O tiro com arco está tendo a sua primeira experiência olímpica na cidade. Apesar de não ser um evento-teste, o Campeonato Brasileiro que acontece até sábado pela primeira vez na Marquês da Sapucaí, no mesmo local onde ocorrerão as provas da modalidade nas Olimpíadas do Rio, em 2016. É uma oportunidade para os cariocas conhecerem mais sobre o esporte e ver de perto Marcus Vinicius D’Almeida, que apesar de ter apenas 16 anos já fez história pelo Brasil.
— Geralmente, nossas competições acontecem em centros de treinamentos, em áreas isoladas. Competir no sambódromo, no coração do Rio, será legal para promover o esporte. É impossível entrar aqui e não sonhar com 2016 — disse D’almeida, falando da adaptação. — Vai ser bom para ver como funciona o vento, a arquibancada...
Apesar de ser um esporte de extrema concentração, o tiro com arco não exige silêncio no momento do tiro. Diferentemente do tênis, por exemplo, que a torcida não pode fazer barulho no saque, o próprio arqueiro é que precisa encontrar sua concentração independentemente dos sons das arquibancadas.
Mesmo com a pouca idade, D’almeida teve um 2014 espetacular: foi medalha de prata nos Jogos Olímpicos da Juventude, em Nanjing; e vice-campeão mundial, algo inédito para um arqueiro brasileiro. Seus resultados impressionam e fazem dele um sério candidato ao pódio em 2016.
— O Marcus é um fenômeno — afirma o italiano Eros Fauni, que é o coordenador técnico da Confederação Brasileira de Tiro com Arco. — Suas chances de medalhar em 2016 são enormes. Ele foi vice-campeão mundial agora. Para isso, o arqueiro precisa ir bem em quatro etapas e classificar-se para a fase final. É um torneio mais difícil do que o das Olimpíadas. Potencial para ser medalhista olímpico ele tem.
Aos 16 anos de idade e há quatro no esporte, D’almeida está lendo uma biografia do Gustavo Kuerten.
— Não vi o Guga jogar no auge. Nasci em 1998. Mas sei que ele assombrou o mundo com apenas 20 anos. E uso isso como motivação — diz D’almeida, que precisa encontrar referencias em outras modalidades já que o Brasil não tem tanta tradição no tiro com arco.
GOSTO DE COMPETIR
Para chegar ao pódio olímpico em 2016 e assombrar o mundo ainda na adolescência, D’almeida largou os amigos e a família em Maricá para morar e treinar com a seleção brasileira em Campinas (SP) há dois anos. Os resultados positivos dessa mudança começaram a aparecer com mais clareza com sua excelente temporada nesse ano.
Nascido no Rio, torcedor do Vasco e morador do Recreio até os seis anos, D’almeida mudou-se para Maricá junto com a família atrás de uma vida mais tranquila. Ele conheceu o esporte através do centro de treinamento de Maricá. Após tentar jiu-jitsu e natação, o carioca encantou-se pelo volume de competições do tiro com arco.
— O que eu gosto mesmo é de competir. No tiro com arco, temos competição a cada 15 dias. Todo fim de semana tem ranqueamento estadual ou nacional. Isso que me fez ficar no esporte — conta.
Fonte: O Globo Online