A ação milionária de Marcello Macedo contra o Vasco provocou, além de uma coletiva para denunciar o que Eurico chamou de conluio entre o advogado, Roberto Dinamite e o ex-vice-jurídico Roberto Duque Estrada, uma resposta do presidente ao ex-prestador de serviço do clube. Com ironia e desdenhando da autointitulação de Macedo, que disse ter orgulho de ser "inimigo de Eurico", o presidente do Vasco, que chamou o advogado de "flamenguista" a cada citação, exibiu documentos com pagamentos de agosto de 2004 a junho de 2008 a Romário - até deixar a presidência do clube - e afirmou que a dívida saltou de menos de R$ 14 milhões para R$ 67 milhões e, depois, R$ 18 milhões no acordo judicial que está em vigor e pelo qual Macedo garantiu uma bonificação extra, que está descrita na confissão de dívida de Dinamite com o advogado da sua gestão.
Na carta de Macedo, publicada pelo GloboEsporte.com horas após a coletiva de Eurico durante essa semana, o advogado lembrava que teve êxito na ação de Romário e que essa ação o deixava com bonificação de 3,5% sobre o valor abatido. Eurico contesta essas informações e diz que o advogado, na verdade, causou prejuízo ao Vasco.
- Para bom entendedor, na prática, a dívida que em 2008 era de 14 milhões, foi aumentada cinco anos depois para 18 milhões. No fundo, um prejuízo de 4 milhões, sem contar as devidas correções e os pagamentos efetuados. Mas o flamenguista Macedo defende que houve êxito conseguido por ele. E é por este fabuloso “êxito” que ele e a administração Dinamite/Duque Estrada celebraram uma confissão de dívida, agora em seu favor, no apagar das luzes do último dia de mandato e em tempo recorde. Esta sim, sem “origem de dívida” justificável - ataca Eurico, que ainda contesta a informação de que o escritório Barreira de Oliveira, que cobra R$ 14 milhões do Vasco em outra ação, foi contratado na sua gestão. O escritório já trabalhava na passagem de Eurico, mas Dinamite fez um novo contrato no início de 2010, que Eurico também fez questão de exibir os documentos na sua resposta.
Confira abaixo a resposta de Eurico Miranda e, na sequência, os documentos apresentados pelo presidente do Vasco para rebater Marcello Macedo.
"Prezados,
Ao flamenguista Marcello Macedo
Antes de me ater ao teor específico de minha resposta, sustentada por argumentos sólidos e documentada, ao contrário das inverdades proferidas pelo senhor, devo dizer, em primeiro lugar, que falta muito para que eu o considere meu inimigo. Pois, se eu possuo algum inimigo, como devo mesmo possuir, certamente ele está em patamar bastante diferente do que aquele no qual o senhor se encontra. Definitivamente, não o considero como tal porque o senhor não tem condição de sê-lo, embora deseje tal condição.
Quanto ao texto que o senhor fez publicar na imprensa com falsas acusações a mim e inverdades sobre sua passagem caótica pelo Vasco, tenho algumas informações a prestar ao quadro social e torcedores em geral do clube:
1) Conforme está explícito aqui acima, o senhor Macedo trata-se de um flamenguista, que tomou conta do departamento jurídico do Vasco durante seis anos da administração anterior. Infelizmente, e coincidentemente, o senhor Macedo não primou pela competência e muito menos pela propalada eficiência nos “serviços prestados”.
2) Para tal conclusão, aliás, basta constatarmos a verdade dos fatos deturpada por Macedo quanto ao assunto que ele mesmo aborda em tom de euforia pessoal, a dívida do Vasco com o ex-jogador Romário.
