São Januário é um caldeirão que ferve não pelo que tem acontecido em campo, mas sim pela guerra entre dois grupos da mesma torcida organizada do Vasco. Divididos pela disputa de poder e separados na arquibancada para que não entrem em choque, preocupam o tenente-coronel João Fiorentini, comandante do Grupamento Especial de Policiamento em Estádios (Gepe). Sincero, ele faz um alerta: caso a animosidade não diminua, o conflito poderá ganhar proporções incontroláveis:
— A cada dia, a situação fica mais complicada, a rivalidade entre as torcidas só aumenta. Já tivemos vários conflitos entre eles, desde o ano passado. Eles querem se enfrentar. Estamos fazendo o que é possível, mas terá um momento em que não conseguiremos evitar algo pior.
A rixa é antiga. Na Justiça, o grupo atual venceu a eleição para presidir a facção. A prisão de alguns líderes após barbárie em Joinville, na partida ente Vasco e Atlético-PR, no fim de 2013, fortaleceu a oposição e acirrou a crise .
Ano passado, a disputa esquentou com a eleição para presidente do Vasco. A atual diretoria apoiou Roberto Monteiro. Já a oposição ficou com Eurico Miranda. O ápice foi a batalha no lado de fora de uma convenção de Eurico, com direito a tiros e facadas.
Reeleito, o dirigente nega que esteja abastecendo de ingressos o grupo aliado no pleito. E lavou as mãos sobre o conflito em curso:
— Desde que a briga não seja dentro do Vasco, isso não me afeta em nada.
Fiorentini concorda, mas admite que um auxílio do clube poderia ser bem-vindo:
— Esperamos que os clubes possam sempre ajudar. O Vasco garantiu que não está dando ingressos. Se não tomar partido, já está bom.
Apelo à Polícia Civil e ao Jecrim
É como se estivesse enxugando gelo. Entre dois grupos que buscam o conflito, torcedores do mesmo clube, frequentadores do mesmo estádio, a polícia miliar vê seu trabalho para evitar os episódios violentos mais difícil do que o normal.
Questionado sobre o que ainda pode ser feito, Fiorentini fez um apelo para outras autoridades:
— Da nossa parte, fazemos tudo que podemos. Agora é da parte da polícia civil, para chamar os dois grupos para depor, para ver se estão cometendo crime de formação de quadrilha. Conversei com o Jecrim (Juizado Especial Criminal). Estão procurando fazer o que é possível.
Nos cálculos do Gepe, há entre 800 e mil torcedores envolvidos diretamente na disputa de poder na torcida. O clima ruim tem feito, segundo Fiorentini, alguns torcedores deixarem São Januário com medo das brigas. Para ele, o quadro é preocupante para os clássicos:
— Além dos conflitos entre as torcidas rivais, há conflitos na torcida do Vasco, do Botafogo. Tenho informação de que na organizada do Fluminense também tem.
Fonte: Extra Online