Kenedy, Marlon, Muralha, Índio, Foguete, Mosquito, Anderson Talisca. Não foram poucas as promessas que passaram recentemente por São Januário e deixaram o Vasco antes de chegarem ao time profissional. Para evitar novos casos, a nova diretoria cruz-maltina está dando atenção especial às categorias de base. Ao lado de Isaias Tinoco e Nílson Gonçalves, Álvaro Miranda é um dos responsáveis por ajudar a resolver os problemas dos jovens jogadores, dar mais atenção eles e, principalmente, resgatar a identificação com o clube. A primeira medida emergencial foi trazer novamente os meninos para o dia a dia de São Januário. A próxima será a revitalização do Colégio Vasco da Gama.
Vasco, gostar dele, se identificar com a camisa, com a história. Isso que queremos resgatar. Agora voltaram a treinar diariamente em São Januário, estão dormindo no clube. É um trabalho de longo prazo, algo para os mais novos mesmo. O que queremos é que o atleta formado aqui desde garotinho consiga manter uma trajetória dentro do clube. A questão do colégio é prioritária. Vamos acabar com essa história do atleta estudar fora do clube. Eles ficaram muito tempo em Itaguaí (antigo CT da base). O jogador não conseguia criar raiz. O que perdemos de jogadores nos últimos anos não foi mole... - disse Álvaro, que se identifica como o "homem que vai ajudar na supervisão diária e na resolução dos problemas".
Filho do presidente Eurico Miranda, Álvaro foi quem convidou Anderson Talisca para fazer um teste no Vasco em 2007. Salsicinha, como era chamado na época, se destacou. Mas ficou pouco tempo no clube. Após a transição entre Eurico e Roberto Dinamite, no meio de 2008, o hoje destaque do Benfica-POR e da seleção brasileira deixou o Cruz-Maltino por falta de alojamento.
- Conheci ele na Copa 2 de Julho, na Bahia, quando tinha 13 anos. Vi ele batendo bola em um campo e identifiquei qualidade no garoto. Cheguei perto dele sem maldade alguma, perguntei nome, idade e se ele queria treinar no Vasco. Disse que sim. Uns dois, três meses depois, perto do fim do ano, o Talisca apareceu em São Januário. Fiquei surpreso. Ele perguntou se eu lembrava do convite, disse que conseguiu comprar a passagem e tal. Fiquei com pena da situação e impressionado pela força do Vasco, a força de fazer um garoto sair da Bahia para fazer um teste. Coloquei ele na concentração, dei moral. Talisca treinou várias vezes com o infantil, mesmo ainda sendo mirim. O técnico gostou, pediu para observá-lo melhor no ano seguinte. Mas ai depois veio a saída do meu pai da presidência. Os novos dirigentes não devem ter se ligado na situação e acabamos perdendo o jogador. Todos o chamavam de salsichinha. Fico muito feliz de vê-lo brilhando hoje na Europa. É muito grande o número de meninos que não vingam. Temos que pensar também no lado social sempre - frisou.
A próxima competição de destaque da base será a Copa São Paulo de Juniores, em janeiro. E o aproveitamento de jogadores da categoria a curto prazo no elenco profissional preocupa.
- Voltamos há pouco tempo, mas estou lidando direto com os juniores e posso dizer que nosso elenco é inchado. Cerca de 60 jogadores. São muitos atletas com contrato. Jogadores que de repente vamos precisar utilizar no profissional e tem pouca rodagem, nenhuma experiência. Minha ideia na outra passagem era fazer um trabalho para em quatro ou cinco anos ter 80% do elenco principal formado por atletas revelados no Vasco. Hoje a situação preocupa.
Fonte: GloboEsporte.com