A salvação do Flamengo em 2005, quando o rebaixamento parecia irreversível, lembrou aos céticos que “Papai Joel” existe. Desde então, seja por ter nascido no dia de Natal ou pelo presente dado aos rubro-negros, o técnico Joel Santana passou a referir-se a si mesmo como “O papai” até chegar ao ponto de recorrer ao próprio personagem para realizar o desejo de permanecer no Vasco no ano que se anuncia. O primeiro sinal da nova diretoria foi dar férias a todo o departamento do futebol. O contrato de Joel com o Vasco terminará em 31 de dezembro.
— Meu sapatinho já está na janela. Até o fim do ano, o presente chega. Papai Noel nunca me deixou na mão — disse o técnico, como uma criança empenhada em mostrar comportamento para merecer o regalo. — Tenho que ficar quietinho até o dia 31.
A rotina, desde o fim da campanha na Série B, tem sido de silêncio e esperança. Na sua mesa cativa, num bar à beira-mar em Copacabana, o técnico viu a frente fria se instalar certo de que os horizontes se abrirão em breve. Passado o calendário natalino, Joel entra na folia e veste a fantasia de Rei do Rio. Campeão carioca pelos quatro grandes, espera ter lugar vitalício na festa.
— Quero entrar na calçada da fama, pode ser com a minha prancheta ou a caneta — disse, ao admitir que a carreira como jogador não lhe credencia a deixar sua marca ao lado de tantos craques. — O pé tem muito joanete, calo e unha encravada.
Mesmo assim, está disposto a ficar descalço e a pisar com cuidado no terreno das negociações para voltar a ser lembrado pela lenda natalina. A meia está na janela.
Fonte: O Globo Online
