Governo do Rio admite que pode ter que licitar novamente o Maracanã

Terça-feira, 06/01/2015 - 05:37
comentário(s)

O governo do estado do Rio admitiu, nesta segunda-feira, a possibilidade de ter que licitar o Maracanã novamente. Esse foi o alerta dado pela Procuradoria Geral do Estado (PGE) ao governador Luiz Fernando Pezão. Segundo ele, o órgão disse que, com a mudança no valor a ser pago de mora (aluguel do estádio por 35 anos) de R$ 775 milhões para R$ 281 milhões, as condições do contrato poderiam mudar. Com isso, empresas que ficaram de fora na primeira concorrência poderiam entrar na nova disputa, porque as garantias apresentadas passam a ser menores.

A mudança de valor aconteceu devido à dificuldade que a atual concessionária tem para equilibrar as contas do Maracanã. Fechando no negativo em cerca de R$50 milhões/ano, a administradora pediu um reequilíbrio de receita, já que ela não terá mais a renda complementar que era prevista no edital de licitação.

— Mudou muito o escopo da licitação do Maracanã. Estamos discutindo com a Procuradoria Geral do Estado se poderíamos manter a licitação. Havia investimentos ali de R$ 600 milhões. Mas já que não vai fazer o Júlio de Lamare novo, o Célio de Barros novo... Era prevista ainda a construção de um shopping e de um estacionamento. Nada disso vai dar pra fazer ali desde o momento que se optou por recuperar os estádios no mesmo local.Estamos vendo se pode ser mantido. As obrigações caem de R$ 600 milhões para R$ 100 milhões. Será que com esse valor outras empresas que ficaram de fora não entrariam? Eu pedi para a PGE dar seu parecer — declarou o governador Pezão, em evento de posse dos novos secretários, no Palácio Guanabara.

Ao GLOBO, Pezão disse estar tratando diretamente com a PGE a questão por causa do prazo das obras do Júlio de Lamare, que em novembro precisam estar prontas. O Parque Aquático será sede do polo aquático nas Olimpíadas e receberá um evento teste no fim do ano. O Maracanãzinho também precisa passar por reformas para os jogos.

Quando o polêmico edital foi lançado, em fevereiro de 2013, ele previa que quem levasse o direito de explorar o Maracanã e Maracanãzinho pagasse um aluguel mínimo de R$ 4,5 milhão/ ano - o vencedor ofereceu R$ 5,5 milhão/ano, valor em vigor -, por 33 anos, e que se gastasse R$ 594 milhões em obras. Essas obras seriam a demolição e construção, em novo lugares do: Estádio de Atletismo Célio de Barros, do Parque Aquático Júlio de Lamare, da Escola Municipal Friedenreich e do Presidio da Quinta e do Museu do índio (que daria lugar ao Museu do Futebol). No lugar dos prédios que existiam no complexo seriam construídos dois estacionamentos com lojas e praças de alimentação que complementariam a renda do administrador. Depois de diversos protestos e forte pressão popular, o então governador Sérgio Cabral resolveu manter as construções e, com isso, outros lugares começaram a ser procurados para que o complexo de lazer pudesse ser erguido.

Sem essa renda extra a conta não fecha. É o que alega o consórcio. Para isso, o grupo pediu ao governador que recalculassem o aluguel e se chegou ao valor de R$ 100 milhões em obras, mais os R$ 5,5 milhões/ ano. Isso seriam investidos na reconstrução - no mesmo local- do Célio de Barros, na reforma Maracanãzinho e do Júlio de Lamare. Porém, a PGE desconfia que isso não possa ser feito e analisa o caso. Pezão pede pressa:

— Estamos vendo o que pode ser feito. Mas estou acompanhado de perto, conversando com os membros do PGE para que a resposta possa ser dada o mais rápido possível. Não quero atrasar nenhuma obra. Os equipamentos serão recuperados assim que resolvermos essa questão da licitação. Mas para as Olimpíadas já estarão prontos — disse ao GLOBO o governador.

Fonte: O Globo Online