Com 318 jogos, ninguém vestiu mais a camisa da seleção brasileira de beach soccer do que Júnior Negão. Aposentado, o carioca assumiu o cargo de técnico do time há quase dois anos. Porém, essa segunda experiência com a Amarelinha não teve um final feliz.
Dispensado no final de outubro, a quatro dias da viagem para Dubai, para a disputa da Copa Intercontinental, Negão diz que a Koch Tavares — empresa responsável pelo desenvolvimento do esporte no país há 20 anos — tentou interferir na sua lista de convocações.
— Entreguei a lista de convocados, mas a empresa queria que eu tirasse quatro jogadores. Nunca faria isso, e fui dispensado. Mudar técnico é algo normal, mas não dessa forma, na véspera de um torneio. Foi uma covardia — disse o treinador.
Segundo Negão, os nomes do experiente Jorginho e de Cesinha, Bueno e Digo (filho do ex-jogador Júnior) foram rejeitados pela empresa. Esse não foi o primeiro problema que o técnico enfrentou no comando da seleção: no ano passado, ele foi demitido pela Confederação Brasileira de Beach Soccer (CBBS) — mas foi mantido pela CBF.
— Acho que eles (Koch) já tinham a intenção de me tirar do comando e criaram essa situação. Fui contratado num momento em que a seleção passava por problemas e arrumei a “casa”. Agora, interromperam um trabalho que tinha tudo para ser vitorioso — analisou.
Fora da seleção, Negão segue no comando do Vasco, que disputa o Circuito Nacional. Conhecendo o esporte, ele diz que o beach soccer sofre com a falta de investimentos, o que faz com que outros países, como Rússia e Irã, tenham deixado o Brasil para trás.
— O esporte não se tornou profissional no país. Infelizmente, afirmo que a Rússia é melhor do que o Brasil atualmente. Lá, há uma liga nacional forte e os jogadores recebem salários e uma estrutura para trabalhar.
A Koch Tavares, através da sua assessoria de imprensa, informou que nunca interferiu em convocação e que isso é de de responsabilidade do técnico que estiver no cargo. Sobre a mudança no comando da seleção, a empresa diz que foi uma decisão tomada pelo departamento do esporte da CBF. Em relação às criticas sobre o o desenvolvimento do beach soccer no país, a Koch disse que isso faz parte do trabalho das federações.
A CBF não quis comentar o caso, informando apenas que os assuntos relacionados ao beach soccer devem ser tratados com a Koch. A reportagem entrou em contato com a CBBS, mas não obteve respostas.
Antigo técnico assume o cargo
Com a dispensa de Júnior Negão, outro velho conhecido da seleção brasileira de beach soccer foi anunciado como novo comandante do Brasil. Técnico entre 2005 e 2011, Alexandre Soares reassumiu o cargo.
O treinador já assumiu com a responsabilidade de comandar a equipe na Copa Intercontinental, em Dubai — e não convocou os quatro jogadores que, segundo Júnior Negão, haviam sido contestados pela Koch Tavares.
A competição serve de preparação para a Copa do Mundo da modalidade, marcada para julho de 2015, no Porto, em Portugal. Na sua primeira passagem pela seleção, Soares foi tetracampeão da Copa do Mundo (entre 2006 e 2009).
Fonte: Extra Online
Nota da NETVASCO: São atletas do Vasco dois (Jorginho e Cesinha) dos quatro jogadores que, segundo Júnior Negão, foram vetados na Seleção Brasileira.