O Campeonato Estadual começa somente no próximo dia 31, mas os 16 clubes participantes já estarão trocando passes e carrinhos nesta quinta-feira, na sede da Federação do Rio. O preço dos ingressos será o tema principal do Arbitral, com início às 15h. Na preliminar, por volta das 13h, entrarão na sala do presidente da Federação, Rubens Lopes, dirigentes de Fluminense e Vasco, para outra disputa: qual das duas torcidas ficará posicionada ao lado direito da tribuna de honra do Maracanã, no clássico do dia 22 de fevereiro?
Por que o Regulamento Geral das Competições prevê multa de R$ 50 mil ao clube que fizer críticas que esvaziem os torneios organizados pela Federação do Rio?
Pode criticar, sim. Mas não pode denegrir. A intenção é não depreciar o produto. Não foi uma decisão da Federação, mas dos próprios clubes, na assembleia geral do dia 5 de dezembro. São 16 sócios interessados em tornar o produto rentável.
Mas o advogado Michel Assef, representante do Flamengo, nega que o assunto tenha entrado em votação...
Ele está jogando para a galera. Ou, talvez, com amnésia.
O senhor não acha que isso é censura?
Não vejo como censura. É assim na NBA e na Fórmula 1. Alguém vai serrar o galho da árvore em que está sentado?
Haverá então punição caso um jogador diga que a “Federação é uma vergonha”, como fez o Sheik em relação à CBF?
Discordo de quem usa esse exemplo. A multa em questão não está relacionada à entidade, mas a críticas que esvaziem o Campeonato.
O que o senhor acha da média de público de 2.828 pagantes no Estadual 2014?
Foi bem baixa. Porém, o Fla-Flu de 1963 reunia 200 mil pessoas no Maracanã, mas só via o jogo quem estava lá. Hoje, com a televisão, milhares de pessoas assistem à partida. É preciso diferenciar a presença do público do interesse no produto. A audiência mostra que o Campeonato foi atrativo. O Campeonato é disputado numa época que não é favorável, com festas de fim de ano, IPTU, IPVA, material escolar, calor... E há também uma carência de ídolos.
Qual é a sua expectativa em relação ao público pagante em 2015?
A tendência é que aumente. Acho que os clubes vão optar por preços mais compatíveis. Não se pode elitizar. Vamos tentar setorizar o Maracanã. O ideal é que o ingresso para o setor atrás do gol custe no máximo R$ 20. No Engenhão, também. E nas laterais, sim, que se estabeleça um preço mais alto.
O que o senhor achou da promessa do prefeito Eduardo Paes de ingressos a R$ 1?
Comigo, ele não falou nada. Temos que pensar o futebol com a perspectiva futura, e não de forma pontual. Essa sugestão, só para o Engenhão, talvez seja em função da comemoração dos 450 anos da cidade. Não sei se o ingresso a R$ 1 é viável, factível ou produtivo. Temos que pensar em ações futuras que tenham sequência progressiva e ascendente.
O senhor gosta da fórmula atual do Campeonato, com a disputa da Taça Guanabara e os quatro primeiros colocados se classificando para as semifinais?
Eu preferia o modelo anterior, com turno e returno.
Os clubes pequenos do Rio são mais fracos do que os do interior de São Paulo?
São. Economicamente, os de São Paulo são melhores. As cidades são mais ricas... E, lá, há estádios no interior, o que falta aqui.
Teremos dificuldades com estádios ?
Além do Engenhão, que será liberado, o campo do América foi aprovado pela televisão. E teremos o do Bangu, que está em reforma. O problema são os jogos noturnos, pois só Engenhão, Maracanã e São Januário têm sistema de iluminação adequado. Acaba-se tendo custo alto realizando nesses estádios jogos que poderiam ter um custo menor em outros.
Os assistentes de linha serão usados?
A tendência é que não sejam usados. Para as semifinais e finais, vamos ver se usamos a tecnologia que a Copa deixou no Maracanã.
A arbitragem foi o ponto negativo do Campeonato do ano passado?
Pelo contrário. Foi o ponto alto.
Os vascaínos pensam assim?
Os vascaínos têm delírio persecutório (risos). A arbitragem do Rio é a mais preparada do País. A questão é que os métodos de diagnóstico são sensíveis e não podem ser usados em benefício do acerto, mas apenas no diagnóstico do erro. Sou a favor da tecnologia.
Por que a Federação custou a entregar as bolas para os clubes que fazem pré-temporada?
Estávamos em recesso e botamos um plantão aqui no dia 7 para o recebimento das bolas da Topper. O Flamengo levou 30 bolas. E a bola é a mesma do ano passado. Deveriam fazer uma sindicância para ver o que os clubes fizeram com as bola do ano passado. Venderam?
O Campeonato Estadual está em extinção?
Não vai acabar nunca. Se o Estadual acabar, pelo menos dois clubes acabam também. O clube vive de títulos e de rivalidade regional. E tem clube que não vai ser campeão nunca mais ou que vai demorar a gritar “é campeão” se o Estadual acabar.
É certo que a torcida do Flu não ficará à direita da Tribuna do Maracanã?
O Fluminense não fica naquele lado. O Fluminense alega que tem contrato, mas não mostra, embora eu tenha pedido duas vezes. Convoquei o Vasco e o Fluminense para uma nova reunião na quinta-feira (amanhã) e estou pedindo pela terceira vez que o Peter (Siemsen) traga o contrato. Por força do regulamento, eu posso decidir, mas meu objetivo não é criar confusão. Se os dois clubes não chegarem a um consenso, o jogo não será no Maracanã. E, se houver algum problema com o Engenhão, o Fluminense vai acabar jogando em São Januário, com 10% dos ingressos. O Vasco ficaria com 90%. E a renda seria dividida.
Por que o senhor acha que a torcida do Vasco é que deve ocupar o lado direito?
Desde a inauguração do Maracanã, o Vasco sempre esteve do lado direito e, o Flamengo, do esquerdo. Eu, o Roberto (Dinamite) e o Peter passamos dois dias aqui discutindo isso. Aí, chegou um momento em que o Roberto disse: “Deixa, deixa...” Foi opção do Roberto. Foi uma mera liberalidade do Roberto naquele momento. Mas não criou direitos, nada oficial. Agora, o Eurico diz que não abre mão.
Fonte: Extra Online