Neto do 1º presidente do Vasco mora em Manaus, é pesquisador e lançará livro sobre o futebol amazonense

Domingo, 23/11/2014 - 14:50
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Ainda sem data para publicação, o livro ‘Memórias do Esporte Bretão Caboclo’ promete revelar curiosidades históricas inéditas ou ‘esquecidas’ sobre o futebol do Amazonas, desde as origens dos primeiros clubes de Manaus, em 1890, até a atualidade.

A obra de quase 800 páginas, de autoria do professor universitário, historiador e ex-radialista, Francisco Carlos Bittencourt de Araújo, 65, em parceria com o colega e também historiador Gaspar Vieira Neto, se confunde com a paixão e herança da própria família dele na modalidade.

“Muitos falam que o futebol no País começou em São Paulo, no ano de 1894 com Charles Miller, mas na realidade começou em Manaus, em 1890, com a chegada dos ingleses. A história do Brasil conta que a maioria das grandes administrações foi realizada por ingleses, direta e indiretamente”, ressaltou Araújo.

Neto de Francisco Gonçalves, primeiro presidente do Vasco da Gama, do Rio de Janeiro, Araújo, ao lado de Gaspar, demorou mais de dois anos nas pesquisas e elaboração do livro.

Em sua residência, no bairro de Aparecida, o historiador dispõe de um acervo pessoal com 500 fotos e até 40 pastas com recortes de jornais sobre o futebol na região.

“Um verdadeiro trabalho de formiguinha. Sempre fui apaixonado por fotografia, apesar de não ser fotógrafo. Desde as fotos antigas dos meus antepassados eu passei a gostar. Há mais de 40 anos, coleciono e faço esse tipo de pesquisa, desde que começou com o seu (Carlos) Zamith (jornalista e famoso historiador do futebol amazonense, que faleceu em 2013, autor do livro ‘Baú Velho’). Ele foi, justamente, quem começou a mudar essa mentalidade e deixar um legado para as pessoas tomarem conhecimento”, analisou.

Francisco Carlos se considera um sucessor das obras memoráveis do historiador Carlos Zamith sobre o passado do futebol, com destaque para a trajetória de clubes extintos, praticamente desconhecidos por torcedores do Estado.

“É um livro que servirá para mudar um pouco a mentalidade e os ideais das pessoas. Mesmo com o esforço do senhor Zamith colocado no ‘Baú Velho’, minha obra pode ser vista como uma continuação com mais detalhes e outros fatos importantes. Terão assuntos que nem sequer eram retratados, como a história de clubes que nunca ouvimos falar, entre os quais Racing, Brasil Futebol Clube, Brasil Esporte Clube e Amazonas Futebol Clube, que era alvirrubro”, exemplificou Araújo.

Apesar da dedicação em preservar a história do futebol do Amazonas, as únicas experiências de Francisco Carlos dentro de campo foram como lateral pelo Infantil e Juvenil do América, do time do coração Rio Negro e da Tuna Luso, do Pará, na década de 1960.

Ele nunca teve interesse em se profissionalizar, mas foi testemunha ocular da queda da credibilidade do futebol em todo o Estado.

“O futebol (no Amazonas) foi da ascensão até a decadência desde que o Dissica (Valério Tomaz, presidente da Federação Amazonense de Futebol-FAF) assumiu a federação. Apesar da força de vontade de alguns dirigentes abnegados, vemos um descaso com nosso futebol. Faltam profissionais qualificados e há muitos amadores que dizem que são os verdadeiros responsáveis em contribuir com nosso futebol. Mas é o oposto”, declarou Araújo, que acusa a corrupção na administração dos antigos cartolas pela falta de investimentos na formação de times de alto nível.

Para o historiador, a dependência dos clubes locais com o dinheiro público é necessária, mas fica obscura pelo lado dos dirigentes devido à falta de transparência na prestação de contas. “Hoje em dia, não adianta abnegação no futebol se não tiver dinheiro”, completou.

Curiosidades

Vasco, de Manaus, formou um time de futebol antes do clube original, do Rio de Janeiro. A equipe amazonense do Gigante da Colina foi criada no dia 14 de outubro de 1913, dois anos antes do time vascaíno carioca de futebol ser montado, em novembro de 1915.

Cícero Costa foi o primeiro craque de futebol do Amazonas. Natural de Manaus e formado em Direito, o centroavante jogou no Remo-PA e no Nacional e no extinto Fluminense-AM (1910), de Manaus.

Três clubes, em Manaus, foram batizados como Fluminense. O primeiro foi o Esporte Clube Fluminense, criado em 1908, o Fluminense Futebol Clube, de 1910, e o Fluminense, da Praça 14, fundado em 1941.

Trinta anos antes do tradicional América, da família Teixeira, ser fundado em 2 de agosto de 1939, houve um outro ‘Diabo’ na capital do Amazonas. O primogênito do Mequinha surgiu no dia 22 de julho de 1909.

Em 6 de setembro de 1919, o Euterpe Footbal Clube, de Manaus, foi inovador no Brasil ao ser o primeiro time formado exclusivamente por jogadores negros do País. Extinto, em 1932, o time era formado na maioria por comerciantes e estivadores.

Rio Negro é o clube alvinegro mais tradicional , mas bem antes do Galo, o time do Racing Clube Amazonense, fundado por brasileiros, no dia 13 de maio de 1906, foi o primeiro com as cores branca e preta.



Fonte: Portal D24am