Dando prosseguimento à série de entrevistas exclusivas com os principais candidatos à presidência do Vasco no pleito do dia 11 de novembro (próxima terça-feira), o Blog CRVG – Em Todos os Esportes conversou com Julio Brant, da chapa “Sempre Vasco”, que nos recebeu durante a última convenção de sua campanha, realizada no Tijuca Tênis Clube (zona norte do Rio de Janeiro).
O candidato explica que sua visão sobre os esportes olímpicos e amadores consiste em atrelá-los ao modelo de gestão profissional que concebe para o Vasco, com independência entre os esportes, que devem ter autossufiência e não depender do orçamento central do clube. Ele aponta um momento “diferente” atualmente para um clube que pretende investir em esportes olímpicos. Ele coloca que vão ser conduzidos de acordo com o que o “mercado permite”.
- Não podemos esquecer de que o Vasco começou não como futebol, mas como remo. Isto já dá um sinal claro de que o Vasco sempre foi um clube eclético do ponto de vista esportivo. E isto tem que continuar, claro. Mas não podemos esquecer de que a perspectiva histórica é outra. Vivemos outro momento em modo geral. Não só econômico, como de negócio e de modelo de esporte no mundo todo. Nossa ideia é ter o Vasco da Gama forte corporativamente, com unidades de negócio em cada um dos esportes, para que se possa medir claramente o resultado e o que aquele esporte precisa em termos de recursos e para você apoiar em termos de tecnologia empresarial e marketing de vendas, com vistas a dar sustentabilidade a esse esporte, que vai viver dentro de suas condições de mercado, o que o mercado permite, e não com aporte que é tirado de outro esporte. A ideia é dar independência a cada esporte, e dar tecnologia e conhecimento para que ele tenha condições de viver por conta própria. Nossa ideia é ter um modelo de negócio para cada esporte, tendo como premissa os custos deste esporte e as possíveis receitas que ele gere. Isso tem que ficar muito claro. Se um esporte tem uma atratividade muito grande para o mercado e os custos e salários destes jogadores são altos, você tem que montar um modelo de negócio para este esporte; se um esporte tem baixa atratividade e, em consequência disso, tem um menor custo de operação, você tem que montar um negócio para que ele sobreviva dentro desta realidade. Nisto que o conceito de unidade de negócio para cada esporte é fundamental. Com base nisso, a ideia é ter técnicos em cada esporte, trabalhando nessa unidade de negócio, e no Vasco da Gama corporativo ter pessoas que vão dar suporte comercial de marketing publicitário, pessoas que conhecem esse mercado e principalmente pessoas que conhecem leis de incentivo, para poder preparar projetos que tenham base na lei de incentivo e sejam atrativos para o mercado publicitário de marketing.
Ele coloca que os esportes para além do futebol dependem, em primeiro lugar, de que o esporte principal do clube volte a estar em uma boa situação. Por outro lado, Julio também informa que em sua visão não há nenhuma visão específica para algum esporte, como o remo ou o basquete, mas que estudo está atrelado ao “modelo de gestão profissional” e ao “conceito de unidades de negócio para cada esporte”:
- A primeira medida é organizar as finanças do Vasco. Sem isso, não adianta vender sonho. Não tem nada específico para nada. Em primeiro lugar, é rearrumar o futebol, que é nosso carro-chefe. O futebol precisa estar no lugar, e isto faz o Vasco ter boas visibilidade, expressão e expressão. E isto, consequentemente, vai se refletir nos outros esportes também. Temos um modelo de gestão para implementar no Vasco. No momento em que o modelo de gestão é criado e se cria um projeto atrativo para o mercado, você começa a ter resultado.
Indagado sobre os principais erros que a gestão Roberto Dinamite cometeu nos seis anos em que esteve à frente do esportes olímpicos do clube, o candidato também imbricou isto ao principal equívoco, que consistiria no modelo de gestão:
- É difícil falar em principal erro, mas houve um erro na gestão de um modo geral, na condução do Vasco da Gama. Quando falta planejamento estratégico, quando falta visão e direcionamento, não importa qual seja o lugar: você tem um fracasso em todos os frentes. Então é difícil apontar alguma coisa. Eu acho que faltou na gestão Roberto Dinamite uma liderança que pudesse mostrar para o Vasco um caminho claro dentro das condições que tem hoje, para poder trabalhar dentro deste direcionamento. Sem isto, a equipe fica sem para saber para onde ir, e isso afeta todos os outros esportes. Você pode ver que o resultado em todos os esportes não foi bom, não foi só no futebol.
