Márcio Santos, da chapa Vanguarda Vascaína, fala sobre seus projetos para o Vasco

Segunda-feira, 10/11/2014 - 15:15
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Último a lançar candidatura, o que aconteceu há mesmo de um mês, Márcio Santos é publicitário e atualmente trabalha como diretor de relações públicas do clube, cargo não remunerado que o permite a concorrer à presidência. O candidato da chapa "Vanguarda Vascaína" é sócio do clube desde 1990 e conhece bem a realidade cruzmaltina. Apesar disso, não está entre os mais cotados para ganhar a eleição.

Em entrevistas realizadas pelo ESPN.com.br na última semana, os candidatos responderam às mesmas perguntas sobre assuntos pré-definidos. A eleição para presidente do Vasco acontece nesta terça-feira, e quem tiver mais votos vai comandar o clube no triênio de 2015, 2016 e 2017.

Além de acertar as finanças do clube e enxugar as despesas desnecessárias, uma das prioridades de Márcio Santos é planejar o mais rápido possível o elenco do time de futebol para a próxima temporada. Ele também destaca a necessidade de atrair mais sócios e de buscar parcerias para ter receitas e fortalecer a equipe.

"Acho que o primeiro passo é planejar o futebol, fazer uma relação custo-benefício do elenco, da comissão técnica, e decidir quem fica e quem não fica para 2015, para que nós tenhamos uma equipe competitiva e qualificada para disputar todas as competições", afirmou Márcio Santos.

Confira abaixo a entrevista completa com Márcio Santos:

PORQUE SER PRESIDENTE DO VASCO?

Eu sou sócio do Vasco desde 1990 e acompanho o dia a dia do clube desde 2004, fui e ainda sou administrador de um fórum de debates do Vasco, sou conselheiro desde 2011 e agora em 2014 assumi a função diretor não remunerado de divulgação e relações públicas. Em relação à presidência, nós inscrevemos a nossa chapa no mês de junho e estávamos em busca de um nome de consenso, então o grupo optou por lançar meu nome como candidato. Óbvio que, quanto mais valores você tem para investir na campanha, mais marketing você envolve, tem mais divulgação e agrega mais aliados. Havia uma dificuldade de o sócio vascaíno estar motivado a comparecer a São Januário para votar, e o nível de indecisos é muito grande, então resolvermos fazer uma campanha propositiva.

PRIORIDADES

A prioridade é a questão de receitas e despesas. Mas já estamos no final de 2014 e precisamos projetar o ano de 2015. Acho que o primeiro passo é planejar o futebol, fazer uma relação custo-benefício do elenco, da comissão técnica, e decidir quem fica e quem não fica para 2015, para que nós tenhamos uma equipe competitiva e qualificada para disputar todas as competições. Por outro lado, a gente criou um sistema que chamado de "Custo Vasco", em que você precisa saber aquilo que é necessário e fundamental para o Vasco sobreviver, em termos de receitas e despesas. Nosso planejamento é fazer um enxugamento das despesas do clube, identificar as torneiras de desperdício, que são muitas, e fazer o Vasco ter uma economia grande. Em relação a receitas, vamos fazer uma revisão de todos os contratos atualmente em vigor, como Tim, Guaracamp e os menores.

DÍVIDAS X TIME FORTE

É possível e tem que ser buscado, o Vasco é um gigante e precisa apresentar resultados a todo o momento. Precisamos fazer o enxugamento da comissão técnica, que hoje é muito inchada, hoje tem integrantes que estão ocupando a mesma função ou que não temos necessidade de ter em grande volume hoje. Também queremos manter o Rodrigo Caetano (diretor de futebol), é uma prioridade nossa. E vamos fazer uma análise de custo-benefício do elenco de maneira geral, nossa proposta é ter no máximo 35 jogadores no elenco, e um terço dele tem que vim da base. O restante, vamos procurar qualificar aquela famosa espinha dorsal, trazer um goleiro, um zagueiro, um volante, um meia e um atacante de qualidade. Queremos também pelo menos um craque, que vai ser o jogador que vai atrair o torcedor ao estádio, o ídolo que o vascaíno tanto precisa nesse atual momento e não tem já há um certo tempo. Queremos buscar parceiros para isso, conscientizar a TIM, por exemplo, que ela pode ter um jogador com qualidade vestindo a camisa 41, que ajuda a divulgar o DD da empresa. Também podemos ter um jogador de qualidade com o apoio da Umbro, isso aumenta a venda de camisas, e o lucro da Umbro aumenta. Tendo uma equipe de qualidade, quanto melhores foram os resultados, maior também vai ser o retorno financeiro para os parceiros.

