Especialista afirma que Doença de Chagas na forma indeterminada, caso de Everton Costa, não impede a pessoa de ser atleta

Sexta-feira, 13/02/2015 - 19:40
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Médico especializado em cardiologia do esporte, Nabil Ghorayeb participou por telefone do “Arena SporTV” de quinta-feira e comentou sobre o caso de Everton Costa, jogador que teve sua carreira abreviada aos 29 anos por conta de problemas cardíacos. Sem entrar no caso específico do jogador por conta das limitações da ética médica, ele falou sobre as acusações do empresário Jorge Machado, que disse que o Santos teria escondido um diagnóstico de doença de Chagas na chegada do atacante ao clube, em 2013. Posteriormente, no Vasco, ele passaria pelo problema cardíaco.

- O fato de ter alguma alteração no sangue de alguma doença, como a de Chagas, que acomete 5% da população brasileira, não quer dizer que ele tenha a doença ativa. E pelas diretrizes brasileiras de cardiologia do esporte, esse tipo de alteração não impede a pessoa, desde que tenha exames funcionais do coração normais, de que ela possa praticar atividades até profissionais. Essa é a conduta com todos. Se as alterações são só no exame de sangue, pedimos para que se repita os exames periodicamente porque pode acontecer de ter um gatilho biológico que desencadeie o processo de uma doença na pessoa. Se tenho, por exemplo, só a chamada forma laboratorial da doença de Chagas, que é chamada de indeterminada, com eletrocardiograma, teste ergométrico e ecocardiograma normais, ele pode ter um evento tipo uma gripe H1N1, por exemplo, ou uma dengue, e essa outra doença pode ser o gatilho do aparecimento de uma nova doença de Chagas, aí sim com gravidade ou não - explicou ele.

Desta forma, portanto, segundo Ghorayeb, o Santos não teria obrigação de vetar Everton Costa das atividades físicas tão logo os exames apontaram sinais de doença de Chagas em forma indeterminada (forma laboratorial) no sangue do atleta.

- Desde que não tenha risco de vida e alterações nós não proibimos (a atividade física). Já tivemos casos de corredores com doença de Chagas que não quiseram seguir as recomendações, com a doença instalada, dando alterações no coração. Era recomendado não seguir a atividade esportiva. Um deles teve um derrame cerebral há uns três ou quatro anos em uma das provas de corrida e ficou com sequela. Ele me disse que receberia R$ 3 mil para usar uma camiseta com patrocinador e não queria perder a chance. Infelizmente aconteceu. Ou seja. Ter doença de Chagas não pode praticar esporte. Tê-la na forma indeterminada, não existe nenhum lugar no Brasil ou mundo que tenha direito trabalhista de impedir que a pessoa faça sua profissão, por exemplo um atleta profissional - apontou.

Nabil Ghorayeb disse que os médicos do Santos foram informados sobre a alteração e que, como não havia riscos, deveriam decidir como conduzir a situação. Em nota oficial, o clube disse que os exames não apontaram restrições para o jogador, apenas recomendaram a repetição do procedimento a cada seis meses. E que as alterações foram mantidas em sigilo médico.

O último jogo de Everton aconteceu em 16 de abril de 2014, na vitória do Vasco por 1 a 0 contra o Resende, pela Copa do Brasil. Na ocasião, o jogador se sentiu mal no inicio do segundo tempo e foi atendido ainda em campo. Após seis dias de internação, passou por uma cirurgia para implantar um desfibrilador no peito. Apesar da luta, não conseguiu voltar a praticar esporte.

Fonte: Sportv.com