Um título que entrou para história. Não tanto pela relevância do campeonato em si, mas pelos 90 minutos em campo da partida final. O ano era 2000, decisão da Copa Mercosul entre Palmeiras e Vasco. Os cariocas venceram por 4 a 3 e levaram o título. Que palmeirense não se lembra do jogo histórico por ter sido uma das maiores viradas do futebol brasileiro?
Primeiro tempo de jogo. Palmeiras foi absoluto em campo e logo fez 3 a 0. Foi para o vestiário em meio a gritos e comemorações de sua eufórica torcida. Impossível que o Vasco conseguisse reverter o placar? A torcida e o próprio time paulista pensavam que sim. Não foi o que aconteceu. Liderados por Romário, Juninho Paulista e Juninho Pernambucano , o Vasco, com um time muito mais qualificado tecnicamente, conseguiu a virada. Foram quatro gols dos cariocas no segundo tempo e o título da Copa Mercosul, que parecia impossível.
"No fundo, no fundo todo mundo já sabia que estava ganho". A afirmação é do treinador do Palmeiras na época, Marco Aurélio Moreira, que mesmo sem querer lembrar a grande derrota de sua carreira com o Palmeiras, comentou sobre o jogo com o UOL Esporte.
"Isso aí eu não quero lembrar não, quero esquecer. O nosso time era um ótimo time. Não tinha estrela, tínhamos ótimos jogadores que se encaixavam. Entramos com todas as determinações para fazer o resultado", lembrou.
Tudo se encaixou por 45 minutos, mas foi diferente no segundo tempo. "O Vasco ficou com 10 jogadores em campo (Júnior Baiano expulso no 1º tempo). Voltamos para o segundo tempo com 3 a 0 e nós, com um jogador a mais... Isso, ao meu entender, fez com que déssemos uma relaxada e achamos que estava ganho contra um time que era um dos melhores, ou melhor, do ano", comentou Marco Aurélio.
O Vasco não perdoou a "relaxada". Romário fez três gols e Juninho Paulista também marcou. Aos 48 minutos do segundo tempo, quando Romário fechou o placar, o Vasco se sagrava campeão da Copa Mercosul, de virada.
"Pensamos '3 a 1 tá bom'; veio 3 a 2 e quando acordamos os caras já tinham tomado conta do jogo e futebol tem destas coisas. Não tem outra explicação. Quando a gente estava ganhando por 3 a 0, houve certo 'já ganhou' e isso motivou os caras. Deu no que deu, infelizmente. Foi difícil. É para ficar com a cabeça inchada pelo menos um mês", ressaltou.
Um dos comentários da época foi de que o clima no vestiário palmeirense no intervalo da partida era de comemoração e de festa antecipada, o que Marco Aurélio nega. "Não tinha comemoração e nem nada. Tem que ter pegada, mas no fundo todo mundo já sabia, já está ganho. Pensávamos 'vamos cumprir os 45 minutos'", relembrou.
Ao contrário do que se possa pensar, o treinador Marco Aurélio não foi demitido após a virada histórica e deixou o Palmeiras três meses depois da partida. Passou por Cruzeiro, Ponte Preta, futebol japonês, Atlético-MG, Vitória e América-MG, ficou quatro anos desempregado até assumir o Bragantino em 2015.
Fonte: UOL (texto), Youtube (vídeo)