Confira a entrevista de Nei em que o jogador chegou às lágrimas

Domingo, 15/02/2015 - 17:29
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A emoção tomou conta de São Januário após o árbitro decretar o término do duelo entre Vasco e Macaé. A vitória por 3 a 0 não trouxe nenhum título para o Gigante da Colina, muito pelo contrário, mas jamais será esquecida por um dos jogadores mais vitoriosos do atual elenco. Afastado do time no final de 2013, o lateral-direito Nei deixou o gramado chorando após voltar a disputar uma partida oficial.

Campeão da Taça Libertadores, dentre outros títulos, o experiente jogador ficou cerca 473 dias sem fazer o que mais ama. Nos momentos de maior dificuldade, o paulista buscou apoio na família, principalmente na mãe Neide, na esposa Renata, nos filhos Victor e Laura e no enteado João Pedro. Em entrevista exclusiva à VascoTV, Nei abriu o coração e não escondeu a emoção ao falar sobre o retorno ao futebol.

- É difícil descrever o sentimento. Só eu, minha esposa, minha família e meus amigos, que estiveram sempre do meu lado, sabem o que passei. Para mim o sentimento é de vitória. Prova mais uma vez que com o trabalho certo, você consegue vencer. Por onde eu passei, eu fui campeão. Por onde eu passei, eu fui capitão. Por qual motivo eu não conseguiria numa equipe da dimensão do Vasco? Tinha uma dívida comigo mesmo. Onde eu passar, eu quero ser vencedor. Agradeço ao Vasco por me dar essa chance de trazer de volta o Nei que foi contratado e que foi vitorioso por onde passou - afirmou o atleta com exclusividade.

Confira a entrevista concedida pelo lateral Nei à VascoTV:

O que significou para você todo esse momento?

"É difícil descrever o sentimento. Só eu, minha esposa, minha família e meus amigos, que estiveram sempre do meu lado, sabem o que passei. Não falo apenas do ano passado, o cito pelo fato de ter sido nele que não pude fazer o que mais amo, que é jogar futebol. Passava o tempo todo treinando. Sou um cara que gosto de treinar, mas treinar sozinho é complicado. Tem a parte de 2013 que eu não joguei também. Para mim o sentimento é de vitória. Prova mais uma vez que com o trabalho certo, independente das coisas que são feitas a você, que são destinadas, você consegue vencer. Mesmo você não merecendo, você fazendo certo e tendo as pessoas certas ao seu lado, você vai vencer. A minha esposa sempre esteve do meu lado e vou ser sempre grato. Vitória e gratidão ao Vasco, por me dar essa chance de trazer de volta o Nei que foi contratado, que foi vitorioso por onde passou".

Sem a sua família teria sido impossível superar tudo isso?

"Impossível é uma palavra muito forte. Não costumo usá-la. Impossível é você voltar da morte. Mas seria muito mais difícil, pois ela era o meu apoio, a minha motivação. A gente tem que ter uma motivação na vida. Eu tenho, que são meus filhos, minha esposa. Eu vou falar muito nela porque ela me ajudou muito. Quando eu voltava para casa depois de mais um treino sozinho, era ela que estava do meu lado e me dava muita força. Tem minha mãe e meus irmãos, mas eles estavam longe. Minha esposa estava do meu lado todos os dias. Ela via como eu tava mal, como eu tava chateado por não fazer o que mais gostava. Eu não digo que seria impossível sem eles, mas seria dez vezes mais difícil".

Como define sua família, sua esposa?

"Razão da minha vida, minha força, minha alegria e meu tudo".

O que passava pela sua cabeça quando você vinha treinar sozinho em São Januário?

"Superar. Eu costumo falar que na vida tudo é desafio para você. Cabe a você escolher. Se desiste ou se supera. Eu uso e tenho a frase do Rocky tatuada no meu corpo: 'Ninguém vai bater tão forte quanto a vida'. Quando você apanha, quando você cai, tem que se levantar. Assim você vai seguir em frente. Foi mais um soco que eu tomei na vida. Cai, mas graças a Deus, a minha esposa e aos meus filhos, eu venho me levantando. Um vencedor depois de um tombo sempre volta mais forte".

