Levantamento mostra que jogos realizados à noite no Brasil atraem menos público

Segunda-feira, 29/12/2014 - 03:33
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O horário dos jogos foi um fator preponderante para a presença de torcedores nos jogos da Série A do Brasileiro-2014. Levantamento feito pela Folha com as informações de público e renda de todas as partidas da competição mostra que quanto mais tarde foram os eventos, menores as médias de público.

As partidas à tarde, às 17h no domingo (16h antes do horário de verão) e às 16h30 no sábado, foram as que registraram as melhores médias de presença de torcedores nos estádios durante o torneio, com cerca de 20 mil pagantes. Quando os jogos acontecem à noite, a média apresenta 25% de queda –veja mais ao lado.

Os jogos às quartas e sábados à noite estão entre os que registraram a pior média de ingressos vendidos, com 14 mil torcedores. As partidas no meio de semana são transmitidas na TV Globo e precisam começar após a exibição da novela.

Dirigentes de clubes admitem que a definição dos horários dos jogos é feita pela Globo, detentora dos direitos de transmissão. A emissora informa que "o calendário do futebol é definido pela CBF e pelas federações em concordância com os clubes".

A Folha apurou que não há nenhum projeto ou estudo da CBF para alterar os horários das partidas. A entidade diz que ela e "a TV Globo decidem em conjunto os horários, respeitadas as questões contratuais".

Rebaixado para a Série B do Campeonato Brasileiro, o Vitória é o time com pior renda entre as 20 equipes que disputaram o Brasileiro em 2014. Arrecadou pouco mais de R$ 1 milhão. O presidente do clube, Carlos Falcão, reclama do horário dos jogos.

"As partidas realizadas às 22h nas quartas são ruins, pois não há meio de transporte público quando o jogo termina", afirma. "Mas acredito que a Globo, como maior patrocinadora do futebol, tem o direito de colocar as partidas no horário que lhe for mais conveniente", completa.

O bicampeão Cruzeiro foi o time que mais arrecadou com bilheteria no torneio de 2014. Os mineiros lucraram mais de R$ 22 milhões com a venda de ingressos.

O presidente do clube mineiro, Gilvan Tavares, acredita que o público nos jogos poderia ser maior se eles fossem mais cedo. O dirigente, entretanto, conta que não defende alteração no calendário.

"Pelo o que a gente ouve da Globo, as novelas rendem mais audiência que o futebol. Eles pagam bem para ter esse poder de decisão", afirma Tavares.

A última edição do Campeonato Brasileiro registrou a maior bilheteria da história da competição. Foram mais de R$ 200 milhões arrecadados pelos 20 clubes.

O valor, porém, ainda é inferior ao que a Globo paga para as equipes que disputam o torneio. A emissora desembolsa mais de R$ 1 bilhão por temporada.

"Enquanto bilheteria render menos que a TV, a decisão será deles", explica o presidente do Cruzeiro.



Fonte: Folha de S. Paulo