Figura emblemática, Eurico Miranda completa nesta sexta-feira um mês de retorno à presidência do Vasco dando sinais de quais são suas primeiras prioridades no comando: equacionar as dívidas e lutar por uma divisão mais igualitária das cotas de TV aos clubes brasileiros.
Frisando sempre a situação dramática em que encontrou o Cruzmaltino, ele se debruçou nos milionários débitos acumulados em São Januário e tomou medidas radicais. A primeira delas foi um corte expressivo no quadro de funcionários e no departamento de futebol, assim como um limite estipulado para salários que, salve exceções, não ultrapassarão os R$ 100 mil.
Em seguida, voltou seu foco totalmente para a obtenção das Certidões Negativas de Débito. Em 20 dias na presidência, utilizou-se de sua influência política para angariar junto a CBF, ao banco BMG, à Globo e à parceira Umbro, cerca de R$ 14 milhões para regularizar a situação fiscal do Cruzmaltino com a Receita Federal.
Tal valor quitou não só todas as dívidas com o órgão como também liberou os R$ 3 milhões referentes à última parcela de patrocínio da Caixa Econômica Federal, estatal que já estabelece conversas para uma renovação e que poderá render mais que os R$ 15 milhões da última temporada.
A quantia restante foi utilizada para pagar o mês de outubro para grande parte de funcionários e jogadores.
"Em menos de 20 dias, pagamos R$ 14 milhões. Veja bem, não foram 14 tostões, foram R$ 14 milhões de impostos de 2014. Queríamos dar uma prioridade ao futebol, mas tivemos que ter essa obrigação, que não era nossa. Além disso, assumimos com dois meses de salários atrasados e conseguimos, de imediato, regularizar pelo menos um. Mas isso não nos tira do objetivo de fazer um time competitivo. Pode ser que o título não venha, mas vamos brigar por ele com certeza", disse Miranda em coletiva recente.
Outra batalha que Eurico pretende mergulhar de cabeça é denominada pelo próprio de "espanholização", e que se refere ao modelo atual de divisão das cotas de TV, onde Flamengo e Corinthians recebem uma quantia consideravelmente maior que os demais e, por contrato, ainda se prevê um aumento desta disparidade em 2016.
"Esse processo de espanholização distancia a capacidade de investimento, fica cada vez maior a diferença. É um processo que se vê lá fora, com dois clubes num país e os outros sendo coadjuvantes, e a única coisa que o Vasco não é, é coadjuvante. Existe até uma frase minha que é verdade: o Vasco nasceu para ser locomotiva, e não vagão", filosofou.
Atualmente, Flamengo e Corinthians recebem R$ 110 milhões, contra R$ 70 milhões do Vasco. Na próxima temporada, a dupla passará a ter acesso a R$ 170 milhões e o Cruzmaltino a R$ 100 milhões.
Neste polêmico assunto, quem pode ser um grande aliado do presidente é o deputado federal Raul Henry (PMDB-PE), que pretende implementar um projeto onde 50% das cotas seriam divididos de forma igualitária aos clubes, com outros 25% sendo distribuídos de acordo com a classificação da equipe na última temporada e os 25% restantes de acordo com o número de jogos transmitidos do time.
Porém, questionado pelo UOL Esporte se já havia procurado Henry para tratar do tema, Eurico pareceu não estar a par da figura:
"Quem? Não conheço...".
Investimento modesto e perfil mais light
Até o momento, o investimento na equipe de futebol foi modesto, levando ao pé da letra a política de corte de custos. Além do técnico Doriva, Eurico Miranda apostou nos jovens Jean Patrick (volante do Luverdense), Bruno Ferreira (lateral direito da Portuguesa), Erick Luis (atacante do Bragantino) e Lucas (volante do Macaé).
As figuras mais conhecidas são o meia Marcinho, ex-Flamengo, e Julio dos Santos, atacante do Cerro Porteño (PAR) com passagens por Grêmio e Atlético-PR.
Embora ainda carregue seu jeitão conhecido, o presidente está mais "light", sem apresentar grandes atritos com a imprensa e com os rivais. O Rubro-Negro, porém, continua sendo alvo de suas provocações.
Fonte: UOL