Nas internas do Flamengo, o ex-goleiro Bruno, hoje preso pelo assassinato de Eliza Samudio, costumava dizer que Marcinho era “dodói da cabeça”, por conta do comportamento errático do jogador fora dos gramados. Sete anos depois, o meia admite que saiu dos trilhos quando era mais jovem e agora, aos 30, encara a responsabilidade de ser referência para um elenco de garotos no Vasco.
- Claro que perdi meu foco um dia. Todo jogador tem esse momento. Você perde um pouco a cabeça por se achar, por ganhar muito dinheiro, ainda jovem - diz ele.
No começo de 2008, então com 24 anos, Marcinho chegou à Gávea e emplacou boas atuações, recheadas de gols. Mas passou a aparecer fora do noticiário esportivo com bastante frequência. Só em julho daquele ano, foi acusado de agressão por garotas de programa numa festa no sítio de Bruno e teve seu nome ligado a um atropelamento na Rocinha. Concentrado para um jogo do Brasileiro, deixou o hotel direto para o aeroporto, rumo ao futebol do Qatar e para longe das confusões que ameaçavam sua carreira.
- Saí do Rio, uma cidade que oferece todo tipo de diversão, e fui para um país árabe, onde não se vende bebida alcoólica na rua. Hoje agradeço o que vivi no Qatar, por ter me transformado em uma pessoa melhor - conta.
Kleber Leite, vice-presidente de futebol do Flamengo na época, concorda:
- Não queríamos, mas o Flamengo se viu obrigado a negociá-lo. Ficou claro que ele precisava deixar o Rio. E a saída foi boa para ele.
Hoje Marcinho já se permite falar um pouco como veterano. O meia reclama da falta de comprometimento da nova geração e avisa à torcida que o Vasco não pode prometer títulos, por ainda estar atrás de outras equipes. Depois de tudo que viveu, tem bagagem para isso.
- Passo uma certa experiência para os jogadores, converso sobre situações que aconteceram comigo. Procuro encaminhar os mais novos para um direção correta. A carreira de jogador é curta - explica o jogador.
Em São Januário, Marcinho tem agradado os dirigentes pela postura. Se em campo a atuação de encher os olhos ainda não veio - embora ele garanta já estar completamente readaptado ao futebol brasileiro -, fora dele não há ressalva a ser feita.
- O começo está exemplar, com comportamento de atleta. Teve dificuldade no passado, mas conosco está bem. Não tivemos receio em contratá-lo - afirma José Luiz Moreira, vice de futebol.
Fonte: Extra Online