somoggi.

Beneficiados pelo refinanciamento das dívidas fiscais com o governo devido à Medida Provisória 671, os clubes terão que respeitar as contrapartidas. Um delas, a limitação de gastos com o departamento de futebol, fixada em 70%.

- Os clubes precisam rever seu modelo descontrolado de gastos sem viabilidade comercial. A bolha financeira do futebol é uma realidade, e agora é o momento dos clubes enfrentarem essa situação com austeridade - concluiu Somoggi.



Fonte: O Globo Online