METAS PARA O FUTEBOL NA GESTÃO

Nossa meta no futebol profissional, para resgatar a autoestima do vascaíno, é que ao longo do mandato tenhamos pelo menos um titulo estadual, um nacional e um internacional. Não dá para precisar exatamente quais, mas seria um Carioca, a Copa do Brasil é sempre o caminho mais fácil, mas claro que a conquista do pentacampeonato brasileiro seria fantástica para a gente. E um título internacional, seja a Libertadores ou a Copa Sul-Americana.

PLANOS PARA O MARKETING

Nós entendemos que primeiro precisamos de um nome de ponta para assumir o departamento de marketing, e o nosso nome a ser convidado é Paulo Giovani, que é um publicitário vitorioso e grande vascaíno. Nós entendemos que uma das principais funções do marketing é a captação de receitas, vamos trabalhar de maneira ativa para que essas receitas sejam geradas para o futebol. O preenchimento de todos os flancos da camisa é importante, e atrair sócios também é fundamental para serem contribuintes do clube.

SÓCIO-TORCEDOR

Vamos principalmente abrir o campo e flanco para a participação dos sócios, porque sem a participação dos sócios o Vasco não consegue se recuperar. Vamos fazer uma campanha de associação nacional dando contrapartida aos sócios que aderirem a esse projeto, e vamos lançar uma campanha promocional de estar demonstrando o amor e socorrer nesse difícil momento. Outro ponto é o resgate de sócios inadimplentes, motivá-los a que voltem a contribuir com o clube. Juntando essas três vertentes, a gente espera arrecadar, em um prazo de até 60 dias, de R$ 50 a 60 milhões, que serão usados nesse remanejamento atual econômico financeiro do Vasco.

CATEGORIAS DE BASE

Em relação às categorias de base, você tem que ir onde eles estão, não tem que esperar ele virem até você. Como você consegue isso? Através dos núcleos, que é uma coisa muito mal explorada atualmente no clube. A gente tem arrecadação em torno de R$ 30, 40 mil, enquanto o nosso maior rival aqui no Rio de Janeiro tem uma receita de R$ 700, 800 mil líquida, bruta passa de R$ 1 milhão. Então, nós temos que mudar esse sistema de núcleo, fazer com que eles cheguem à maior quantidade de cidades do Brasil, nós imaginamos que o Vasco possa ter, a médio e longo prazo, mil núcleos. O objetivo é alcançar os mais distantes locais do Brasil para que o talento venha até o Vasco. Isso além de gerar receita posterior com negociação desses jogadores. E temos que ter um CT, um espaço próprio para as divisões de base treinarem e se prepararem para as competições. Além de Itaguaí, temos que buscar outros lugares, principalmente às margens da Avenida Brasil e Ilha do Governador. Existem terrenos públicos que o Vasco pode, mediante uma cessão não onerosa, utilizar e dar retorno com a inclusão social nessas localidades. Também é um projeto nosso voltar a revelar novos Felipes e Pedrinho. O Vasco tem vocação para isso, queremos fazer com que o futsal seja atrelado ao futebol de base, que um talento do futsal possa migrar ao campo.

ESPORTES OLÍMPICOS

O esporte olímpico tem que ser autossustentável. Hoje a gente toma conta da Vasco TV e administramos as redes sociais do clube, que dispararam em termos de acesso. O Facebook do Vasco tinha em torno de 1,5 milhão de pessoas, numero bem aquém da grandeza do Vasco, hoje tem 2,5 milhões, e estamos só há oito meses nesse departamento. Entendemos que os esportes olímpicos têm que ter autossustentabilidade baseada em dois pontos. Primeiro é a visibilidade, porque ninguém investe em nada sem ter um retorno de mídia positivo a seu favor. Outra coisa é que hoje o fornecedor de material esportivo, as peças que fazemos em contratos, acabam sendo sugadas pelo esporte olímpico. Então, qual o problema de se oferecer a cada modalidade a possibilidade de ter seu fornecedor exclusivo? E isso também vale para o patrocinador. Como exemplo, por que o futebol feminino, o basquete, o vôlei precisam usar o patrocínio da Caixa se ela não destina nenhum dinheiro a esses esportes? Temos que buscar parceiros pontuais para investir nessas questões. A parte de escolinhas também é importante, queremos que cada esporte tenha uma espécie de uma pessoas já consagrada para clinicar. Essa pessoa teria um valor fixo e um variável de acordo com o crescimento das escolinhas. Isso vai fazer com que temos escolinhas cada vez mais bem frequentadas e aumento das receitas também. Então, com a junção da receita oriunda da divulgação, da visibilidade e da escolinha, cremos que seja suficiente para a autossustentabilidade de todos os esportes olímpicos, sem precisar mais de haver um sugamento das verbas do futebol profissional, que devem ser independentes.

