“A história do Vasco é alicerçada por coisas inovadoras. Romário me agradou no jogo contra o América do México”. Foi dessa maneira que Eurico Miranda, em 2008, colocou Romário como jogador-treinador. O Baixinho, antigo conhecido do presidente vascaíno e que tinha dirigido a equipe numa partida no ano anterior, era uma das apostas de Eurico para sair da repetição de nomes no comando técnico do Vasco. Além de Romário, essa lista tem Hélio dos Anjos, PC Gusmão, Dário Lourenço, Alfredo Sampaio e uma coisa em comum: passagens rápidas por São Januário. Apresentado nessa segunda-feira pelo clube, Doriva tem esse primeiro desafio no Cruz-Maltino.
Eurico enfatizou na entrevista coletiva de apresentação do técnico que Doriva estava dentro do perfil do Vasco, mas não apenas do perfil salarial. O presidente disse que o treinador tinha ambição, era vitorioso na curta carreira de treinador e disse que espera tê-lo no comando do time até o fim da sua gestão em 2017.
- Ele não vem para ser treinador que se não tiver resultado amanhã está fora. Não, ele vem inicialmente com contrato de um ano, mas espero que fique até o final do meu mandato. Não é treinador que estamos trazendo que vamos fazer experiência. (Não há) experiência nenhuma com ele. Não tenho esperança, tenho certeza que vai ter muito sucesso aqui no Vasco – disse o presidente.
Alinhado ao discurso de Eurico, é verdade que o presidente do Vasco não costuma encerrar rapidamente as passagens de treinadores no clube. Da lista de nomes consideradas apostas em São Januário, quando o clube saiu de velhos conhecidos como Joel Santana e Antônio Lopes, o único demitido foi Alfredo Sampaio.
A primeira aposta de Eurico quando chegou à presidência, substituindo Antônio Soares Calçada no poder do Vasco, foi Hélio dos Anjos. Treinador em ascensão no início dos anos 2000, com bom trabalho no Goiás, ele chegou ao Vasco em 2001, mas, menos de dois meses e 16 jogos depois, Hélio decidiu retornar ao time goiano. O técnico alegou atraso salarial e se despediu após uma vitória por 7 a 1 sobre o Guarani – a oitava e última vitória no comando vascaíno. O Vasco com Hélio ainda perdeu três vezes e empatou outras cinco partidas. Para o lugar dele, Eurico apostou em Paulo César Gusmão. O ex-goleiro do Vasco era auxiliar de Vanderlei Luxemburgo e tinha pouca experiência – chegou a dirigir o Cruzeiro quando Luxa foi para a seleção. PC ficou somente até o fim de 2001 no Vasco.
Entre os não medalhões que passaram por São Januário na primeira era Eurico na presidência, quem mais durou foi Mauro Galvão. Diretor executivo da base na parte final da gestão Dinamite, o ex-zagueiro, campeão da Libertadores pelo Vasco em 1998, comandou o time depois da saída de Antônio Lopes no Brasileiro de 2003 em 30 jogos, com oito vitórias, 10 empates e 12 derrotas.
Em 2005, com a queda de Joel Santana – o Vasco havia perdido para o Baraúnas da Copa do Brasil e o treinador pediu demissão -, o presidente do clube foi buscar uma solução dentro do Rio. Dário Lourenço, vice-campeão do Carioca com o Volta Redonda naquele ano, assumiu o time. Mas não durou muito. Em 12 jogos, foram apenas três vitórias, três empates e seis derrotas – as últimas três consecutivas, o que fizeram o treinador pedir para sair de São Januário. Dário elogiou Eurico na época.
- Minha saída não tem nada a ver com o presidente. Ele até queria me segurar. O presidente é uma pessoa maravilhosa e dedico minha passagem no Vasco a ele. Tive todo o apoio e as condições para realizar o trabalho – disse Dário após a derrota por 1 a 0 para o Flamengo, no seu último jogo no comando do Vasco.
A experiência seguinte começou quase dois anos depois, no fim de 2007. Romário comandou interinamente o Vasco na vitória por 1 a 0 sobre o América-MEX pela Copa Sul-Americana. Pouco depois, acabou flagrado no exame antidoping. Mesmo sem saber se poderia continuar jogando, o ex-atacante foi anunciado como treinador da equipe após o fim do Campeonato Brasileiro em substituição ao técnico Valdir Espinosa. A princípio, ficaria apenas até o final da Taça Guanabara. Acabou saindo antes por divergências com Eurico. Na época, ele disse que foi obrigado a escalar o atacante Alan Kardec.
- Eu ia escalar o Abuda e me pediram para escalar o Alan Kardec porque precisavam colocá-lo para jogar para vendê-lo para o exterior. Então eu agradeci, pedi meu boné e fui embora. Minha história no Vasco acabou - disse o Baixinho antes de uma partida contra o Friburguense.
No total, Romário comandou o Vasco em oito jogos. Aquele na Sul-Americana, dois em um torneio preparatório em Dubai, em janeiro de 2008, e mais cinco pelo Estadual. Foram cinco vitórias e três derrotas. Com a saída dele, Alfredo Sampaio assumiu o comando da equipe em mais uma aposta de Eurico. Ele havia chegado ao Vasco ainda em dezembro para auxiliar Romário. No currículo, apenas passagens por equipes de menor expressão. Novamente a experiência durou pouco. Sampaio ficou em São Januário como treinador por menos de dois meses. Em 12 jogos, acumulou oito vitórias, um empate e três derrotas. Mesmo com um desempenho bom, perdeu confrontos importantes para Flamengo e Fluminense.
Dário Lourenço, Hélio dos Anjos, Alfredo Sampaio e Mauro Galvão passaram pelo clube |
Romário entrou em rota de colisão com Eurico ao ser obrigado a escalar Alan Kardec |
Fonte: GloboEsporte.com