No dia 12 de agosto, véspera da reunião do Conselho que vetaria a manutenção dos poderes no clube após término de mandatos, o presidente Roberto Dinamite anunciou o recadastramento de sócios e a auditoria da base de associados do Vasco. A intenção era eliminar suspeitas de irregularidades e limpar o quadro de associados de falhas no antigo sistema. A fase prioritária do recadastramento - para as eleições de 11 de novembro - terminou na última semana com a divulgação de duas listas de votantes - uma com recadastrados e outras de pessoas que não se recadastraram -, mas ainda sem definição sobre o direito a voto. A auditoria, porém, terminou engavetada, após reuniões, definição de trabalho e proposta enviada pela empresa ao clube.
Após desistência da multinacional de investigação Kroll, o serviço seria contratado a empresa de auditoria PremiumBravo. O clube pediu uma proposta que terminou sendo entregue no dia 10 de setembro. No escopo do trabalho, estava definida uma minuciosa análise de todo banco de dados, com levantamento completo das inconstências na lista de elegíveis e eleitores para verificar repetições de nomes, CPFs, endereços ou até ausência de endereços, entre outras coisas. A auditoria verificaria também pagamentos em aberto, com verificação das últimas 13 mensalidades para os sócios que têm direito a voto.
Pelo trabalho, a auditoria cobraria do Vasco cerca de R$ 30 mil. Porém, o assunto terminou esquecido. O presidente Roberto Dinamite, o vice-presidente jurídico do Vasco, Roberto Duque Estrada, responsável pelo recadastramento, não foram encontrados para comentar o assunto. A assessoria de imprensa da presidência do clube também não retornou os contatos. A auditoria foi cancelada porque o presidente Roberto Dinamite e o vice-presidente geral do Vasco, Antônio Peralta, consideraram desnecessária a realização da auditoria em conjunto com o recastramento.
Antes da proposta chegar, no entanto, Peralta, em entrevista ao GloboEsporte.com, dizia que a Microtag seria a responsável pelo desenvolvimento da ferramenta para o recadastramento e que outra empresa faria a auditoria para verificar “se o sistema é seguro ou não, se tem algo a melhorar.” Fora do país à época do anúncio de recadastramento, o vice-presidente do Vasco considera que houve confusão entre a proposta de recadastramento e de auditoria, que não seria realmente necessária.
- O que foi feito é recadastramento, que está no estatuto e que foi um sucesso. Outra auditoria está sendo feita é internamente nas contas do clube, do balanço de 2013, que já vai ficar pronto e mostra um aumento substancial de entrada de recursos no clube graças a esses sócios do ano passado. Falei com o Roberto na época que eles fizeram confusão, a auditoria foi o recadastramento que foi feito, uma outra auditoria só se o Roberto fizesse por ato administrativo - explica Peralta.
O dirigente vascaíno lembra que a parte da auditoria nas contas que mostra o aumento da renda com a entrada de sócios foi entregue ao Ministério Público. O órgão abriu inquérito para investigar as denúncias de pagamentos de mensalidades com fins eleitorais.
- Isso foi encaminhado para o Ministério Público e eles se deram por satisfeito - afirma Peralta.
Nova reunião nesta quinta
Nesta tarde está prevista uma reunião do presidente Roberto Dinamite com o departamento jurídico para tratar do recadastramento. O presidente do Conselho Deliberativo, Abílio Borges, deve definir até esta sexta-feira se as pessoas que não se recadastraram vão ter direito a voto ou não. A secretaria do clube entregou duas listas diferentes para as chapas que concorrem a eleição. Uma com 5.883 nomes que fizeram o recadastramento e estão dentro do ponto de corte para a eleição de 2014 - estabelecido para o fim de maio do ano passado -, outra com 7.532 associados que não atualizaram seus cadastros.
Na soma das duas listagens, o número de votantes chegaria a 13.415, o que seria acima dos 13.293 nomes entregues à Justiça em ação movida pela chapa “Vira Vasco”, de Nelson Rocha, que aderiu recentemente à campanha de Julio Brant. Naquela lista, porém, havia mais 245 nomes com admissão após o ponto de corte - dia 25 de maio de 2013. A diferença total pode ser então de 367 nomes e deve ser motivo de novas ações judiciais para estas eleições.
Em casos semelhantes, as eleições de 2006 e 2011 também enfrentaram longos processos na Justiça. Em 2006, o pleito vencido por Eurico Miranda contra Roberto Dinamite, foi anulado pelo motivo principal de que havia nomes a mais na lista de votantes em comparação ao que havia sido entregue ao poder judiciário. Cancelada em batalha que chegou até o Superior Tribunal de Justiça, uma nova eleição foi realizada em junho de 2008, sem Eurico como candidato. Dinamite venceria Amadeu Pinto da Rocha, falecido ano passado, com 827 votos contra 45, em votação com pequena participação dos associados vascaínos.
Na reeleição de Dinamite, as chapas concorrentes também pediram na Justiça transparência para a entrada de associados e questionaram o programa "O Vasco é meu". Houve audiência no fim do ano passado com o então presidente da Assembleia Geral Olavo Monteiro de Carvalho que poderia anular o pleito. Porém, no início desse ano o pedido foi considerado improcedente e a eleição não foi anulada.
Fonte: GloboEsporte.com