Com a presença do secretário executivo do Ministério do Esporte, Luis Fernandes, dos presidnetes do Flamengo, Eduardo Bandeira de Mello, e do Tijuca, Paulo Maciel, e de dirigentes de vários clubes, foram assinados na tarde desta terça-feira, na sede do Flamengo, na Gávea, os dois dois primeiros convênios para a cessão de recursos da Nova Lei Pelé, da Confederação Brasileira de Clubes (CBC) para Flamengo e Tijuca, que terão verbas especificamente para investir na formação de jovens atletas. O Tijuca foi contemplado com R$ 958,4 mil para tocar um projeto olímpico e outro paralímpico. Já o anfitrião rubro-negro vai receber R$ 5,361 milhões para um projeto relativo a remo e canoagem; outro para ginástica, judô e vôlei; e o terceiro para a reforma da piscina olímpica.
De acordo com a chamada Nova Lei Pelé, o equivalente a 0,5% do arrecadado por loterias esportivas no país é repassado à CBC que por sua vez contempla os projetos apresentados pelos clubes do Confao (Conselho de Clubes Formadores de Atletas Olímpicos). Tais projetos são avaliados por uma comissão técnica da CBC, presidida pelo medalhista olímpico Lars Grael, que também compareceu ao evento. À solenidade desta terça-feira, também estiveram presentes Ricardo Leyser, secretário de Esportes de Alto Rendimento do Ministério do Esporte; Jair Pereira, presidente da CBC; Arivaldo Bôscolo, presidente da Federação Nacional dos Clubes (Fenaclubes) e ex-presidente da CBC, entre outros dirigentes. Para o presidente rubro-negro, Bandeira de Mello, o Flamengo só recebeu estes recursos, porque a atual diretoria vem pagando impostos e débitos e por isso está em posse das Certidões Negativas de Débito, sem as quais um clube não pode receber dinheiro público.
— Isso (estar em dia com os impostos) é absolutamente inegociável para nós. São 40 milhões de torcedores, e não podemos ser caloteiros. Conseguimos as CNDS. Algumas são trimestrais, outras semestrais, e à medida em que estamos em dia com os débitos, vamos renovando as certidões — afirmou o presidente do Flamengo, único clube de futebol a ter obtido tais verbas. — A obra na piscina é fundamental, porque ela estava interditada há um ano e meio, e havia um desperdício de sete mil litros de água. Vamos reformá-la e ter uma piscina de nível internacional. Nossa expectativa é de que ela esteja pronta em agosto de 2015, e possa servir para treinamentos para a Rio-2016.
O outro beneficiado é o Tijuca, cujo presidente, Paulo Maciel, considerou os convênios históricos, já que os clubes que quiserem obter verbas federais poderão consegui-las, desde que estejam com seus documentos em dia. Ele lembrou ter conversado com dirigentes de Fluminense, Botafogo e Vasco, mas estes ainda não se adequararam.
— Isto (este aporte de recursos) será para 2020, 2024. Vocês vão ver o quanto estes recursos serão importantes daqui a duas ou três Olimpíadas — declarou. — Mas é necessário ter gestão. Para nós dos clubes receber verba federal é muita responsabilidade, porque se um clube usar mal, todos vão ficar mal. Tenho incentivado os outros clubes de futebol do Rio a fazerem o mesmo, porque é um grande incentivo aos esportes olímpicos quando temos os times de camisa disputando o basquete, por exemplo. Eles trazem a criança aos ginásios, e isso ajuda a formar futuros atletas.
De acordo com o secretário executivo do Ministério do Esporte e também presidente do Conselho Deliberativo do Vasco, Luis Fernandes, a solenidade foi histórica, por ter marcado o reconhecimento ao papel crucial dos clubes na formação de atletas. Nesta primeira fase, serão R$ 26 milhões destinados aos projetos de 16 clubes.
— Temos metas ousadas, como as de sermos top 10 no quadro de medalhas nas Olimpíadas e top 5 em medalhas nas Paralimpíadas. Seria fácil assumir esta meta e depois voltarmos para onde estávamos antes. Esta linha de financiamento é de garantir que este papel de 2016 terá continuidade e que os clubes têm papéis fundamentais, mas têm de mostrar capacidade técnica de elaborar e executar projetos — declarou ele, a favor de que os clubes de massa também atuem na formação de atletas olímpicos.
Fernandes espera que em breve o Vasco possa fazer por onde obter essas verbas:
— Primeiramente, os clubes de futebol têm de recuperar a vocação de formar atletas. Isso implica em gestão profissional, e depende de se ter as CNDs Isso implica em profissionalização. A tendência é alinhar o comportamento dos clubes, e no caso do Vasco, uma das primeiras medidas a ser tomada é buscar obter as CNDs (mediante o pagamento de impostos e dívidas).
Em fevereiro de 2015, haverá nova rodada de avaliação de projetos, visando especificamente à compra de equipamentos esportivos para a base dos clubes. Segundo Jair Pereira, presidente da CBC, é necessário observar que tais verbas não são para pagar Cielos, mas para formar futuros Cielos. Para Lars Grael, diretot técnico da CBC, a solenidade desta terça-feira é resultado da luta dos clubes por reconhecimento dentro do sistema esportivo nacional, onde só eram valorizadas confederações e federações. Os recursos que entrarão nos cofres dos clubes não irão para a geração de 2016, mas para aqueles que veem os atletas olímpicos como referências para seu futuro. Da mesma forma, Ricardo Leyser, do Ministéio do Esporte, enfatizou que este legado ficará para depois das Olimpíadas:
— Os Jogos de 2016 não são o objetivo final. É o primeiro passo, a primeira etapa de uma nova caminhada.
Fonte: Globo Online