Nei: 'Realmente eu não tenho o cruzado anterior. Só isso, mas a minha coxa me protege'

Quarta-feira, 07/01/2015 - 09:40
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O ano de 2014 não traz boas lembranças para Nei em termos profissionais. Por decisão da antiga diretoria do Vasco, que alegou questões financeiras, o lateral direito passou toda a temporada treinando em separado. Neste longo período, chegou a evitar assistir jogos de futebol para não se deprimir e buscou forças na família e em seus hobbies nas horas vagas: o muay thai, o jiu-jitsu, a musculação, o piano e o violão.

A indefinição quanto ao futuro ainda persiste, embora suas esperanças estejam renovadas de que voltará a ser reintegrado ao elenco. A pedido da nova gestão do clube, se reapresentou somente quatro dias após o grupo e passou pela mesma bateria de exames que os demais. Um em específico, porém, poderá ser crucial para uma definição de sua situação: o ortopédico.

Nei não possui o ligamento cruzado anterior do joelho direito, fato que o faz sempre ter de debater a questão em início de temporada ou em transferências de clubes. O jogador, no entanto, rechaça o rótulo de "problema crônico".

"Isso é mentira. Lesão eu tive em 2008. Se pegar meu currículo, até 2012 ele foi de vitórias. Foram 180 jogos pelo Inter em três anos. Realmente eu não tenho o cruzado anterior. Só isso, mas a minha coxa me protege. O que falta, às vezes, é coragem de algumas pessoas, como fez o doutor Clóvis Munhoz (ex-médico do Vasco), que virou para mim e disse que eu tenho perfil de atleta, corpo de atleta e que isso me defende. Nunca fiquei fora por causa de joelho. Ele está muito forte", garantiu em entrevista ao UOL Esporte na semana passada.

Aos mais pessismistas, costuma propor um contrato de risco para provar que não tem qualquer tipo de restrição por conta do problema.

"Falo para todo mundo: 'Não tenho o cruzado. Quer fazer contrato de risco? Eu faço'. Uma pessoa que tem problema crônico não aceitaria fazer um contrato de risco. Confio em mim e na minha força. Tenho perfil de atleta, corpo de atleta, treino como atleta e vivo minha vida como atleta. Nunca você vai ver o Nei na balada, bebendo... Estarei sempre treinando. Mas tem gente que prefere outro perfil de jogador", lamentou.

Sincero, Nei admitiu que o afastamento em 2014, ainda sob a gestão Roberto Dinamite, fez com que ele até mesmo evitasse acompanhar jogos de futebol pela televisão.

"Acompanhei muito no começo, até porque tem muita gente que eu respeito lá dentro. Jogadores que são amigos, como o próprio Guiñazu. Mas depois de um certo momento, parei de ver, porque acabava me magoando, me machucando, então parei de assistir futebol. Me abdiquei completamente. Era raro. Vi somente alguns jogos da Copa", disse.

Com a esposa Renata e os filhos Vitor e Laura, o lateral ganhou forças para seguir treinando. Já os hobbies aliviaram seus momentos de estresse.

"Eu adoro ler, leio muitos livros, mas o que me aliviava eram meus filhos, minha esposa, tocar piano, violão, e praticar muay thai, onde era o meu momento de extravasar. Era bom para descontar o peso, a raiva".

Bem articulado e de fala tranquila, ele garante não guardar mágoas da gestão Roberto Dinamite, apesar de enfatizar que, em sua opinião, faltou "profissionalismo" e "hombridade" para lhe procurarem dando uma satisfação.

Esperançoso em um retorno, o jogador gira todo o seu foco para voltar a viver bons momentos que o fizeram chegar à Seleção Brasileira olímpica, em 2008.

"Quero recuperar isso que perdi quando vim para o Rio. Estou ansioso com a nova oportunidade. É uma chance de renascer, de trazer o Nei do Internacional, do Atlético-PR, que chegou à Seleção. Eu sei que tenho essa condição. Acabei não vivendo um bom no Vasco por questões extracampo".

De acordo com o vice-presidente médico do Vasco, Dr. Egas Manoel, os resultados dos exames de Nei chegarão às suas mãos nesta quarta-feira e, caso não seja apresentada nenhum tipo de restrição, o jogador seguirá para Pinheiral (RJ) até o fim da semana.

Fonte: UOL