Diz ele que na confissão de dívida feita na minha primeira administração não havia a “origem da dívida”. Não é o que se lê no documento 1 exposto abaixo, parte do Instrumento Particular de Confissão de Dívida e Pagamento, celebrado sob as assinaturas dos Presidentes da Diretoria Administrativa e do Conselho Deliberativo do Club de Regatas da Gama. Lá está registrado que a dívida de 22.498.000,00 era “referente ao contrato de utilização de imagem do atleta profissional de futebol Romário de Souza Faria no período de 1999 a 2002, além de outros créditos pessoais do atleta referido, cedidos à credora”.
Entre os anos de 2004 e 2008 as parcelas do equacionamento da dívida com Romário foram pagas, conforme planilha abaixo (documento 2), perfazendo um total de 7.609.540,00. Tanto que no Balanço Patrimonial do Vasco referente ao ano de 2008 a dívida já havia sido abatida para aproximadamente 14.000.000,00 (documento 3).
Fato é que a administração da qual participou o flamenguista Macedo suspendeu os pagamentos das parcelas como um dos primeiros atos de gestão. Tempos depois, talvez por ter alguma dificuldade em interpretar tão clara “origem da dívida”, o flamenguista Macedo contestou que ela existisse. Contra recomendação do Conselho Fiscal, o Conselho Deliberativo do clube tomou a lamentável decisão de suprimir a dívida restante com o atleta do Balanço Patrimonial do Vasco. Em outra vertente, o departamento jurídico ameaçou cobrar judicialmente de Romário o valor já recebido por ele. E foi com base nestes desmandos insuflados pelo flamenguista Macedo que Romário recorreu aos seus direitos, executando a dívida.
De acordo com a execução, Romário teria, entre valor real, correções e multas algo próximo a 67.000.000,00 para receber. Valor sensivelmente acrescido em função do respaldo irresponsável que o flamenguista do departamento jurídico prestou aos seus confitentes. Percebam que trapalhada: pelo uso de uma borracha, uma dívida de 14 milhões saltou para 67 milhões.
A administração na qual atuava o flamenguista Macedo procurou Romário, então, para novo acordo. Prestem atenção: havia um acordo sendo cumprido com fidelidade até meados de 2008, o flamenguista Macedo ajudou a suspender os pagamentos, a dívida foi multiplicada por cinco, propôs-se novo acordo, que trouxe a dívida para 18 milhões e o escritório do flamenguista Macedo que, ao que se tem notícia, não teria conduzido a composição, pretende receber 3,5% sobre o valor abatido. Fantástico.
Para bom entendedor, na prática, a dívida que em 2008 era de 14 milhões, foi aumentada cinco anos depois para 18 milhões. No fundo, um prejuízo de 4 milhões, sem contar as devidas correções e os pagamentos efetuados. Mas o flamenguista Macedo defende que houve êxito conseguido por ele. E é por este fabuloso “êxito” que ele e a administração Dinamite/Duque Estrada celebraram uma confissão de dívida, agora em seu favor, no apagar das luzes do último dia de mandato e em tempo recorde. Esta sim, sem “origem de dívida” justificável.
Apenas para concluir em relação a este crime de lesa-Vasco, informo que outro escritório contratado pela administração anterior também cobra “êxito” por este caso. Os valores: 250 mil no ato, mais 5% sobre o êxito. Dois escritórios cobrando por êxito de uma mesma causa. Há algo imoral, aético e sem senso no ar.
3) Ao final de seu desfile de inverdades e prepotência o flamenguista Macedo informa que o Vasco sofre hoje “três ou quatro execuções” no valor de 14 milhões de um escritório contratado em minha passagem anterior pelo Vasco. O Escritório ao qual o flamenguista Macedo se refere é o escritório de Consultoria Jurídica Empresarial Barreira de Oliveira. Sou obrigado, então, a apresentar os documentos 4, 5, 6 e 7, assinados pelo senhor Carlos Roberto Dinamite de Oliveira. Documentos estes que demonstram quem contratou este escritório e quem é responsável pelas execuções em curso, as quais o flamenguista Macedo tenta atribuir a mim, MAIS UMA VEZ sem êxito.
Eurico Miranda".