Futebol e carnaval têm muito em comum. E quando essas duas grandes paixões lutam pelo espaço no coração do torcedor, às vezes o único caminho é encontrar uma forma de unir tudo num único pacote. Foi o que fez José Félix, o Fera, de Porto Velho. Um torcedor apaixonado pelo Vasco desde quando se lembra e também um festeiro de mão cheia. Ao assumir a presidência do time de futebol de Rondônia criado, com o mesmo nome, para homenagear o Cruz-Maltino nos campos, ele aproveitou para ir além dos gramados e estruturou o bloco carnavalesco do clube.
Com uma longa história no futebol local, guiada pela Cruz de Malta, e mais títulos do que o próprio presidente consegue lembrar, o Vasco-RO também teve uma longa tradição carnavalesca. Enquanto um dos melhores times da capital jogavam contra Botafogo, Ferroviário ou o eterno rival, o Flamengo-RO, a comunidade festejava nos bailes do clube.
HISTÓRIA DO VASCO-RO
O Vasco rondoniense foi criado em 1952 pelo comerciante Anibra Cunha, com a ideia de unir os torcedores do Vasco carioca. Em 1961, o acreano José Félix chegou em Porto Velho e logo se juntou ao grupo. Pouco tempo depois foi eleito presidente, cargo que ocupa até hoje.
– Quando cheguei aqui o futebol era bonito de ver. Não jogávamos por dinheiro, até porque não havia pagamento. A rivalidade era grande, e a torcida enchia os estádios. Como eu era muito ligado ao time e ao Vasco, os criadores me entregaram o clube. Muitas pessoas talentosas trabalharam no nosso Vasquinho e o ajudaram a chegar onde chegou – disse o Fera.
Veterano do futebol local, Serrão também lembra com nostalgia da era de ouro do esporte no estado. Jogando pelo Vasco-RO em 1962, conseguiu ajudar o time a disputar o antigo Copão da Amazônia e dar um show em campo.
– Na época, nós tínhamos jogadores muito bons mesmo no amador, jogadores que fizeram história no futebol daqui. Para falar a verdade, o Vasco foi a minha salvação. Na época, eu morava em Santarém (PA), arranjei confusão por causa de mulher e, como não queria casar, descobri que tinha um time em Rondônia que precisava de jogador. Por isso vim para cá. Com o tempo chegou o futebol profissional, e os times amadores morreram – lembrou Serrão.
O FUTURO COM BOLA E SERPENTINA
Apesar da queda do futebol amador com a profissionalização, Fera afirma que o Vasco de Rondônia não morreu. O clube está adormecido e esperando para voltar à ativa. O futuro reserva jogos, talvez até mesmo no profissional, e um bloco de carnaval desfilando a Cruz de Malta no berço branco e preto.
– O nosso clube é um dos maiores do estado e tem muitos sócios. Na época, não consegui profissionalizar o time por um impedimento da federação, e acho até que isso foi bom. Mas hoje temos capacidade de trazer de volta o nosso Vasquinho para fazer bonito em Porto Velho, assim como o meu Vascão faz no Rio de Janeiro. Tenho vontade de colocar o clube nas competições de novo, porque sei que se fizer isso muita gente vai querer vestir a camisa do time. O carnaval também está nos planos, e as marchinhas vão falar de como nós somos felizes como alvinegros. O futuro do Vasco vai ser muito bom, tanto o daqui, como o de lá.
MARCHINHAS
Félix é tão apaixonado por futebol quanto por carnaval. Ele é autor de várias marchinhas que enaltecem a glória do time rondoniense que comanda. Em vídeo, acompanhado de alguns dos latidos de alguns cachorros ao fundo, ele canta as marchinhas que embalavam a festa do clube em Porto Velho, capital de Rondônia. Ele ainda aproveita para enviar um abraço para o ex-presidente e ídolo do Vasco, Roberto Dinamite.
(Clique aqui para assistir ao vídeo)
José Félix à direita com camisa preta e faixa branca |
José Félix, o Fera, com o seu título de sócio torcedor do Vasco |
Fonte: GloboEsporte.com