Eurico: 'O processo de espanholização do futebol brasileiro é um negócio muito sério'

Segunda-feira, 29/12/2014 - 21:37
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Era para ser a apresentação do meia-atacante Marcinho, de 30 anos, nesta segunda-feira em São Januário, mas o presidente do Vasco, Eurico Miranda, roubou a cena com suas já conhecidas declarações de efeito. O dirigente aproveitou a chegada do novo reforço e anunciou a contratação de outros cinco jogadores: os volantes Lucas, do Macaé, e Jean Patrick, do Luverdense, o lateral-direito Bruno Ferreira, da Portuguesa, o meia paraguaio Julio dos Santos, do Cerro Porteño, e o atacante Erick Luis, do Bragantino. Ele anunciou, ainda, a ida de Aranda, por empréstimo, para o Olimpia, do Paraguai.

Além dos reforços, Eurico também disparou contra a atual dinâmica do futebol brasileiro, reclamando do que chamou de 'espanholização' do futebol brasileiro. Na opinião do cartola vascaíno, a distribuição das cotas de TV no formato atual, segundo ele privilegiando poucos clubes, vai transformar os demais em coadjuvantes, um papel que o dirigente rejeita para o Vasco.

- O Brasil está passando por um processo de elitização. O futebol é para o povo. O gravatinha, se tiver opção, gosta de chegar de carro e parar no estacionamento a dois metros do elevador. Na nossa cultura, quem vai ao estádio e prestigia tem outro perfil - afirmou. - O processo de espanholização do futebol brasileiro é um negócio muito sério. Quando você escolhe dois clubes e faz distanciamentos das cotas para os outros, você tem o processo que vê lá fora, com dois clubes em um país e o resto de coadjuvantes. Acontece que a única coisa que o Vasco não é, é coadjuvante. O Vasco é artista de primeira grandeza.

Recentemente, o ex-presidente do Atlético-MG Alexandre Kalil também reclamou da distribuição das cotas de televisionamento, citando Flamengo e Corinthians como os principais beneficiados. Na opinião do ex-mandatário atleticano, os demais clubes só terão chance de competir de igual para igual se os dois times de maior torcida do país não souberem gerir os recursos que recebem.

A entrevista coletiva de apresentação de Marcinho, ex-Vitória, foi aberta com um discurso de Eurico às pessoas que "torcem contra", quando ressaltou o pagamento de R$ 14 milhões em impostos para conseguir à Certidão Negativa de débitos do clube e, assim, garantir o recebimento de receita de patrocínio da Caixa Econômica Federal. Quem também foi criticado pelo presidente do Vasco foram os diretores de futebol no Brasil. Sem citar Rodrigo Caetano, que exercia essa função no clube até o fim do mandato de Roberto Dinamite e foi contratado pelo Flamengo, o atual mandatário falou sobre o tema:

- É um crime que está sendo cometido no futebol brasileiro. O que está acontecendo é que estão entregando a gestão de futebol a profissionais. Não interessa se são bons ou ruins, mas são descompromissados. Hoje, estão aqui, amanhã, ali. E o rastro que deixam para traz é da instituição. O profissional tem que ter alguém acima que vai dizer "por aí não.". O que aconteceu no Vasco é que tinham poder que não podiam ter e deixaram um rombo, problemas seriíssimos - disse.

Coadjuvante em sua apresentação, o meia-atacante Marcinho foi chamado por Eurico de referência do time. Com 30 anos, ele assinou até o fim de 2015 com o clube. Ex-jogador do Flamengo, onde foi campeão carioca em 2008, ele teve que responder sobre a rivalidade.

- Eu tive uma experiência parecida quando saí do Cruzeiro para o Atlético-MG e, com quatro meses, virei ídolo. É o que eu quero fazer aqui. Quero ganhar jogos, títulos e virar um ídolo da torcida do Vasco - afirmou.

Fonte: O Globo Online