Atacada por Rogério Ceni e por alguns dos principais dirigentes do São Paulo por anunciar a aposentadoria do goleiro antes mesmo de ele se decidir sobre ela, a Penalty não vive nem a primeira, nem a segunda, nem a terceira crise de sua história recente. Uma das únicas marcas brasileiras a resistir à investida das estrangeiras Nike e Adidas no futebol brasileiro e a manter clubes relevantes em seu portfólio, a Cambuci, dona da Penalty, cometeu todo tipo de gafe e se desgastou com diretorias e torcidas de vários clientes nos últimos anos.
Se hoje a situação no São Paulo é tensa, até ontem, no Vasco, a Penalty era publicamente rejeitada pela torcida carioca. Até um site foi criado para contar dias, horas, minutos e segundos que faltavam para o contrato da marca terminar com o time cruzmaltino.
A bem da verdade, a vida para uma marca brasileira de materiais esportivos já é demasiada – e talvez injustamente – complicada. Torcedores do país inteiro as rejeitam por serem brasileiras, como se a origem alemã, americana ou britânica, por si, fosse suficiente para que contratos sejam vantajosos, e fabricação e distribuição, eficazes. Mas a Penalty, numa sequência tão sortida e frequente de gafes, cinco delas relatadas a seguir, piora muito a própria situação.
1. Atrasos de pagamentos ao São Paulo
Quando anunciou o patrocínio ao São Paulo, nos primeiros dias de 2013, a Penalty divulgou que o contrato era de R$ 35 milhões. Era uma tentativa de fazer frente a Nike e Adidas, que, em função da Copa do Mundo no Brasil, com verba vinda do exterior, polarizaram a elite do futebol brasileiro e fecharam com boa parte dos clubes da primeira divisão. A empresa brasileira, então com Vasco e outros clubes relevantes, queria mostrar que tinha capacidade de investimento e de concorrência com americanos e alemães.
O valor não só havia sido inflado – foram consideradas cifras exageradas para representar materiais esportivos e também bônus por títulos que o São Paulo não havia conquistado – como, depois, não foi cumprido. Parcelas do patrocínio atrasaram, o clube ameaçou diversas vezes rescindir o contrato unilateralmente e buscar outra fornecedora de materiais esportivos, e só no segundo semestre de 2014 o clube paulista afirmou ter recebido o que tinha para receber da fornecedora de materiais esportivos.
2. O “esquecimento” do Vitória
Em meados de 2013, então patrocinadora de sete times de futebol no Brasil, a Penalty criou uma linha de uniformes retrô. Eles eram inspirados em antigos desenhos de cada uma das equipes, e até antigas marcas de três patrocinadores – Caixa Econômica Federal, Semp Toshiba e Wizard – foram aplicadas. O problema foi que, justo no lançamento da coleção, o Vitória foi esquecido. A fornecedora mostrou as camisas de São Paulo, Vasco, Figueirense, Ceará, Náutico e Santa Cruz, mas ignorou os baianos. Teve de pedir desculpas, para variar, e organizar um novo evento em Salvador para amenizar a falha.
3. Vaza terceira camisa do Vasco
Um dos grandes acertos da Penalty nos últimos anos foi a confecção da linha Cavalera. Foram usados traços e cores bastante originais e atraentes em uniformes número três em alguns clubes, e o Vasco foi, sem muita dúvida, o melhor sucedido deles. Mas a fornecedora, como aconteceu em outras ocasiões com diversos clubes, não conseguiu guardar o design de uma camisa azul e branca, inspirada na Cruz Templária, em segredo. A imagem vazou antes da hora na internet, e a empresa escreveu um comunicado confirmando que aquela versão era verdadeira.
4. A camisa azul do Figueirense
No fim de 2011, o Figueirense, então patrocinado pela Penalty, lançava uniformes para a temporada seguinte, e logo na festa de lançamento das camisas houve vaias e reclamações. O motivo: o segundo uniforme de goleiros tinha azul, cor do rival Avaí, na camisa e no calção. Primeiro o clube disse que não era azul, mas verde água ou verde petróleo, e que o que deu a impressão de ser azul foram as luzes que iluminavam a passarela. Não colou. Logo no fim do desfile a assessoria já informava que as peças seriam destruídas e substituídas por outras com “verde bem forte”. O design dos uniformes, como se sabe, é responsabilidade da fornecedora, ainda que o clube também participe do processo.
5. Vazam novos uniformes do Vitória
“Por erro da fornecedora de materiais esportivos do Vitória” – leia-se: Penalty –, “os novos uniformes da equipe para a temporada 2011 foram colocados à venda em lojas da cidade de Salvador antes mesmo de serem estreados pelo time profissional”. É o que diz notícia do início de 2011. A empresa disse que o equívoco foi causado por uma falha operacional na distribuição que também prejudicou outros clubes. A diretoria de marketing do Vitória, na ocasião, manifestou “absoluta indignação” com a gafe da parceira.
Fonte: Blog Dinheiro em Jogo - GloboEsporte.com