Os auxiliares de linha de fundo ainda sequer saíram de cena e já viraram motivo de divergência na Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (Ferj), a primeira no país a adotar a experiência com os árbitros adicionais. As declarações na última quinta-feira do presidente da Comissão de Arbitragem carioca, Jorge Rabello, criticando a decisão da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), não repercutiram bem na entidade.
Contrariado com a situação, o presidente da Ferj, Rubens Lopes, esclareceu que as opiniões de Rabello são pessoais e não representam o posicionamento oficial da entidade. Apesar de Sérgio Corrêa, mandatário da Comissão Nacional de Arbitragem da CBF, ter deixado as federações livres para para usarem os auxiliares de linha de fundo nos estaduais, o Campeonato Carioca também deve aboli-los a partir do ano que vem.
- Ele emitiu uma opinião pessoal e deve ter seus argumentos. Mas essa não é a posição oficial da Ferj. A Ferj, assim como as demais federações, vai seguir as diretrizes da CBF. A não ser que nós tenhamos um convencimento técnico, se o custo benefício for importante, podemos até rever essa posição. Mas a partir do momento em que a CBF abolir, que sentido faria continuar se não temos uma progressão? A ideia é que se forme conceitos. Por isso, em princípio, vamos seguir a mesma linha da CBF e da federação paulista sobre a utilização dos árbitros auxiliares - explicou.
Rabello, outra discussão irritou Rubens Lopes. Segundo a CBF, o veto aos árbitros adicionais é devido ao custo-benefício dos últimos três anos não ter atendido às expectativas. Mas o presidente da Comissão de Arbitragem do Rio de Janeiro chegou a dizer que o principal motivo, na verdade, foi financeiro e considerou a conta de R$ 500 mil por ano com os auxiliares barata em relação às premiações oferecidas aos clubes no Campeonato Brasileiro.
- Critérios administrativos de entidade não se pode discutir abertamente. Ele foi infeliz ao tecer críticas à CBF de como empregar seus recursos. A CBF faz como achar conveniente. Contesto essas declarações e vou conversar com ele na segunda-feira para que isso não se repita. O dia em que a federação do Rio tiver que fazer críticas à CBF, será feita pelo presidente da federação, e não por um subordinado - afirmou Rubens Lopes.
O Campeonato Carioca começou usando o árbitro adicional em 2008. Entre 2009 e 2010, a Uefa também fez a experiência, mas em torneios de seleções de base. Em 2012, a CBF decidiu adotá-los em competições nacionais. Atualmente, eles estão presentes em torneios europeus, como ligas nacionais, a Liga dos Campeões e as eliminatórias para a Eurocopa.
Portas abertas para tecnologia no Carioca de 2015
Se os auxiliares de linha de fundo estão com os dias contados, o Carioca do ano que vem pode adotar uma novidade para substituir os árbitros adicionais com mais eficiência: a tecnologia da linha do gol (GLT), utilizada na Copa do Mundo deste ano pela primeira vez. A Fifa deixou o recurso como legado do Mundial para o Brasil e ainda ofereceu bancar os custos por um ano, mas a CBF escolheu não adotá-lo, já que só 12 estádios possuem o sistema no país. A Ferj, por sua vez, evitar desigualdades ao longo do campeonato, mostrou-se favorável ao artifício apenas para a decisão. O estadual desse ano, por exemplo, foi vencido pelo Flamengo com um gol em posição irregular nos acréscimos.
- Sou francamente a favor da tecnologia, que deve ser usada em prol do acerto. Só que é preciso fazer em todas as partidas, senão criaria comparações desiguais. O ideal é que isso pudesse ser feito em todas, como não é, acho difícil fazer no estadual. Mas em casos como uma final, de um ou dois jogos, onde não se está comparando com nada, se houver meios talvez possamos admitir isso e viabilizar - admitiu Rubens Lopes.
A tecnologia da linha do gol funciona com 14 câmeras de alta resolução, sete em cada gol, que juntas fazem um monitoramento em três dimensões da área das traves. Sempre que a bola cruza a linha, as câmeras identificam, e um aviso é transmitido aos relógios usados pelos árbitros do jogo quase instantaneamente. O custo de operação por jogo é de US$ 3,9 mil (R$ 9,3 mil) - e de US$ 260 mil (R$ 622,7 mil) para instalação em outro estádio. Questionado sobre quem arcaria com o valor, o presidente da Ferj explicou que dependeria de um consenso entre os clubes e que o assunto deve entrar em pauta nas próximas reuniões.
- Depende do montante disso aí. Temos que conversar com os clubes para ver se há viabilidade econômica. Possivelmente será debatido num arbitral, ou não necessariamente. Tem que ser em consenso, não por imposição da maioria. Vai pela política do entendimento e possibilidade.
Fonte: GloboEsporte.com