Candidatos respondem por que querem presidir o Vasco

Terça-feira, 11/11/2014 - 09:38
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O Vasco finaliza nesta terça-feira um processo eleitoral marcado por quatro adiamentos, brigas na Justiça, acusações de compra de votos e indefinições sobre quem estará apto a eleger o novo presidente. Apesar de o clube estar afogado em uma dívida de R$ 711.813.152, com recorrentes atrasos salariais e seu patrimônio sucateado, cinco candidatos disputam o poder em eleição indireta das 9h às 22h, em São Januário.

Após seis anos do comando do ex-jogador Roberto Dinamite, eis os nomes para a sucessão: Eurico Miranda, da chapa "Volta Vasco! Volta Eurico!", de cor azul; Julio Brant, da chapa "Sempre Vasco", cor amarela; Roberto Monteiro, da chapa "Identidade Vasco", de cor branca; Eduardo Nery, da chapa "Vasco mais que um gigante", de cor verde; e Márcio Santos, da chapa "Vanguarda Vascaína", ainda sem cor definida.

Como era esperado, até o último momento o pleito sofreu modificações, e nada garante que uma nova manobra na Justiça não tente anulá-lo nas próximas horas. Nesta segunda, o presidente do Conselho Deliberativo, Abílio Borges, que acumulava a presidência da Assembleia Geral, se licenciou do cargo alegando problemas de saúde, e foi substituído pelo seu vice, Roberto Monteiro, que é um dos candidatos.

Monteiro determinou que os sócios gerais que não fizeram o recadastramento até o dia 30 de outubro não poderão participar da eleição. No entanto, Silvio Godói, que integrará a messa da Assembleia como vice do Conselho de Grandes Beneméritos, ao lado de Eurico Miranda, presidente do Conselho, disse que os sócios que estiverem em dia com as obrigações junto ao clube não podem ser impedidos de votar.

As indefinições prometem gerar confusões. Já acreditando que elas aconteceriam, cem seguranças particulares estarão em São Januário, e terão apoio da Polícia Militar, que ficará do lado de fora do clube, mas poderá entrar a qualquer momento.

O candidato Julio Brant ainda tentou vetar ontem na Justiça que os não recadastrados e os mais de dois mil sócios acusados de integrar o chamado “mensalão” participassem da eleição. Mas a juiza Ana Lúcia Vieira do Carmo, da 19ª vara cível do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ), negou o pedido da chapa.

A votação
Local e Horário - Ginásio de São Januário, de 9h às 22h.
Quem vota

Sócios com mensalidades em dia pertencentes a todas as categorias, exceto os gerais que não se recadastraram até o dia 30 de outubro e os sócios-torcedores.
Como funciona

A chapa que receber mais votos hoje terá direito a 120 vagas no Conselho Deliberativo e indica a Assembleia Geral. A segunda chapa indica 30 conselheiros. No próximo dia 19, na sede náutica da Lagoa, a nova diretoria será eleita em votação dos conselheiros eleitos e natos (estes últimos somam 150), que formam o Conselho Deliberativo. O novo presidente toma posse no dia 1º de dezembro.

‘Nós somos a alternativa real ao Eurico e ao Dinamite’, diz Roberto Monteiro

Advogado, 43 anos, candidato da chapa “Identidade Vasco”

Por que você quer ser presidente do Vasco?

O Vasco sai de uma gestão fracassada do Eurico (Miranda), em 2001, ganhando só um Estadual, e após sua saída assume o Roberto (Dinamite), que enquanto gestão tinha perspectiva, mas se acomodou, quis voltar para o próprio umbigo, e o Vasco decaiu. Mostrou que não tem capacidade de liderança, ficou a bancarrota.

Estamos num momento de muita dificuldade, fruto dos grupos que hoje apoiam o (Julio) Brant. Nós somos alternativa real para o sócio. Não queremos nem a continuidade do grupo do Dinamite na chapa de situação do Brant, nem a do Eurico, que é um retrocesso.

A nossa prioridade é realizar um choque de gestão, adequar orçamentos. Vamos fechar muita torneira, rediscutir as dívidas para ter tranquilidade de receber recursos. Importante é nos dar tranquilidade para, em curto prazo, adequar o orçamento aos cortes que precisamos fazer. A prioridade é o futebol. Preciso de título para o torcedor. Temos que buscar receitas novas.

‘O futebol não permite mais amadorismo, improviso’, diz Júlio Brant

Empresário, 37 anos, candidato da chapa “Sempre Vasco”

Por que você quer ser presidente do Vasco?