MODERNIZAÇÃO DE SÃO JANUÁRIO E SEDES

O CT de Vargem Grande é um espaço que o Vasco ganhou da Prefeitura, mas até hoje está lá o terreno sem nenhuma construção. Nossa ideia é construir lá o CT dos profissionais, buscando o apoio através das leis de incentivo ao esporte somado à inciativa privada, e você pode direcionar algumas placas publicitárias, por exemplo. O CT de base a gente tem em Itaguaí, então podemos usar em 2015, isso é uma prioridade a ser buscada a médio prazo, não é tão emergencial. A sede do Calabouço, pela proximidade do aeroporto Santo Dumont, é o nosso xodó. Entendemos que podemos fazer uma parceira com outros clubes da região e ter receitas benéficas a todos. Vamos criar um espaço de business offices, uma cessão de espaços a empresários vascaínos que possam se reunir lá, gerando receitas para o clube. A sede da Lagoa também precisa ter vendas de material, com boutiques, e essas sedes precisam ter autossustentabilidade através dessas arrecadações. Sobre São Januário, temos que melhorar a questão de limpeza e conservação, e discutir outro ponto com os poderes do clube, a torcida e os sócios. Saber se é melhor meramente fazer o fechamento da ferradura (de arquibancadas), preservando a capela. Ou demolir as marquises, preservando o que é tombado pelo patrimônio histórico cultural, e fazer uma arena parecida com o Independência, ou seja, em sentido vertical. São esses dois projetos que temos em mente, e o clube no momento oportuno vai decidir qual prefere abraçar. Então, ampliação de São Januário está dentro dos planos.

RELAÇÃO COM AS TORCIDAS ORGANIZADAS

Nós consideramos que a torcida organizada é um patrimônio do clube. A gente sabe que hoje se volta muito para a questão da violência, para as páginas policiais, e isso é o que vamos buscar tirar aqui do Vasco. Já tivemos esse incidente ano passado lá em Joinville, que nossa torcida era minoria e foi considerada culpada por se defender. Nosso objetivo é fazer com que as torcidas organizadas continuem dando seu show. Nós vamos de uma certa forma subsidiar, ajudar, não com dinheiro do clube, mas através de empresas, parceiros ligados a algum segmento do Vasco. Queremos que as festas de papel picado, de balões continuem. Vai ter uma ajuda nossa, mas com o compromisso de paz, de ausência de conflito. Vamos motivar para que o vascaíno se associe à torcida, mas também se associe ao Vasco. A junção dessas duas associações vai ser boa. O fato de a pessoa ser sócia de uma determinada torcida organizada vai gerar desconto na mensalidade como sócio do Vasco, e também vai gerar a possibilidade de comprar ingressos em condições mais facilitadas. Não vai ser doação, mas vamos dar o benefício para comprar ingresso mais barato e estar no clube participando com festa. Mas, claro, frisando bem, tudo isso om compromissos previamente formalizados de quem não se envolva em nenhuma confusão nos estádios, isso é importante. Não é um subsídio de maneira aleatória.

OPINIÃO SOBRE O BOM SENSO FC

Eu acho importante, mas acho que o Bom Senso deveria ter uma certa amplitude nessas discussões, incluindo pessoas de outros segmentos, não só jogadores de futebol. Acho que deveria ter uma junção de jornalistas, jogadores, dirigentes, para que juntos em um fórum, em um debatem pudessem chegar a conclusões ter conversas com as federações, com a CBF e com a televisão, que muitas vezes imprime uma sequência de horários que é muito prejudicial a jogadores, clubes e torcedores. Inclusive, acho que a presença de uma comissão de torcedores seria fundamental, porque o torcedor é o cliente do futebol. Então, nós entendemos que essa discussão tem que ser ampliada, é fundamental que todas as vertentes incluídas no futebol tenham a oportunidade de opinar e praticar, e não só os jogadores.

CONFUSÕES NA ELEIÇÃO DO VASCO

O prejuízo para o Vasco é total, quanto mais você briga internamente mais você enfraquece. Biblicamente inclusive: reino dividido não prevalece. Em relação ao que chamam de "mensalão", eu discordo do termo, porque mensalão é quando você receber para votar em alguém, e não é o caso. Houve uma junção de pessoas para fazer com que outras se tornassem sócias e supostamente estivessem simpáticas a elas. A nossa briga nunca foi desqualificar e tirar o direito dessas pessoas, mas sim comprovar que eles têm o desejo de se associar. Isso aconteceu mediante o recadastramento. Em relação às confusões, isso é normal quando se busca o poder, as pessoas acabam perdendo a cabeça, perdendo a linha. Só tenho a dizer que, independentemente de quem ganhe as eleições, seja nós ou alguma outra chapa, que possa escolher os melhores para ocupar as funções no Vasco, que se abandone as vaidades e eventuais interesses pessoas, e que os interesses da instituição estejam em primeiro lugar.

Fonte: ESPN.com.br