Como era conviver com críticas?

"Todo torcedor, todo crítico, tem direito de criticar pelo que é feito dentro de campo, não fora dele. Todo mundo conhece o atleta ali, fora dali ninguém conhece. Sou um ser humano normal como qualquer outro torcedor. Eu tenho uma vida, eu tenho uma família para cuidar. Sou o alicerce, o pilar, da minha família. É ruim você chegar e ser vaiado. Eu não tive grandes atuações, mas também não mereci tudo que foi passado. O que eu lembro hoje é do dia ontem, dos aplausos e do meu nome sendo gritado. Isso que vou levar para mim. Tenho um carinho especial pelo Vasco, pela torcida. Não queria sair daqui. Tive a oportunidade para sair, mas disse não. Queria provar que podia estar aqui. Graças ao presidente Eurico Miranda, ao Doriva, aos companheiros, eu tive essa chance e provei. Quero continuar provando que tenho condição".

Você tinha uma dívida consigo mesmo?

"Com certeza. Por onde eu passei, eu fui campeão. Por onde eu passei, eu fui capitão. Por qual motivo eu não conseguiria numa equipe da dimensão do Vasco? Tinha uma dívida comigo mesmo. Onde eu passar, eu quero ser vencedor. Quando eu parar de jogar, que olhar para trás e ver que fiz tudo que um vencedor faz. Eu conquistei títulos, eu conquistei vitórias. Aqui não pode ser diferente. Não com a dimensão que o Vasco, não com a torcida que o clube tem. Eu não posso. Quero sair daqui de cabeça erguida. Vou fazer o meu melhor para conquistar o título"

Você acreditava que seria aplaudido um dia pela torcida do Vasco?

"É difícil você pensar nisso. Primeiro eu queria entender o que estava acontecendo comigo, até mesmo pelo atleta e pelo profissional que eu sou. Sou um cara profissional ao extremo, que se cuida e que estar sempre à disposição para ajudar o grupo. Quero sempre vencer, independente de estar jogando ou não. A minha maior pergunta era isso. O que eu fiz para merecer estar daquele jeito? Foi difícil encontrar respostas, entender o motivo que me levou chegar naquela situação. Depois foi pegar forças para trabalhar. Depois que compreendi o que me impediu de fazer o que mais gosta, comecei a trabalhar para voltar. Graças a Deus estou aqui hoje".

A frase "os humilhados serão exaltados" se aplica bem a você?

"Olha, cabe um pouco, pois foi uma situação ruim. Em algum momento, por algumas pessoas aqui dentro, posso dizer que fui humilhado sim. Mas eu uso outra frase: "Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não temeria mal algum, porque o senhor está comigo; a tua vara e o teu cajado me consolam".

O que você falaria agora para a sua família, que esteve sempre ao seu lado?

"É difícil. Aí você me emociona. Falar para minha família? É só agradecer. Não tenho outra palavra para usar com minha esposa, com minha mãe, meus irmãos e meus filhos. Só agradecer por estarem sempre ao meu lado nos momentos mais difíceis. Nos momentos bons é fácil você estar do lado, mas nos difíceis você vê quem realmente gosta de você. Muito obrigado, amo vocês e vocês são minha vida".

E para a torcida?

"Digo obrigado a torcida. Sei que a impressão que ficou do Nei não foi boa. Só tenho que agradecer. Nesse jogo, eles me deram total respaldo e me ajudaram. Eu quero mostrar para ela que tenho condições. Eu vou fazer de tudo para ter a torcida do meu lado. Como falei, eu quero títulos. Para o Vasco ser grande, a torcida precisar estar do lado. Assim fazemos uma união muito forte e traz a força que o Vasco sempre teve".



Fonte: Site oficial do Vasco