A prioridade um é estruturar uma gestão moderna, focada em meta, resultados, controle e planejamento. Sem isso, não adianta. O futebol não permite mais amadorismo, improviso. Profissionalização das diretorias, remuneração variável por resultado, e um time que não é caro, mas que tenha compromisso em campo.

O time de hoje não é ruim. Deveria disputar título. Falta raça, liderança. Isso não é salário, é honra. Vamos cobrar dos atletas. E já estamos trabalhando com comitê gestor da dívida, há quase quatro meses. Tem uma série de recomendações que serão tomadas no dia seguinte. Significa renegociar, rever, tem dívida que a gente questiona, outras vamos alongar e reduzir o custo. Tem que respirar no curto prazo.

A gestão é empresarial, com foco no resultado em campo. A meta é ter um time campeão já no Estadual de 2015. Queremos o (diretor executivo) Rodrigo Caetano em um modelo menos concentrado de poder. Vamos ter um comitê gestor do futebol.

‘Todos vão tratar o Vasco com o respeito que merece’, diz Eurico Miranda

Ex-deputado, 70 anos, da chapa “Volta Vasco, Volta Eurico”

Por que você quer ser presidente do Vasco?

O Vasco não suporta mais aventura, experiências. O potencial é grande. O grande problema é a falta de representatividade. O Vasco não tem alguém que questione as coisas, que coloque, pergunte por quê. A primeira coisa que eu faço, e vou fazer no dia seguinte (à posse), é eles saberem que o Vasco tem representante. Tem que tratar o Vasco com o respeito que merece. De todos os segmentos.

Não quero que o Vasco seja melhor do que ninguém, mas para ser melhor que o Vasco tem que me provar. Os contratos todos precisam ser examinados. Eu discordo de muita coisa. Por que o Flamengo recebe mais da Caixa Econômica que o Vasco? Tudo é uma caixa preta.

Eu saí e deixei as certidões todas. Mas tinha que pagar dali pra frente, e não pagaram nada. Aí fizeram outro parcelamento, mas tem que honrar. Problema é de gestão. Eles todos são ditos modernos, mas o Vasco é uma cadeia de irresponsáveis. Deveriam ir para a cadeia também.

‘A meta é ter 100 mil sócios nos próximos três anos’, diz Eduardo Nery

Empresário, 43 anos, da chapa “Vasco Mais que Gigante”

Por que você quer ser presidente do Vasco?

Imediatamente, é possível melhorar os serviços prestados ao torcedor em São Januário, como trânsito e estacionamento, ter um modelo de compra de ingresso pela internet, com celular ou cartão para entrar no estádio. Pensar também em restaurantes, bares, banheiros e lojas. Melhorar o serviço.

A gente acha que o futebol deve ter um comitê com um estatístico, o presidente, o técnico, o (departamento de) marketing, para definir contratações e negociações, contando ainda com a base. Ao menos 40% do elenco tem que ser da base.

Queremos um plano de sócios inspirado no Benfica. A meta é 100 mil sócios em três anos. Outra coisa importante é o sócio ser priorizado. Não ter torcida organizada ganhando ingresso. Pensamos num Centro Integrado de Gestão por Indicadores e queremos fazer um local para abrigar as principais vice-presidências e a diretoria, com informações geradas por computador, para que as decisões não sejam tomadas por uma ou duas pessoas.

‘A união de todos contra o Eurico é um problema’, diz Márcio Santos

Publicitário, candidato na chapa “Vanguarda Vascaína”

Por que você quer ser presidente do Vasco?

O documento que o Roberto Dinamite recebeu sobre o caso do “mensalão”, a primeira pessoa que pediu a investigação fui eu. Para comprovar se as pessoas existiam. Deu polícia no processo porque quiseram intimidar, chamar os sócios de bandidos. No estatuto e o código penal não há nada que torne isso criminal.

O objetivo era comprovar que o sócio existe, e tem o interesse de se associar e votar. Tanto o Roberto Monteiro quando o Julio Brant criaram uma polarização, o voto útil, dizem que são a solução contra o Eurico. Mas não conseguiram conquistar o sócio. Se tirar o Edmundo acabou o Brant. Temos objetivo de trazer novas ideias, tirar do lado personalista e voltar para o projeto.

Os candidatos não tem plano de atuação. Qualquer um dos três seria gestão do improviso. A gente aposta no pessoal que não se recadastrou, no sócio indeciso e na abstenção A união de todos contra o Eurico é um problema, e o Julio Brant vem como novo Dinamite.

Fonte: Extra Online