Perguntado sobre a recuperação do ginásio poliesportivo principal de São Januário e do Estádio Aquático, ele se referiu apenas à segunda instalação. Sobre ela, declarou que no projeto de reforma de São Januário de sua chapa o Parque Aquático está incluído. No projeto apresentado durante a convenção, o ginásio principal não consta, dando lugar a uma “praça”.
- Nossa ideia é retomar o projeto de recuperação do Parque Aquático. O momento de recuperação é urgente, não queremos demolir ou acabar com ele. Há caminhos, principalmente por leis de incentivo, para conseguirmos fazer isto. E isto estará dentro do contexto de recuperação de São Januário como um todo. Temos um projeto de um novo estádio para São Januário, e certamente este projeto alavancará o Parque Aquático.
Perguntado se há algo específico para o basquete, esporte no qual o Vasco é multicampeão e atualmente o maior rival apresenta hegemonia, ele afirmou que “não tem nada específico para nada”. Sobre o remo, ainda que imbuído desta premissa, ele falou sobre a existência de alguns projetos para o esporte fundador do clube, que encontra-se em estado calamitoso, com pagamentos dos atletas com oito meses de atraso, flotilha predominantemente da década de 1990, ausência de títulos importantes há muito tempo, terceiro lugar no Estadual, sétimo no Campeonato Brasileiro etc.
- Tudo está no contexto da reorganização das finanças do clube. Isto é uma premissa, e o remo faz parte do clube. Temos projetos que estão sendo preparados pela nossa equipe de gestão, como um restaurante e um centro de convenções na cobertura do Estádio de Remo, que já tem condições de ser aprovado pela Prefeitura, já houve uma conversa neste sentido. É o objetivo é de que 100% das receitas destes projetos sejam direcionados ao remo. O que vamos fazer de imediato é reorganizar as finanças e tentar colocar em ordem os salários imediatamente. E há coisas criativas que nós vimos pensando com a equipe de remo, como a parceria com países que farão aclimatação de seus atletas para as Olimpíadas de 2016, como com a Nova Zelândia. Temos que ter gente preparada, e daí a importância da profissionalização. Temos que ter gente que fale inglês, que conheça o mundo, que conheça o esporte fora do Brasil, para poder conversar com o parceiro, chamá-lo. Tem que ter criatividade, com profissionalismo, para suprir algumas deficiências imediatas que temos.
O candidato também falou o sobre o futsal, tanto como formador de atletas para o campo quanto como um esporte importante em si mesmo:
- Apesar de não ser um bom jogador, já joguei futsal no Vasco. O futsal, principalmente, serve como um grande celeiro de craques para o Vasco, além de ser sinérgico com o esporte principal, que é o futebol. Então você consegue trazer boa parte do público que gosta de futebol para assistir a futsal, futebol de areia. Temos que aproveitar essa massa de torcedores para fazer estes esportes voltem a ter o sucesso que sempre tiveram e possam gerar recursos para o Vasco. Quando falamos de futebol, é o futebol profissional, mas também uma cadeia ligada com o futebol, que certamente envolve o futebol e o futebol de areia.
Para finalizar, Julio, ao ser perguntado sobre, fez duras críticas ao projeto olímpico, que culminou com presença massiva do Vasco em eventos esportes esportivos como Pan-Americano de Winnipeg-1999 e, sobretudo, as Olimpíadas de Sydney-2000. Além disto, ele apresentou uma mensagem final ao vascaíno que defende a essência poliesportiva do clube:
- Influência péssima. Projeto sem sustentação nenhuma, que só fez gerar endividamento para o clube, infelizmente. Gerou uma imagem positiva em um momento específico, e depois matou e gerou uma dívida enorme que faz com que estejamos sofrendo até hoje. Vascaíno, não caia em sonho. Só se faz projeto consistente, sustentável, de longo prazo e com resultados sólidos com profissionalismo e com visão de negócio. Fora isso, não tem outro caminho, é sonho. O que nós estamos propondo é um modelo de gestão profissional, que é o que se aplica em todos os principais clubes do mundo, sejam eles de futebol ou não, com grande apoio e sinérgico ao mercado publicitário e grande apelo público. Temos que fortalecer a marca Vasco, fortalecer a gestão do Vasco, fazendo o Vasco ter nova visibilidade positiva. Consequentemente, os outros esportes vão ser alavancados com isso. Não existe sonho, existe trabalho.
Amanhã, domingo (09/11), apresentaremos a última entrevista exclusiva da série, com o candidato Roberto Monteiro, da chapa “Identidade Vasco”. Esperamos estar ajudando o vascaíno que preza pela essência poliesportiva do clube a, a partir das entrevistas, escolher o seu voto no importantíssimo pleito que se aproxima.
Fonte: Blog CRVG Em Todos os Esportes