Joel diz que desobedeceu médico para ajudar o Vasco e revela ingratidão: 'Futebol está ficando muito nojento, a ética acabou'

Quinta-feira, 11/12/2014 - 07:56
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“Uh, Papai chegou!”, gritava a torcida, comemorando a vitória sobre o Luverdense na estreia de Joel Santana na Série B, em setembro último. Três meses depois, o “Papai” teve a saída do Vasco confirmada nesta quarta-feira após garantir a volta à Série A entre trancos e barrancos. O treinador revelou que deu a vida pelo clube e até desobedeceu seu médico, que orientou a não comandar a equipe contra o Bragantino depois de uma cirurgia dias antes para retirada da vesícula.

— Foi um ano difícil, ainda fui para o banco na semana da operação, meu médico me proibiu, fui desrespeitando ele. Dizem que o Vasco não jogou bonito? Eu fiquei um mês sem treinar, só viajando. Meu treino foi papo. Depois de 5 a 0 (goleada para o Avaí) ninguém quis pegar. Agora todo vascaíno me beija na rua — desabafou o técnico, que foi avisado da demissão pelo vice de futebol José Luis Moreira.

Eurico Miranda, que ajudou no retorno de Joel ao clube, sequer ligou para o “amigo”. O técnico disse que houve ingratidão e se mostrou incomodado com a forma como foi conduzida sua saída. O profissional de 65 anos, muitos deles dedicados ao Vasco, esbravejou:

— Quem falou comigo foi o Zé Luis, veio aqui, conversou comigo, disse o que eles achavam. Mandar embora está tudo bem, só não achei legal a maneira que foi conduzida. Amigo senta, bate papo, troca ideia. Porque ninguém pegou antes? Agora ficou bonito? Futebol está ficando muito nojento, a ética acabou. Ninguém quis pegar, e não foi a primeira vez. Agora está todo mundo se achando o gostoso — lamentou Joel, sem perder o seu jeito brincalhão.

O técnico disse que não colocou empecilhos para permanecer por um salário menor, desde que fosse conversado que seria um período de dificuldades no início da administração.

— Dinheiro não é problema? Como não? Se baixar salário ninguém vai querer. Vamos ser mais honestos, claros. Você não vai exigir tanto no início. Se não está podendo, se não desse agora, depois a gente podia conversar. Ah, vai ter time de primeira depois, vamos ficar contigo por causa de gratidão e amizade. Não exigi nada, não fiz nada. Fiz contrato simples. Conheço muito bem a todos. Mas deixa. Bateu uma tempestade. Não tenho tempo para ficar chateado — resignou-se.

O seu lado bombeiro entrou em cena e o Botafogo é visto como um destino que agrada Joel.

— Gostaria não, eu conheço o Botafogo, assumi em situações difíceis, não sei o que eles pensam, mas agora estou aberto.

Sobre os comerciais de televisão, Joel garante que não se aposentou da carreira de artista e prevê novos vídeos bombando na internet.

— Comercial não parou, tenho contrato, estamos aí agora mesmo e as coisas vão acontecer, a companhia vai me chamar de novo. Vai gravar já, já e ter mais de um milhão de acessos. Não é para qualquer um. O Joel é o Joel — disparou, sem ressentimentos e cobranças de salário atrasado do Vasco.

— Fui lá pelo que o Vasco representa. Vai no Centro histórico do Vasco ver quantos títulos ganhei, tem coisa que o torcedor não sabe. O orgulho do torcedor hoje é dizer que somos todos iguais. Com os inimigos ao lado, e não cantarem que é da segundona — orgulha-se o treinador, que conquistou Cariocas e Brasileiro pelo clube. Por fim, Joel mandou recado a Eurico Miranda.

— Tem uma coisa que se chama gratidão. Estou surpreso, mas fica por conta dele. Jamais esperei isso. Deixa o Godzila dormindo ...

Fonte: Extra Online